“Ao governo dos Estados Unidos resta-lhe aceitar o erro de apoiar com milhões de dólares e assessores militares o governo narco-paramilitar de Álvaro Uribe. As FARC continuam a sua batalha diária por uma Nova Colômbia de paz com justiça social, democrática e soberana”
ANNCOL* - 22.12.06
Anncol: Comandante, que significado tem para as FARC a Justiça norte-americana não ter podido condenar Simón Trinidad?
Comandante Raul Reyes: Significa que os governos de Bush e Uribe, empenhados em condenar Simón Trinidad e as FARC apresentaram, sem qualquer resultado absurdas montagens, calúnias e mentiras. Ignoraram deliberadamente que as acusações contra Simón são inconsistentes, falsas e injustas e que as FARC são uma organização do povo, dotada de uma concepção revolucionária, em luta pela segunda independência. Obteve-se uma grande vitória nos tribunais do império. Esta vitória é património do povo colombiano e dos que prestam a sua solidariedade às FARC, dos que se atrevem a sonhar em viver num mundo sem explorados nem explorados.
Anncol: E agora, como será?
Comandante Raul Reyes: Simón TrInidad será dentro de pouco tempo repatriado para a Colômbia e depois libertado. Ao governo dos Estados Unidos resta-lhe aceitar o erro de apoiar com milhões de dólares e assessores militares o governo narco-paramilitar de Álvaro Uribe. As FARC continuam a sua batalha diária por uma Nova Colômbia de paz com justiça social, democrática e soberana.
Anncol: As FARC capturaram três espias norte-americanos quando o avião que tripulavam foi derrubado por unidades do Bloco Sul, pode supor-se que também vão ser julgados por espionagem? Como seria esse julgamento?
Comandante Raul Reyes: As FARC incluíram os três agentes estadunidenses na lista de prisioneiros que serão libertados na troca com guerrilheiras e guerrilheiros, também prisioneiros de guerra, em poder do regime em que estão Simón e Sónia.
Anncol: Comandante Raul, o intercâmbio de prisioneiros de guerra está parado, congelam o assunto ou vão continuara insistir com o governo de Uribe Velez?
Comandante Raul Reyes: As FARC insistirão na troca de prisioneiros até que este governo ou o que lhe suceder entendam que enquanto existir conflito político, social e armado na Colômbia é necessário solucionar os problemas dele derivados com medidas transitórias. É injusto e desumano o governo condenar quem o serve a viver confinado na selva, por real ausência de vontade política de saídas dialogadas.
Anncol: Têm as FARC capacidade para manter por mais 4 ou 5 anos mais de 5 dezenas de detidos em seu poder?
Comandante Raul Reyes: As FARC desejam, antes de mais, a assinatura da troca que possibilite a libertação imediata dos prisioneiros de guerra de ambas as partes. Ma se o governo se recusa a viabilizar a libertação destas pessoas, não resta outro caminho que esperar pelo primado da sensatez sobre a arrogância e a soberba dos governantes.
Anncol: O que ainda falta para que o intercâmbio seja uma realidade?
Comandante Raul Reyes: O Intercâmbio de Prisioneiros é feito por um governo interessado na sua libertação. São precisas as garantias tantas vezes pedidas pelas FARC. É preciso um governo que pense na dor dos outros, consciente da gravidade do conflito que ele alimenta com a guerra e as iniquidades sociais, económicas e políticas, geradoras do confronto com a guerrilha e a população inerme.
* Anncol : Agência Nacional de Notícias da Colômbia
Tradução de José Paulo Gascão
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