sexta-feira, 24 de abril de 2009

Carta Aberta ao presidente Fernando Lugo




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Comentário de Runildo Pinto

O arquétipo que a direita proclama, dado a sua imagem e semalhança, nada mais é do que fazer da vida uma mentira. A hipocrisia, sempre foi a mascara que as elites criaram para manter-se no cabedal de seus interesses. A acumulação de capital, depende de capacidade de manter o povo na ignorância e numa formação à idade adulta como seres primitivos. O moralismo conservador da burguesia reserva a si direito a impunidade e ao povo e seus defensores o calvário, o sacrifício pelo bem da sociedade. Aos "homens de bem", esses endinheirados e seus asseclas, o perdão, vítimas da fatalidade.

A igreja, por sua vez, criou o celibatário e contra a natureza humanitária usurpou do
homem a sua condição de alteridade e de amor, porque a propriedade da igreja deve-se guarda, não importando o sacrificio e a desumanidade imposta.

O Presidente Lugo, encarna o homem engajado, luta pelo seu povo, homem que erra e que sente o amor pela igreja e pelos seres humanos, que se expõe sem o medo da existência e assume suas ações. O homem público que não nega seus atos. Lembro-me dos políticos no BRasil, que negam o fato mais evidente e negam até a morte, numa corvardia individualmente consciente.

Abaixo, postamos o artigo solidário de Dom Tomás Balduino. Boa Leitura!

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Escrito por Dom Tomás Balduíno
24-Abr-2009

Caro Amigo Presidente Fernando Lugo,

Acompanhei as notícias que levaram ao conhecimento público o seu relacionamento com uma mulher e o nascimento de um filho. A mídia brasileira repercutiu seguidamente o fato, fazendo coro, de bom grado, com os membros paraguaios do Partido Colorado, destacando-se o congressista Víctor Bogado, que se arvorou em seu juiz e o apedrejou. Chegou até mim também uma parte da comunicação da Conferência Episcopal do Paraguai pedindo "perdão pelos pecados da Igreja" católica, numa implícita referência a você.

Não posso deixar de me manifestar neste seu caso. Sou impelido a isso pela nossa velha amizade, desde os bons tempos de sua participação nos encontros em São Paulo, no grupo ecumênico e latino americano de bispos. Sou impelido sobretudo pelo que eu conheço da sua trajetória, pelo que eu venho acompanhando e refletindo sobre o grande significado de sua providencial subida à Presidência da República do Paraguai, carregado pelo povo pobre do seu País, tornando esta Nação uma das auspiciosas referências do processo de libertação do nosso Continente.

E minha manifestação, depois ter ponderado com alguns irmãos e irmãs, é em primeiro lugar para dar-lhe os parabéns, fazendo eco à declaração do meu amigo e bispo Mons. Mário Melano Medina, seu compatriota, pelo seu ato de "valentia e sinceridade" ao reconhecer a criança. Uno-me também ao bispo metodista emérito Federico Pagura ao expressar-lhe, também em carta aberta, sua solidariedade: "ante tu decisión de hacer públicas tus relaciones com tu compañera, y tu compromisso de assumir plenamente tu responsabilidad de padre". Continue assim, caro Irmão, coerente com a inspiração evangélica, ao testemunhar, com clarividência e humanidade, o inestimável valor do relacionamento entre o homem e a mulher.

Os bispos paraguaios fizeram um ato público de pedido de perdão. É salutar que a Igreja o faça sempre. É, aliás, o que a liturgia nos propõe todas as vezes que celebramos a Eucaristia. É verdade que não vi o texto completo desta declaração dos bispos, mas pelo discurso que ouvi do Sr. Arcebispo de Assunção no Te Deum de sua posse como Presidente do Paraguai, receio que este pedido de perdão não se refira às omissões da Igreja com relação aos poderosos da política e ao sofrimento do povo durante os anos de tirania do governo paraguaio.

O risco de uma declaração apressada e ingênua da Igreja é de esta declaração se somar com a onda da mídia e com o bloco de forças da elite de oposição que ficam sempre à espreita de qualquer chance de desestabilização do seu governo, mesmo sob a capa do moralismo mais hipócrita.

Dou-lhe também os parabéns sobretudo porque o vejo disposto a continuar sua caminhada de luta com seu povo e a enfrentar as dificuldades atuais do seu governo, inclusive esta última. Por tudo isso, caro Amigo, receba a minha plena solidariedade.

O Senhor Jesus, que apareceu aos discípulos ressuscitado e chagado, esteja ao seu lado, o acompanhe, o ilumine, o faça sempre forte e corajoso diante destas e de outras dificuldades que certamente advirão na sua caminhada a serviço do seu admirável Povo.

Abraço-o com fraterna amizade.

Goiânia, 18 de abril de 2009

Dom Tomás Balduino

Bispo emérito de Goiás

Dom Tomás Balduino, Bispo Emérito de Goiás – GO, é presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Originalmente publicado na Rede Adital – http://www.adital.com.br/



quarta-feira, 22 de abril de 2009

O discurso que EUA e Europa não querem ouvir


Discurso do Presidente Ahmadinejad, do Iran, na "Durban Review Conference" (20-24/4/2009), Genebra, Suíça*

20/4/2009, PressTV, Teeran - http://www.presstv.ir/detail.aspx?id=92046

Ilustre presidente da Conferência, ilustre secretário-geral da ONU, ilustre Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos. Senhoras e senhores.

Estamos reunidos para dar prosseguimento à Conferência de Durban contra o racismo e a discriminaçao racial, para definir mecanismos que permitam pôr em ação nossas campanhas humanitárias e religiosas.

Ao longo dos últimos séculos, a humanidade tem passado por grandes sofrimentos e dores terríveis. Na Idade Média, condenavam-se à morte pensadores e cientistas. Depois se seguiu um período em que se praticaram a escravidão e o comércio de seres humanos. Inocentes eram capturados aos milhões, separados de suas famílias e entes queridos, para serem levados à Europa e à América, sob as piores condições. Período de trevas, em que a humanidade também conheceu a ocupação, a pilhagem e os massacres de inocentes.

Muitos anos passaram-se antes de que as nações erguessem-se e lutassem pela liberdade, pela qual sempre pagaram preço muito alto. Perderam-se milhões de vida na luta para expulsar os ocupantes e estabelecer governos nacionais independentes. Mas não demorou para que saqueadores do poder político impusessem duas guerras à Europa, que também varreram como praga parte da Ásia e África. Essas guerras terríveis custaram a vida de 100 milhões de pessoas e provocaram devastação massiva em todo o mundo. Se a humanidade tivesse aprendido o que havia a aprender daquelas ocupações, dos horrores e crimes daquelas guerras, já haveria um raio de esperança para o futuro.

Os poderes então vitoriosos autodesignaram-se conquistadores do mundo, ignorando ou subvalorizando direitos de outras nações e impondo leis de opressão e de arranjos internacionais.

Senhoras e senhores, consideremos por um momento o Conselho de Segurança da ONU, que é uma das heranças deixadas pelas duas guerras mundiais.

Que lógica há em o Conselho de Segurança assegurar apenas a alguns o direito de veto? Como essa lógica se harmonizaria com valores humanitários ou espirituais? Não seria lógica sempre discrepante dos princípios de justiça, de igualdade de todos ante a lei, do amor e da dignidade humana? O direito de veto não lhes parece sempre discriminatório e injusto, não implica sempre violação de direitos humanos e humilhação da maioria das nações e países?

O Conselho é o mais alto corpo político de decisores do planeta, para salvaguardar a paz e a segurança mundiais. Mas como se pode esperar que realize a justiça e a paz, se a discriminação está ali convertida em lei e a própria a lei é constituída mediante coerção e arbítrio, não pela justiça e respeito aos direitos de todos?

A coerção e a arrogância estão na origem da opressão e das guerras. Embora hoje muitos racistas condenem em seus discursos e slogans a discriminação racial, alguns países muito poderosos tem sido autorizados a decidir sobre suas políticas, baseados apenas em seus interesses e no próprio juízo. Assim têm podido facilmente violar todas as leis e todos os valores humanitários.

Logo depois da II Guerra Mundial, alguns daqueles países recorreram à agressão militar para arrancar de suas casas toda a população de uma nação inteira, sob o pretexto de que os judeus sofriam horrivelmente; aquelas nações enviaram migrantes refugiados para toda a Europa, para os EUA e para outras partes do mundo, e estabeleceram um governo totalmente racista na Palestina ocupada[2]. De fato, em compensação pelas terríveis consequências do racismo na Europa, ajudaram a implantar no poder, na Palestina, o mais cruel e repressivo regime racista.

O Conselho de Segurança ajudou a estabilizar o regime ocupante e apoiou-o durante os últimos 60 anos, dando-lhe pleno direito de cometer todos os tipos de atrocidades. É lamentável sob todos os aspectos, que alguns governos ocidentais e o governo dos EUA tenham-se comprometido na defesa desses racistas genocidas, enquanto a consciência dos homens e mulheres livres em todo o mundo condenavam a agressão, as brutalidades e o bombardeio contra civis em Gaza, Palestina. Os apoiadores de Israel têm defendido esses crimes e têm silenciado contra esses crimes.

Amigos, ilustres delegados, senhoras e senhores. Onde estão as causas radicais dos ataques dos EUA contra o Iraque ou da invasão do Afeganistão?

Não é outro o motivo que levou à invasão do Iraque, se não a arrogância do então governo dos EUA e a pressão crescente dos mais ricos e poderosos que visam sempre a expandir sua esfera de influência. Aí estão os interesses da poderosa indústria de armamento, destruindo uma cultura de mil anos, nobre em todos os sentidos, de longuíssima história. Tentam eliminar a potência e a ameaça direta que os países muçulmanos impõem hoje ao regime sionista, ao mesmo tempo em que defendem o regime sionista e querem assenhorear-se das fontes de energia do povo iraqueano?

Por quê, afinal, quase um milhão de seres humanos foram mortos ou feridos e mais outros milhões foram convertidos em exilados e refugiados? Por que, agora, o povo iraqueano sofre perdas que já alcançam as centenas de bilhões de dólares? E por que o povo dos EUA teve de ver consumirem-se bilhões de seus dólares, como custo dessas ações militares? A ação militar contra o Iraque não terá sido planejada pelos sionistas e seus aliados no governo dos EUA, cúmplices todos dos países fabricantes de armas e dos senhores da riqueza do mundo? A invasão do Afeganistão terá, por acaso, restaurado a paz, a segurança e o bem-estar econômico naquele país?

Os EUA e seus aliados fracassaram na missão de conter a produção de drogas no Afeganistão. O cultivo de narcóticos multiplicou-se, depois da invasão. A pergunta necessária é "quem responderá pelo que fizeram o então governo nos EUA e seus aliados, naquela parte do mundo?"

Representavam ali os países do mundo? Receberam de alguém algum mandato? Foram autorizados pelos povos do mundo a interferir em todos os lugares do globo – e sempre mais frequentemente na nossa Região? Não são a invasão e a ocupação exemplos claros de autocentrismo, racismo, discriminação e violência contra a dignidade e a independência de tantas nações?

Senhoras e senhores, quem é responsável pela crise econômica pela qual passa o mundo? Onde começou a crise? Na África? Na Ásia? Ou começou nos EUA, contaminando em seguida toda a Europa e os aliados dos EUA?

Por longo tempo, usaram seu poder político para impor regulações econômicas desiguais na economia internacional. Impuseram um sistema financeiro e monetário sem adequado mecanismo de supervisão internacional sobre nações e governos que nada podiam, no sentido de conter tendências ou políticas. Sequer permitiram que outros povos supervisionassem ou monitorassem suas próprias políticas financeiras. Introduziram leis e regulações que agrediam todos os valores morais, exclusivamente para proteger interesses dos senhores da riqueza e do poder.

Mais ainda, apresentaram uma definição de economia de mercado e competição que nega muitas das oportunidades econômicas que poderiam ser acessíveis para outros países do mundo. Também transferiram seus problemas a outros, enquanto ondas de crises repercutiam sobre a própria economia, gerando milhares de bilhões de déficit no orçamento. E hoje, estão injetando centenas de bilhões de dólares tirados de seu próprio povo e de outras nações, para ajudar bancos, companhias e instituições financeiras falidas, o que torna a situação cada vez mais complicada para sua própria economia e para seu próprio povo. Estão pensando simplesmente em manter o poder e a riqueza. Não dão nenhuma atenção aos povos do mundo, sequer ao próprio povo.

Senhor presidente, senhoras e senhores.

O racismo nasce da falta de conhecimento sobre as raízes da existência do homem como criaturas escolhidas por Deus. Também é produto de desvio do verdadeiro caminho da vida humana e das obrigações da humanidade na criação do mundo, que leva a falhar nos deveres de conscientemente servir a Deus; nasce tambem de não saber pensar sobre a filosofia da vida ou o caminho da perfeição que são os principais ingredientes dos valores divinos e humanitários. Assim, essas ignorâncias restringiram o horizonte do olhar humano, tornando-o superficial, e tomando, como instrumento de sua ação, só os interesses mais limitados. É por isso que o poder do mal ganhou forma e expandiu seu domínio, ao mesmo tempo em que privou outros de todas as oportunidades justas e igualitárias de desenvolvimento.

O resultado foi o surgimento de um racismo sem limites que é hoje a mais grave ameaça que pesa sobre a paz internacional e tem comprometido todos os esforços para construir a coexistência pacífica em todo o mundo. Sem dúvida, o racismo é o principal símbolo da ignorância; tem raízes históricas e, de fato, é signo de que o desenvolvimento de uma sociedade humana foi frustrado.

É, portanto, crucialmente importante denunciar as manifestações de racismo em todas as ocasiões e em todas as sociedades nas quais prevaleçam a ignorância e pouca sabedoria. A consciência e a compreensão geral da filosofia da existência humana é o principal objetivo e princípio da luta contra manifestações de racismo. E revela a verdade: os seres humanos são o centro da criação do universo. A chave para resolver o problema do racismo é o retorno aos valores espirituais e morais e, afinal, implica voltar a servir a Deus Todo-Poderoso.

A comunidade internacional têm de iniciar movimentos que visem a ampliar a consciência coletiva, sobretudo nas sociedades em que o racismo e a ignorância prevaleçam; só assim pôr-se-á fim ao avanço dos danos causados pelo racismo, que é perverso.

Caros amigos. Hoje, a comunidade humana enfrenta um tipo de racismo que macula a imagem de toda a humanidade, no início do terceiro milênio.

O sionismo mundial personifica o racismo que é falsamente atribuído a religiões mas, de fato, abusa dos sentimentos religiosos para esconder sua horrenda face de ódio. Contudo, é importante que não percamos de vista os objetivos políticos de alguns dos poderes mundiais, dos que controlam os imensos recursos econômicos e os lucros, no mundo. Mobilizam todos os recursos, inclusive a influência econômica e política – e a mídia em todo o mundo –, para tentar ganhar apoio para o regime sionista e para ocultar a indignidade e a desgraça daquele regime.

Não se trata aqui de simples questão de ignorância. Ninguém pode pôr termo a esses horrores mediante campanhas consulares e diplomáticas. É preciso trabalhar com muito empenho para deter os abusos praticados pelos sionistas e seus apoiadores políticos e internacionais, e para fazer respeitar o desejo e as aspirações dos povos. Os governos antissionistas devem ser encorajados e apoiados com vistas a erradicar esse racismo bárbaro e para que se reformem os mecanismos internacionais hoje existentes.

Não há qualquer dúvida de que todos os senhores aqui presentes têm perfeito conhecimento da conspiração movida por alguns governos e pelos círculos sionistas contra as metas e os objetivos dessa conferência.

Infelizmente, houve declarações e declarações de apoio aos sionistas e seus crimes. É dever e responsabilidade dos respeitáveis representantes de todas as nações desmascarar essa campanha que corre na direção oposta a todos os valores e princípios humanitários.

Deve-se reconhecer e declarar que boicotar uma reunião como essa, e tentar degradar a excepcional capacidade política internacional que aqui se acumula, é perfeita manifestação de apoio aos racistas e é escandaloso exemplo de racismo. Para defender direitos humanos, é fundamentalmente importante, em primeiro lugar, defender os direitos de todas as nações do mundo, de participar em condições de igualdade no processos de tomar toda e qualquer decisão, sem qualquer tipo de pressão que venha de apenas alguns poderes mundiais.

Em segundo lugar, é necessário reestruturar as organizações internacionais existentes e suas respectivas constituições e acordos. Essa conferência, portanto, é como um campo de testes. A opinião pública, hoje e no futuro, julgará nossas ações e nossas decisões.

Senhor presidente, senhoras e senhores. O mundo está passando por mudanças profundas e muito rápidas. Relações de poder consideradas estáveis já se mostram frágeis, muito fracas. Ouve-se o "crack" dos pilares dos sistemas mundiais. As principais estruturas políticas e econômicas estão em ponto de colapso. No horizonte, já aparecem crises políticas e de segurança. O agravamento da crise da economia mundial, para a qual não se vê futuro melhor, demonstra que estamos sob a força de uma maré de mudanças globais. Tenho repetido e enfatizado que é necessário que o mundo abandone a rota errada em que caminhou por tanto tempo, e na qual ainda insiste.

Também tenho alertado repetidas vezes contra as terríveis consequências de qualquer desatenção a essa responsabilidade crucial.

Aqui, nessa importante conferência, entendo que já possa declarar a todos os líderes do mundo, aos pensadores e a todos os povos de todas as nações do planeta aqui representados, e que anseiam por paz e bem-estar econômico, que aquela ordem injusta que comandou o mundo já chega, hoje, ao fim de sua caminhada. É fatal que aconteça, porque a lógica desse poder imposto sempre foi a lógica da opressão.

A lógica do governo compartilhado e dos negócios planetários deve-se basear nos mais nobres anseios que há em todos os seres humanos e na supremacia de Deus Todo-Poderoso. Portanto, operará tão mais eficientemente quanto mais se façam ouvir todas as vozes de todas as nações. A vitória do bem sobre o mal e a construção de um sistema mundial justo é promessa que Deus e seus mensageiros fizeram à humanidade. Esse sistema mundial justo tem sido objetivo partilhado de todos os seres humanos e de todas as sociedades ao longo da história. Realizar esse futuro depende de conhecer o espírito da criação e a força da fé dos crentes.

Construir uma sociedade global é, afinal, alcançar o alto objetivo de estabelecer um sistema global comum do qual participem todas as nações do mundo, ouvidos todos em todos os processos de decisão, com vistas a esse mesmo objetivo.

Capacidades científicas e técnicas e tecnologias de comunicações criaram novas vias de entendimento para a sociedade mundial, entendimento partilhado e disseminado; essa é a base essencial para um sistema comum. Cabe, doravante, aos intelectuais, pensadores e construtores de políticas, em todo o mundo, assumir a responsabilidade de cumprir esse seu papel histórico, com firme crença de que esse é o caminho a seguir.

Quero também destacar o fato de que o liberalismo e o capitalismo ocidentais não se mostraram suficientemente potentes para perceber a verdade do mundo e dos homens como são. Sempre tentaram impor objetivos e rumos que eram só deles, a todos. Sem qualquer atenção a valores humanos e divinos de justiça, liberdade, amor e fraternidade; sempre viveram em intensa competição, pensando mais, sempre, em interesses materiais, individuais e corporativos.

É tempo de aprender com a experiência e iniciar esforços coletivos para enfrentar os desafios que aí estão. Nessa mesma linha de argumento, quero chamar-lhes a atenção ainda para duas questões importantes.

Primeiro, que é absolutamente possível melhorar a situação em que o mundo vive hoje. Mas deve-se observar que, para tanto, é indispensável que todos os povos e países cooperem, com vistas a construir mundo melhor para todos, fazendo render o máximo possível, para todos, todas as capacidades e os recursos com que o mundo conta hoje.

Participo hoje, presente nessa conferência, porque tenho a firme convicção de que as questões que aqui se discutem são importantes. E porque é dever de todos, e é responsabilidade comum de todos, defender os direitos de todas as nações contra o racismo sinistro, aqui, e solidários aos melhores pensadores do mundo.

Em segundo lugar, considerada a ineficácia do sistema político, econômico e de segurança hoje vigentes, é indispensável voltar a considerar os valores humanos e divinos, a verdadeira definição do homem e da humanidade, baseada na justiça e no respeito aos valores de todos os povos, em todo o mundo. Para isso, é necessário denunciar os erros e vícios dos sistemas que até hoje governaram o mundo; e é necessário que tomemos medidas coletivas para reformar as estruturas existentes.

Para tanto, é crucialmente importante reformar imediatamente a estrutura do Conselho de Segurança, com imediata eliminação do discriminatório direito de veto; e é preciso mudar os sistemas financeiro e monetário mundiais. Claro que, quanto menos se compreenda a urgente necessidade de mudar, mais nos custarão os adiamentos e atrasos.

Caros amigos. Andar na direção da justiça e da dignidade humana é como seguir o fluxo rápido das águas de um rio. Tenhamos sempre em mente a potência do amor e do afeto. O futuro prometido para todos os seres humanos é patrimônio valiosíssimo. Temos de nos manter unidos para construir outro mundo possível.

Para que o mundo seja melhor lugar, cheio de amor e bênçãos, mundo onde não haja nem ódio nem pobreza, mundo abençoado por Deus Todo-Poderoso, que levará à realização de todas as perfeições dos seres humanos, temos de nos dar as mãos em amizade e solidariedade, e trabalhar para realizar esse mundo melhor.

Agradeço ao presidente da Conferência, ao secretário-geral e a todos os ilustres participantes, a paciência com que me ouviram. Muito obrigado.

NOTAS DE TRADUÇÃO

* 21-24/4/2009. É "conferência de revisão", prosseguimento da "World Conference against Racism, Racial Discrimination, Xenophobia and Related Intolerance" que foi iniciada em Durban, África do Sul, em 2001, chamadas respectivamente "Durban I" e, agora, "Durban II". A conferência de revisão foi organizada para estimular a ativação do que ficou definido como objetivos, na "Durban Declaration and Programme of Action"; visa a estimular o prosseguimento de ações, iniciativas e soluções práticas. Sobre a Conferência de Revisão, ver
http://www.un.org/durbanreview2009/.
Em http://www.un.org/durbanreview2009/pdf/Draft_outcome_document_Rev.2.pdf pode-se ler a versão de documento a ser discutido nessa conferência de revisão.

Interessante observar que, entre 2001 e 2009, o mundo mudou muito dramaticamente. Em 2001, ainda não havia no mundo a clara consciência de que Israel opera como Estado racista, no coração do Oriente Médio. Hoje, o assunto já está em discussão, de fato, em todo o planeta – sobretudo depois do massacre de Gaza pelos israelenses e da ascenção ao governo de Israel, em eleições recentes, de partidos e políticos que manifestam clara ideologia racista. Nesse contexto é que se deve entender o 'boicote' à conferência de revisão. Os EUA de Obama e vários aliados europeus dos EUA 'boicotaram' a reunião. O presidente do Iran atacou diretamente o racismo sionista. Todas essas circunstâncias fazem desse discurso documento histórico importante.

[2] Hoje, a FSP publica versão diferente desse trecho: "Após a Segunda Guerra, eles recorreram à agressão militar para deixar uma nação inteira sem lar, sob o pretexto dos sofrimentos judeus e da ambígua e dúbia questão do Holocausto". Essa versão está publicada em FSP, 21/4/2009, "Ahmadinejad tumultua conferência da ONU", matéria assinada por Marcelo Ninio, de Genebra, em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2104200901.htm [só para assinantes]). Também na nota publicada hoje em O Globo (em http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/04/21/governo-brasileiro-externara-reprovacao-ao-discurso-de-ahmadinejad-contra-israel-755364490.asp), e que, segundo o jornal, teria sido divulgada pelo Itamaraty, há referência a comentário sobre o Holocausto, que haveria nesse discurso. Na versão publicada pela PressTV (BBC no Iran), em inglês, aqui traduzida, não há qualquer referência ao Holocausto.


Fonte: Viomundo

O Dever da Memória

Por que Zurdo?

O nome do blog foi inspirado no filme Zurdo de Carlos Salcés, uma película mexicana extraordinária.


Zurdo em espanhol que dizer: esquerda, mão esquerda.
E este blog significa uma postura alternativa as oficiais, as institucionais. Aqui postaremos diversos assuntos como política, cultura, história, filosofia, humor... relacionadas a realidades sem tergiversações como é costume na mídia tradicional.
Teremos uma postura radical diante dos fatos procurando estimular o pensamento crítico. Além da opinião, elabora-se a realidade desvendando os verdadeiros interesses que estão em disputa na sociedade.

Vos abraço com todo o fervor revolucionário

Raoul José Pinto



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  • Vidas secas - Graciliano Ramos
  • VINHAS DA IRA, (JOHN STEINBECK)

ZZ - Estudar Sempre/LITERATURA GUERRILHEIRA

  • A Guerra de Guerrilhas - Comandante Che Guevara
  • A montanha é algo mais que uma imensa estepe verde - Omar Cabezas
  • Da guerrilha ao socialismo – a Revolução Cubana - Florestan Fernandes
  • EZLN – Passos de uma rebeldia - Emilio Gennari
  • Imagens da revolução – documentos políticos das organizações clandestinas de esquerda dos anos 1961-1971; Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá
  • O Diário do Che na Bolívia
  • PODER E CONTRAPODER NA AMÉRICA LATINA Autor: FLORESTAN FERNANDES
  • Rebelde – testemunho de um combatente - Fernando Vecino Alegret

ZZ- Estudar Sempre /GEOGRAFIA EM MOVIMENTO

  • Abordagens e concepções de território - Marcos Aurélio Saquet
  • Campesinato e territórios em disputa - Eliane Tomiasi Paulino, João Edmilson Fabrini (organizadores)
  • Cidade e Campo - relações e contradições entre urbano e rural - Maria Encarnação Beltrão Sposito e Arthur Magon Whitacker (orgs)
  • Cidades Médias - produção do espaço urbano e regional - Eliseu Savério Sposito, M. Encarnação Beltrão Sposito, Oscar Sobarzo (orgs)
  • Cidades Médias: espaços em transição - Maria Encarnação Beltrão Spósito (org.)
  • Geografia Agrária - teoria e poder - Bernardo Mançano Fernandes, Marta Inez Medeiros Marques, Júlio César Suzuki (orgs.)
  • Geomorfologia - aplicações e metodologias - João Osvaldo Rodrigues Nunes e Paulo César Rocha
  • Indústria, ordenamento do território e transportes - a contribuição de André Fischer. Organizadores: Olga Lúcia Castreghini de Freitas Firkowski e Eliseu Savério Spósito
  • Questões territoriais na América Latina - Amalia Inés Geraiges de Lemos, Mónica Arroyo e María Laura Silveira