sexta-feira, 9 de maio de 2008

O INDETERMINISMO E O PROBLEMA DAS “DUAS CULTURAS”



, por Isabel Serra




CICTSUL (Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa). Na era actual, de especialização crescente, a investigação científica desenvolve-se quase sempre num quadro disciplinar restrito, reforçando assim a separação entre os saberes. O indeterminismo, sendo um tema que convoca interesses da matemática, da física, da filosofia, e ainda de outras disciplinas, poderia contribuir para quebrar antigas barreiras entre as várias “culturas”. As publicações e os colóquios sobre a questão demonstram que assim é, já que têm reunido intelectuais de vários quadrantes. Por outro lado, o debate em torno do indeterminismo tem também denunciado oposições entre autores de diferentes áreas do conhecimento. Do clima gerado pela discussão interdisciplinar a propósito deste tema, e de outros que lhe estão próximos, tem resultado uma radicalização de posições o que acabou por acentuar diferenças e estimular antagonismos entre intelectuais.

Para compreender o mecanismo do divórcio entre culturas é essencial caracterizar a situação actual, mas também as suas origens históricas. É o que se tentará fazer, através de um percurso que, da antiguidade à actualidade, se deterá nalguns aspectos julgados importantes no problema do indeterminismo. A ideia de ordem e o determinismo dos cientistas, assim como o fascínio exercido pelas novas ideias da ciência, as ideias pós-modernas sobre a mudança de natureza da ciência e também o misticismo dos cientistas, são alguns dos aspectos abordados. Todas estas questões ilustram a complexidade da problemática do indeterminismo quando olhada sob a perspectiva das “duas culturas”.

O DIVÓRCIO DAS CULTURAS
A questão das “duas culturas” foi formulado por C. P. Snow (1905-1980), em Cambridge, durante a Rede Lecture de 19591 e, desde então, essa expressão tem sido usada para sintetizar diferenças e oposições entre áreas de conhecimento. A conferência de Snow gerou uma polémica que durou vários anos e serviu de tema a várias outras conferências e publicações. Os vários episódios dessa polémica são relatados por Collini2, que apresenta também uma breve panorâmica histórica sobre a questão. O debate em torno das duas culturas tinha, de facto, começado muito antes do tempo de Snow - “Enquanto angústia cultural, a preocupação com a separação entre as “duas culturas” data no essencial do século XIX”3.

Podemos aventurar-nos a acrescentar que o “divórcio” entre as “duas culturas” tem uma origem ainda mais remota - ele inicia-se no tempo da revolução científica do Renascimento. Durante esse período desenvolvem-se, nas ciências da natureza, os métodos de conhecimento que as vão distanciar do conhecimento filosófico ou literário: a experimentação e a construção de modelos matemáticos dos fenómenos naturais4.

Em Estudos Galilaicos, Koyré (1892-1964) defende a importância da matematização do real na física renascentista5, ideia sintetizada na frase “a teoria matemática precede a experiência”6, contrapondo esta posição à de outros autores, que privilegiam a experimentação. Mas seja quais forem os critérios adoptados para caracterizar a ciência do século XVII, podemos dizer que, a partir dessa altura, o conhecimento sobre o mundo físico é alimentado, já não pelos textos clássicos e por novas especulações, mas por factos colhidos na própria natureza, e por resultados matemáticos. Aliás, a finalidade de grande parte da matemática passa a ser “a descrição do mundo que nos rodeia da forma mais simples e mais rigorosa possível”7.

O exemplo da Medicina, uma área de conhecimento vocacionada para a intervenção técnica e não para a descrição do mundo físico, ilustra de forma significativa a profunda alteração renascentista. Essa alteração pode ser simbolizada por um facto histórico que hoje nos parece espantoso: durante cerca de quinze séculos os conhecimentos dos médicos sobre o corpo humano provinham não do próprio corpo mas sim da obra de Galeno (130-200)8. André Vesalio (1514-1564) é, na cultura ocidental, o primeiro médico a definir como objectivo da ciência do corpo humano, não a interpretação dos textos de Galeno9, mas sim a dissecção e a manipulação dos órgãos. Este facto traduz bem a transformação do conhecimento sobre o mundo natural que levou à separação dos saberes. O objecto de estudo e a matéria de conhecimento, nas ciências da natureza, passam a ter uma ligação muito menos directa com o saber dos antigos e, em certos casos, obrigam mesmo a uma ruptura total com esse saber.

Apesar do novo posicionamento do cientista face à natureza, após a revolução científica do Renascimento conservam-se laços culturais entre diversos tipos de conhecimento. Os cientistas dedicam-se a investigar os fenómenos naturais, mas também a especular sobre o significado filosófico dos conhecimentos adquiridos, e a apresentar novas visões do mundo. São exemplos dessa atitude múltipla Descartes (1596-1650), Leibniz (1646-1716) ou Laplace (1749-1827). As ideias atravessam as diversas áreas de conhecimento. O “homem máquina” da filosofia de Descartes é o mesmo dos desenhos de Leonardo da Vinci (1452-1519) e dos estudos anatómicos de Vesálio.

A conjugação de capacidades e atitudes múltiplas no mesmo cientista tornou-se cada vez mais rara com a evolução dos conhecimentos, embora restem alguns casos dessa multiplicidade ainda no século XX como, por exemplo, o de Einstein. Na actualidade parece ser impossível conciliar a produção de resultados em ciências exactas e o conhecimento aprofundado, até da própria ciência. A formação actual de um investigador em física, química ou biologia, dirige-se essencialmente ao desenvolvimento de capacidades técnicas, experimentais ou de cálculo, essenciais para produzir resultados. Na grande maioria dos casos essa formação revela-se incompatível com a aquisição de conhecimentos de outras áreas e, às vezes, mesmo da própria disciplina. Muitos dos cientistas que revelam grande capacidade para resolver problemas de investigação, têm pouca “cultura científica”. Embora a especialização seja um fenómeno de todas as áreas, o saber individual, no caso da literatura ou da filosofia, é construído de forma diferente. Nesses domínios, ao produzir resultados, o investigador alarga os seus horizontes culturais, em vez de os restringir.

O problema das limitações culturais resultantes da actividade de investigação afecta muitos cientistas no início da sua carreira, ou durante o seu doutoramento. Alguns sentem até que “deixaram de aprender a ciência que amavam”, pois a inevitável “especialização” faz-lhes perder a “visão de conjunto” que lhes era cara. Este problema tem uma tal importância, que algumas universidades americanas têm um programa de acompanhamento psicológico dos seus estudantes de doutoramento que, entre outras finalidades, ajuda os doutorandos a ultrapassar essa situação.

A investigação em ciências exactas criou uma comunidade de indivíduos, sem dúvida capazes, mas “analfabetos”, de muitos pontos de vista. É curioso que o mesmo tem acontecido em ciências humanas, tal como a história a sociologia, a psicologia, etc. A ânsia da especialização e da obtenção de resultados leva algumas vezes a um desprezo da “teorização” ou, no fim de contas, da reflexão. Nos congressos, é possível assistir a comunicações históricas que se resumem a um conjunto de dados e factos sem qualquer preocupação de enquadramento, que é a forma mais imediata de teorização em ciências históricas. A atitude desses investigadores é apenas o reflexo da tendência para reduzir a ciência a um conjunto de resultados.

A ausência de “visão de conjunto”, imputada aos cientistas, é uma das componentes que separam as “duas culturas”. A “cultura científica” ligada às ciências exactas aparece, frequentemente, como um saber feito exclusivamente de capacidades técnicas.

Há também que ter em conta a “massificação” do trabalho científico. A importância das aplicações da ciência implicou um aumento considerável do número de trabalhadores em áreas de ciências exactas, na sua grande maioria, “técnicos” que, frequentemente, desprezam o saber “livresco”. A abundância de inovações criadas pela tecnociência, e o seu extraordinário sucesso, são também responsáveis por uma atitude de arrogância, por parte dos cientistas, própria de quem “produz resultados úteis”, mas também própria de quem sabe pouco fora da sua área de estudo. O texto de C. P. Snow reflecte bem esse orgulho na “utilidade da ciência”, embora aí se manifeste como meio de defesa face aos “ataques” dos intelectuais literários.10

Para Bacon o conhecimento “não tem outro fim senão estabelecer e aumentar o poder e o domínio do homem sobre o universo”11. Esse domínio sobre a natureza, que se traduz pela capacidade das ciências em provocar efeitos, é precisamente uma das componentes da separação entre as duas culturas. Na época actual, em que as aplicações da ciência invadiram o quotidiano, assiste-se a um confronto de valores: de um lado estão os intelectuais literários, cujo saber não se traduz em nada de aparentemente “útil”. Do outro, estão os cientistas, ignorantes da tradição cultural, mas que são “motores da economia”. Afirmações tão usuais como, do trabalho em ciências humanas resulta um palavreado sem sentido, ou o trabalho em ciências exactas é feito por analfabetos altamente qualificados, são sem dúvida injustamente simplistas, mas traduzem uma situação real: na actualidade, ciências e estudos literários desenvolvem-se, ignorando-se quase completamente. Pode mesmo dizer-se que a distinção entre “duas culturas” é ainda mais forte do que no tempo de Snow.

INDETERMINISMO E OUTRAS PALAVRAS FASCINANTES
A indiferença, ou mesmo desprezo, a que se votam mutuamente as duas culturas, pareceu alterar-se com o aparecimento, nos anos sessenta do século XX, de um novo fenómeno interdisciplinar: o fascínio que as novas ideias da física e da matemática passaram a exercer sobre os intelectuais de outras áreas de conhecimento.

As ideias desenvolvidas por alguns matemáticos, físicos ou biólogos do século XX exercem, inegavelmente, uma enorme atracção nomeadamente em filosófos, literários e sociólogos. Só assim é possível compreender os exemplos dados por Sokal e Bricmont a propósito de textos de Lacan (1901-1981), de Julia Kristeva12 e de outros autores, publicados nas décadas de 60-70 do século XX. Lacan e Kristeva, em particular, utilizam insistentemente objectos matemáticos, e não apenas como simples metáforas ou símbolos. Eles exploram as suas propriedades para construir analogias, embora cometam erros do ponto de vista matemático, pondo em evidência que não conhecem os conceitos que utilizam. De qualquer maneira, mesmo admitindo que os dois autores pretendiam apenas fazer um jogo, ou mostrar erudição, estes exemplos põem em evidência o prestígio que as ideias da matemática parecem ter junto de alguns intelectuais.

Podemos dizer, sem necessidade de o demonstrar com grande rigor científico, que algumas das ideias originadas nas ciências, ganharam “direito de cidadania” no conhecimento universal. Podemos mesmo falar em “transferência” ou “emigração” de conceitos, em relação a certos termos como “relatividade”, “caos” ou “indeterminismo”. Significa este movimento que o fosso entre as duas culturas se atenuou? Não é essa a opinião de Sokal e Bricmont, ao mostrarem que, sob a aparência de terem adoptado ideias (palavras) da física e da matemática, alguns autores deformam completamente o seu sentido. Não se pretende aqui entrar em polémicas sobre a legitimidade da apropriação, por parte de diversos autores de ciências humanas, dos termos usados na matemática, ou na física. Mas é certo que, por exemplo, o “número imaginário” da matemática não é o mesmo que o de Lacan13. O mesmo acontece certamente a outros conceitos, também eles com nomes sugestivos, ao emigrar das ciências exactas, onde têm um significado quase sempre inacessível aos não iniciados.

O fenómeno referido nos textos de Kristeva e Lacan repete-se com Bruno Latour14 e a teoria da relatividade. É pouco provável que Latour tenha estudado profundamente essa teoria, cujas ideias e formalismo são de difícil apreensão, mesmo para dedicados estudantes de pós-graduação em física. Mas algumas das ideias divulgadas sobre a relatividade pareceram-lhe suficientemente atraentes para serem utilizadas nas suas análises.

Sokal e Bricmont referem ainda outros exemplos, o que sugere que muitas das novas ideias da física e da matemática do século XX parecem ter sido “saqueadas” pelos intelectuais das áreas de humanidades para definir uma nova filosofia. Eles citam, por exemplo, Lyotard e a sua afirmação “Ao interessar-se pelos indecidíveis, pelos limites da precisão do controlo, pelos quanta, pelos conflitos com informação não completa, pelos fracta, pelas catástrofes, pelos paradoxos pragmáticos, a ciência pós-moderna faz a teoria da sua própria evolução como descontínua, catastrófica, não rectificável, paradoxal. Ela muda o sentido da palavra saber e diz como essa mudança pode ter lugar. Produz, não o conhecido, mas o desconhecido.”15 Aqui, Lyotard não está apenas a fazer analogias, mas também a usar os novos domínios científicos para afirmar a existência uma nova natureza na ciência. Este autor parece sobredimensionar o significado das novas ideias em ciência16, por exemplo, quando usa o trabalho de René Thom para afirmar que “há apenas ilhas de determinismo”17. Sokal e Bricmont olham de forma bastante crítica a visão de Lyotard, referindo-se explicitamente às suas teses, quando afirmam: “No discurso pós-moderno inclui-se frequentemente a ideia de que os desenvolvimentos científicos mais ou menos recentes não só modificaram a nossa visão do mundo como trouxeram mudanças filosóficas e epistemológicas profundas e que, de certa forma, a ciência mudou de natureza. Os exemplos mais habitualmente citados em apoio desta tese são a mecânica quântica, o teorema de Godel e a teoria do caos”18.

A imagem de uma “ciência pós-moderna”, fabricada com palavras originadas no estudo dos fenómenos naturais, tem sido bastante divulgada, e ganhou adeptos também em Portugal. Um conhecido sociólogo “pós-moderno” português19 secunda Lyotard, ao afirmar: “A importância desta teoria20 está na nova concepção da matéria e da natureza que propõe, uma concepção dificilmente compaginável com a que herdámos da física clássica. Em vez da eternidade, a história; em vez do determinismo, a imprevisibilidade; em vez do mecanicismo, a interpenetração, a espontaneidade e a auto-organização; em vez da reversibilidade, a irreversibilidade e a evolução; em vez da ordem, a desordem; em vez da necessidade, a criatividade e o acidente.”

Para a maioria daqueles que trabalham em ciências exactas estas afirmações aparecem como disparates. De facto, embora a ciência contemporânea esteja tocada por novas dimensões (como a irreversibilidade do tempo, o indeterminismo, o caos, a evolução das espécies), essas novas dimensões não substituem a procura da visão racional do mundo. Podemos dizer que os cientistas continuam essencialmente “deterministas”21, dado que as novas dimensões da ciência, mesmo as que estão associadas a palavras como caos e indeterminismo não impedem o domínio da natureza de que fala Bacon. Esses termos, surgidos para caracterizar certas realidades estudadas pela ciência, não traduzem, como se poderia pensar, uma “derrota” das suas capacidades de previsão.

Antes pelo contrário. Mesmo trabalhando com os fenómenos “indeterministas” da Mecânica Quântica, ou os “caóticos” da Dinâmica, é possível fazer previsões e construir aplicações. Nesse sentido, tudo é determinista, e toda a gente espera que assim seja, mesmo os “pós-modernos”. Quando utiliza o computador, ou quer aterrar no dia seguinte em Orly, um pós-moderno confia em que os transístores explicados pela mecânica quântica, e os fenómenos hidrodinâmicos, altamente caóticos, se comportem deterministicamente.

O pensamento de tipo determinista encontra razão de existência no modo como a ciência conseguiu explicar um grande número de factos e tirou partido dessa explicação para possibilitar o mundo em que vivemos. Nessa perspectiva, as palavras fascinantes da nova ciência, tais como caos e indeterminismo, transformadas em símbolos por alguns autores, não servem para caracterizar o saber nas ciências exactas.

UM UNIVERSO ORDENADO
O determinismo dos cientistas está associado à ideia de universo ordenado, ideia que tem uma longa história. A concepção de que existe uma ordem na Natureza é originada, tal como muitas outras, no pensamento grego, e sobretudo com Aristóteles, cuja Física assenta na crença da existência de uma ordem cósmica22. A ordem, para Aristóteles é também uma causa, um princípio justificativo da acção: o movimento de queda dos corpos reconduz as coisas ao seu «lugar natural». A ordem da Natureza justifica também a existência de um princípio estruturante, daí ele procurar uma sistematização tanto nos factos físicos como nos biológicos.

A noção de ordem afirmou-se e ganhou novas dimensões e contornos com a revolução científica do século XVII. O estabelecimento de leis universais, em especial a lei da gravitação, foi responsável pela construção de uma nova imagem da Natureza em que a ordem passou a ter uma representação matemática. Na física newtoniana o estudo do movimento faz-se à custa de equações diferenciais, desde que se conheçam as forças que actuam sobre os corpos. É este modelo da dinâmica que, progressivamente, se impôs a toda a física. A matematização tornou-se uma via sem retrocesso nas ciências. Os modelos matemáticos inicialmente usados na mecânica foram, mais tarde, aplicados com sucesso ao electromagnetismo. Um exemplo interessante que ilustra o poder das fórmulas matemáticas é o das equações de Maxwell (1831-1879). Este físico ficou impressionado pelo facto dos vectores eléctrico e magnético obedecerem à equação das ondas, deduzida no quadro da mecânica. Isso levou-o a concluir que as perturbações eléctricas e magnéticas se propagam como ondas. Hertz confirmou experimentalmente a existência dessas ondas. Este é apenas um exemplo, entre muitos outros, responsável pelas concepções “deterministas” que se tornaram a “filosofia natural” de numerosos investigadores em ciências exactas.

Poderíamos opor aos fenómenos físicos, descritos pela matemática, e ordenados no espaço e no tempo, os fenómenos estudados pelas ciências da vida, cuja descrição é sobretudo qualificativa. Mas, como mostra Michel Focault (1926-1984), um racionalista tão feroz como Leibniz já tinha por objectivo, em pleno século XVII, “estabelecer uma matemática das ordens qualificativas”.23

Para além de fomentarem uma atitude de crença natural nos instrumentos da ciência, e na sua capacidade de descrição da realidade, a convergência entre fórmulas matemáticas e fenómenos naturais também alimentou a ideia de que a natureza obedece a uma ordem rigorosa. Foi a possibilidade de enunciar leis, traduzidas por fórmulas e comprovadas pela experiência, que conduziu à defesa, porventura ingénua, de um determinismo estrito ou rígido (Laplaciano), que dominou o pensamento científico durante mais de um século. No entanto, o determinismo do cientista actual não se confunde com o determinismo Laplaciano. De facto, qualquer investigador deixou de considerar, desde há muito tempo, que os modelos matemáticos que utiliza são uma expressão directa da realidade24. Mas o sucesso desses modelos na previsão de fenómenos leva-o a considerar, implicitamente, que a natureza é “ordenada”, mesmo que nunca tenha pensado sobre a ordem do universo, nem saiba nada sobre a filosofia de Aristóteles, de Leibniz ou de Laplace. Quando investiga, ele confia na existência de uma “ordem”, ou seja, ele procura regularidades, periodicidades, estruturas, princípios de conservação e leis que se exprimam matematicamente. Se tal não fosse possível, não haveria trabalho para um cientista.

A “ideologia dominante”, dos que trabalham em ciências exactas é sem dúvida o determinismo, mas esse facto não nos permite separar os intelectuais em dois grupos, de um lado, os das ciências humanas, indeterministas, e de outro, os das ciências exactas, deterministas. De facto, não só há exemplos célebres de outras maneiras de pensar, como podemos mesmo dizer que a palavra “indeterminismo”, antes de ser adoptada pelos pós-modernos foi transferida da mecânica quântica para outros fenómenos por alguns dos físicos que trabalharam nesse domínio.

CIÊNCIA E MISTICISMO
As palavras “indeterminismo”, “caos”, e “indecidibilidade”, já existiam no dicionário, antes dos cientistas as usarem e foram escolhidas certamente por causa do seu significado. Mas, em relação a todas elas poderiam fazer-se afirmações análogas às que Amy Dalmedico enuncia, a propósito do caos: “La question du chaos a un sens technique précis mais elle a engendré de formidables spéculations sur les idées d’ordre et désordre. Pour certains, en révélant des régularités latentes au-delà des irregularités manifestes, la théorie du chaos consacrerait une conquête victorieuse du déterminisme universel; pour d’autres, en instituant la distinction entre déterminisme et prédictibilité, elle permettrait de sauvegarder la liberté humaine et l’exercise du libre arbitre”25.
As especulações em torno das palavras fascinantes da nova ciência têm, de facto, ultrapassado o sentido que elas aí assumem. Sokal e Bricmont, em Imposturas Intelectuais, parecem responsabilizar os filósofos e literatos, por eles citados, das deturpações e abusos em torno de questões como o caos, o indeterminismo, a relatividade e mais algumas outras. Mas estará nesses autores a origem do problema? Embora nalguns casos isso aconteça, há pelo menos uma questão, precisamente o indeterminismo quântico, em que as especulações partiram dos próprios especialistas.

Franco Selleri em Paradoxos e Realidades26, ao analisar as “tendências espiritualistas e misticizantes da física quântica”, afirma que “a porta para o irracionalismo foi conscientemente aberta pelos grandes físicos das escolas de Copenhaga e de Göttingen: Bohr (1885-1962), Heisenberg (1901-1976), Pauli (1900-1958), Wigner (1902-1995), Jordan (1902-1980)”27. Selleri refere vários casos de exportação de conteúdos da física de Copenhaga para outras áreas de conhecimento, uma tendência alimentada pelo próprio Bohr, em particular nos fenómenos da vida. Trabalhando sob a inspiração desses ideias, Delbruck (1906-1981) pensa poder encontrar nos fenómenos biológicos um paradoxo análogo ao que a física clássica encontrava quando era aplicada aos fenómenos atómicos28. A teoria dos quanta é invocada também para “demonstrar” a irredutibilidade dos fenómenos biológicos e psíquicos a processos materiais.

A tendência espiritualista da física moderna tem ainda muitos outros adeptos, tal como Crookes (1832-1919) e Wigner para quem o estudo dos fenómenos quânticos permite concluir que o conteúdo dos nossos conhecimentos é uma realidade irredutível aos fenómenos materiais. Outros físicos, entre os quais Niels Bohr, Wolfgang Pauli e, mais recentemente Paul Davies contribuíram directamente para o misticismo e para o irracionalismo apoiados na mecânica quântica. A importância dessas tendências pode avaliar-se pela actividade que foi desenvolvida pelos seus seguidores, em particular a organização de grandes encontros internacionais em que participam físicos, psicólogos, gurus, chefes religiosos, etc. Num deles Costa de Beauregard discutiu as consequências telepáticas e telecinéticas da sua formulação da teoria quântica. No mesmo encontro Capra sublinhou que a representação do mundo da física quântica é a mesma dos místicos orientais29.

Para Selleri “Um dos aspectos mais impressionantes da ciência contemporânea é a difusão de ideias e concepções anticientíficas no interior da comunidade dos cientistas e, em particular, entre os físicos teóricos.”30 No entanto, este aspecto “anti-científico” não é exclusivo da ciência do século XX. Já nos alvores da ciência grega tínhamos assistido a um episódio semelhante - a adopção de ideias místicas por uma escola de matemáticos, os Pitagóricos. Pode, de facto, estabelecer-se um paralelismo entre a mística associada à mecânica quântica e a mística pitagórica.

Pitágoras (580-500) e os seus discípulos são os iniciadores de uma área matemática, a Aritmética, hoje designada por Teoria de Números31. Eles produziram resultados matemáticos importantes, perfeitamente integrados no conjunto da ciência grega mas, para além disso, também especularam sobre a natureza e significado dos números, atribuindo-lhes propriedades místicas. Esse pensamento fez escola e perdurou: o desenvolvimento de especulações matemáticas, harmónicas, e de natureza moral e religiosa que se associam ao pitagorismo prolongaram-se por oito séculos (V AC a III DC). O pitagorismo é, pela sua dimensão, o exemplo mais importante de mística científica. Mas existem outros, como o de Kepler (1571-1630), que baseava as suas concepções cosmológicas na harmonia universal, relacionando-a com os sólidos platónicos.

O misticismo pitagórico, e também o de Kepler, assentam em propriedades de objectos científicos tal como acontece com a Mecânica Quântica. Para os pitagóricos, o estudo dos números era mesmo inseparável das especulações geométricas, harmónicas, físicas e cosmológicas. Podemos até dizer que a mística criada em torno dos números foi, para os pitagóricos, um incentivo para o estudo das suas propriedades embora, actualmente, o interesse pelo aspecto matemático dos números nos pareça incompatível com essas fantasias. Segundo Mattei “esse duplo sistema, místico e racional, perturba o nosso hábito moderno de pensar”32. Nem a mística pitagórica é agora necessária para avançar em teoria dos números, nem a crença na harmonia do Universo, tão importante para Kepler, é de qualquer utilidade na astrofísica moderna.

Todas essas ideias que, no passado, alimentaram o trabalho científico, aparecem-nos actualmente como fantasias curiosas. É bem possível que seja esse o futuro de certas interpretações associadas à Mecânica Quântica. Algumas das especulações serão confirmadas outras serão esquecidas e toda a “mística quântica” desaparecerá, para a ciência, tal como desapareceu a de Kepler e a de Pitágoras. Para os cientistas do futuro, toda esta “filosofia quântica” que alimenta disputas e “imposturas intelectuais” aparecerá, provavelmente, como um “paradoxo cultural”, já que, a par de espantosas descobertas, gerou as concepções mais obscuras da história das ideias.

Os casos referidos, de pensamento místico nos cientistas, mostram que não é possível imputar unicamente aos intelectuais de ciências humanas a responsabilidade das concepções pós-modernas acerca da ciência, como parecem fazer Sokal e Bricmont. Os exemplos citados por estes autores permitem talvez afirmar que o pensamento pós moderno, com base em conceitos da física ou da matemática, foi construído à revelia do seu significado nessas ciências. No entanto, as problemáticas do indeterminismo, e de todos os outros temas privilegiados pelos pós-modernos, são multifacetadas, não se podem articular exclusivamente em termos das “duas culturas”.

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1 O termo “duas culturas” é usado pela primeira vez por Snow no artigo “The Two Cultures”, da revista New Statement, 6 de Outubro de 1956, p. 413.
2 Collini, S. , Introdução a As Duas Culturas, Editorial Presença, Lisboa, 1995 (“The Two Cultures”, Cambridge Univ. Press, 1993)
3 Collini, S. Ibid, p. 11
4 No entanto, é possível encontrar, já nos matemáticos das escolas de Oxford e de Paris, do século XIV, em particular em Oresme, a ideia de que a matemática é um instrumento privilegiado de conhecimento dos fenómenos naturais (“Une Histoire des Mathématiques”, Ed. Seuil, 1985, p. 209).
5 Koyré, A., Estudos Galilaicos, Publicações D. Quixote, 1986, pp. 13-20.
6 Koyré, A., Ibid, p. 353
7 Jourdain, P.E.B., The Nature of Mathematics, in The World of Mathematics, Tempus Books, Washington, 1988, p.41.
8 Boorstin, D. “Les Découvreurs », Ed. Seghers, Paris, 1986, p. 331
9 Ibid, p. 338
10 Snow, C.P., As Duas Culturas, Editorial Presença, Lisboa, 1995, pp. 72-82.
11 Bacon, aforismo 129, Novum Organon, I , (1620)
12 Sokal, A. e Bricmont, J., Imposturas Intelectuais, Gradiva, Publicações, L.da, Lisboa, 1999, pp. 31-56
13 Ibid, pp. 37,38.
14 Ibid., pp. 123-131
15 Lyotard, J.-F., A condição Pós-Moderna, Gradiva, p.115, trad. La Condition Pós-Moderne, Paris, Ed. Minuit,1979, (citado por Sokal, A. e Bricmont, J., refª 12, p. 136)
16 Lyotard, J.-F., cf. refª. 15, cap. 13, pp. 105.
17 Lyotard, J.-F., cf. refª. 15, p. 114.
18 Sokal, A. e Bricmont , ob. cit.,ob. Cit., refª 12., p. 133
19 Santos, B. S.,Um discurso sobre as Ciências, Ed. Afrontamento, Porto, 1987, p. 28
20 O autor citado refere-se à Teoria das estruturas dissipativas de Prigogine.
21 Ver a este propósito o texto de Dalmedico, A. D., Le déterminisme de Pierre-Simon Laplace et le déterminisme aujourd’hui,in Chaos et Determinisme, Ed. Du Seuil, 1992, pp. 371- 406
22 “Tudo está ordenado com vista a uma existência única” (...) “o princípio do papel que cada coisa tem no Universo reside na sua própria natureza; quero eu dizer, todos os seres se vão separando necessariamente uns dos outros; e, dentro das suas diversas funções todos eles concorrem para a harmonia do conjunto, Metafísica, Aristóteles, in extractos de «Aristóteles», André Cresson, Ed. 70, p.75 (P.U.F., Paris, 1943)
23 Focault, M., As Palavras e as Coisas, Ed. 70, p.111 (Galimard, Paris, 1966)
24 Israel, G., L’histoire du príncipe du determinisme et ses rencontre avec les mathématiques, in Chaos et Determinisme, Ed. Dalmedico, Chabert et Chemla, Ed. Du Seuil, 1992, p. 257.
25 Dalmedico, A. D., cf. refª 19, p. 404.
26 Selleri, F., Paradoxos e Realidade, Ed. Fragmentos, Lisboa 1990.
27 Ibid, p. 200.
28 Ibid, p. 142
29 Ibid, p. 205
30 Ibid, p. 200
31 A obra aritmética dos pitagóricos é conhecida através do livro 7 dos Elementos de Euclides
32 Mattei, J-F., Pythagore et les Pythagoriciens, Presses Universitaires de France, Paris, 1993, p. 57.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Revolução e contra-revolução




por Ademar Bogo [*]

Escola Florestan Fernandes, do MST.Há quem queira dividir o mundo entre “bons” e “maus”, mas não é correto fazer isto Podemos sim, entender e dividir o mundo de outras maneiras; entre pobres e ricos; entre os que comem e os que não comem; entre revolucionários e contra-revolucionários etc.

Somos por natureza nômades e migrantes, porque estamos sempre em busca de soluções. Acontece que, na atualidade, o capitalismo já não apresenta soluções e por isso os povos migram sem destino.

Temos um poeta brasileiro, João Cabral de Melo Neto, que há cinqüenta anos atrás já previa poeticamente a barbárie. A região em que ele viveu é o nordeste do país onde temos dez milhões de camponeses pobres; e por ser uma região seca, ele nos disse que ali a vida e também a morte são severas ou “Severina”. Elas existem, e se desenvolvem dentro dos seres humanos, e por isso as pessoas costumeiramente são batizadas com este nome: Severino ou Severina.

Nessa mesma região chegamos a ter uma população em que a média de altura chegou a ser 1,57m (um metro e cinquênta e sete centímetros) e por isso as pessoas são conhecidas pela denominação sociológica de “Gabirús”. Destes locais, fugindo da seca as pessoas vão deixando para trás o destino feito com todos os tipos de carências e por isso migram em busca de melhores dias, mas estes, não estão em lugar nenhum. Por isso, bem descreveu o poeta, “somos todos Severinos”, em seu poema Morte e Vida Severina [**] . E disse assim:



O meu nome é Severino
Não tive outro de Pia
Como há tantos Severinos
Que é santo de romaria
Deram então de me chamar
Severino de Maria.
Como há muitos Severinos
Com mães chamadas marias

Fiquei sendo o da Maria
Do finado Zacarias.
Mas isto ainda diz pouco
Há muitos na freguesia
Por causa de um coronel
Que se chamou Zacarias
E que foi o mais antigo
Senhor destas sesmarias.
Como então dizer quem fala
Ora a vossas senhorias?
Vejamos: É o Severino
Da Maria do Zacarias
Lá da Serra da Costela
Limite da Paraíba.
Mas isto ainda diz pouco
Se ao menos mais cinco havia
Com nome de Severino
Com mães chamadas marias
Mulheres de outros tantos
Já finados zacarias
Vivendo na mesma serra
Magra e ossuda em que eu vivia.


Somos todos severinos
Iguais em tudo na vida
Na mesma cabeça grande
Que a custa é que se equilibra
No mesmo ventre crescido
Sobre as mesmas pernas finas
E iguais também porque o sangue
Que usamos tem pouca tinta.


E se somos severinos
Iguais em tudo e na vida
Morremos de morte igual
Mesma morte severina
Que é a morte de que se morre
De velhice antes dos trinta
De emboscada antes dos vinte
De fome um pouco por dia.
De fraqueza e de doença
É que a morte severina
Ataca em qualquer idade
E até gente não nascida.


Somos todos severinos
Iguais em tudo e na sina
Há de abrandar estas pedras
Suando-se muito em cima
Há de tentar despertar
Terra sempre mais extinta
E há de tentar arrancar
Algum roçado das cinzas.
Mas para que nos conheçam
Melhor essas senhorias
E melhor possam saber
A história de nossa vida:
Somos todos severinos
Que pelo planeta emigra”.


O nosso tema hoje, dentro desta ampla discussão sobre “Civilização ou Barbárie” é Revolução e Contra-revolução, juntamente com a ALCA, a Via Institucional na Luta Pelo Poder e a Atualidade do Marxismo.

Podemos iniciar dizendo que, se entendemos a revolução como um processo longo, sem tempo e lugar para chegar, concluiremos que estamos a caminho e todas as iniciativas e esforços são úteis dentro deste tempo indefinido. Se entendemos que a revolução pode ser um processo longo, mas que há um momento em que as forças revolucionárias necessitam definir com quem fica o poder, então estamos em desvantagem em relação a contra-revolução.

Nossa intenção aqui é falar de coisas muito práticas que estão ligadas às circunstâncias históricas e a própria trajetória que a revolução e a contra-revolução tiveram na América Latina.

Quando iniciamos o nosso Movimento tínhamos no Brasil uma ditadura militar, e portanto, um general na presidência da República. Completamos 20 anos e temos hoje um operário governando o País. Embora o operário fosse, na época, perseguido pelo general por suas idéias e práticas revolucionárias, ao chegar ao governo não fez avançar a revolução, pois se propôs a dar continuidade ao modelo econômico estabelecido pela ordem política, econômica e militar das potências capitalistas mundiais.

Mas isto não ocorreu apenas no Brasil! Quando iniciamos o nosso Movimento em 1984, vivíamos o auge do triunfo da revolução nicaraguênse. As lutas guerrilheiras da Guatemala, Peru, Colômbia e principalmente, o processo revolucionário de El Salvador, nos dizia que a revolução estava batendo à nossa porta e que a conquista do poder e a construção do socialismo era uma questão de tempo apenas. As condições estavam dadas.

A ideologia e a filosofia marxista faziam parte desta cultura de lutas e não se encerravam atos e encontros sem antes gritarmos com o punho esquerdo levantado: Viva a revolução e o socialismo!

Presenciamos um processo de desconstrução combinado. Tivemos no Brasil em 1989 uma derrota eleitoral ao mesmo tempo em que na Alemanha se derrubava o muro que separava o socialismo do capitalismo. Logo em seguida ruiu o bloco socialista do Leste Europeu e junto começou a desmoronar na consciência de intelectuais e lideres políticos o patrimônio do conhecimento marxista, colocando-se sobre ele o que se está chamando de “pensamento Pós-modermo”, que não explica nada, ao contrário, confunde e desqualifica o mundo das idéias e das práticas.

Desta forma percebemos que a contra-revolução avançou e se desenvolveu por dois caminhos: Liberalismo e reformismo.

Primeiro - O liberalismo ou neo-liberalismo, se tornou o referencial das forças de direita; estas rearticularam o modelo, recolocaram as suas forças e atacaram com meios mais suaves do que a violência física praticadas pelas ditaduras em quase todos os nossos países latinos americanos.


Primeiramente foram vítimas do modelo as categorias operárias e dos serviços públicos. Os meios usados, eficientemente, foram as privatizações e o emprego de tecnologias avançadas. Ao mesmo tempo em que rebaixavam os salários desempregavam em massas os operários das fábricas.

A classe operária foi diminuída em seu tamanho. O capital externo se apropriou do patrimônio público nacional e os governos, colocaram-se a serviço do império tornando os Estados mais violentos e menos prestativos.

Esta articulação entre: empresas, capital financeiro, Estados nacionais e o império, fizeram este trabalho de aniquilamento das forças revolucionárias e agora, após terem feito este desmonte estrutural da economia nacional urbana, voltam-se para a agricultura e para os locais que concentram matérias-primas fundamentais para uma nova impulsão do capitalismo, como é o caso das florestas, dos minérios, da água doce e das sementes.

Neste sentido é que o modelo se torna imperial do tipo exploração neo-colonial, onde os países além de serem saqueados de suas riquezas, são desautorizados de sua soberania e anexados ao poder central do império de um único país.

De que maneira isto se concretiza?

Através pelo menos de três aspectos:

a) Econômico – voltamos ao patamar de colônia. O meio de acumulação é o saque e a apropriação indevida das riquezas naturais, com o uso da violência física e moral. Os indígenas agora somos todos a grande maioria dos 800 milhões de seres humanos que vivemos nesta Área de Livre Comércio formada por 34 países.

b) Político, jurídico e militar- As decisões, políticas as condenações e os ataques militares virão de fora das colônias. O império tem sua casa protegida, por isso ataca os bárbaros e não civilizados fora de seu território.

c) Cultural - O império necessita destruir os valores e hábitos culturais para erradicar as resistências e controlar as desobediências. As diferenças incomodam demais e o ciúme “civilizatório” não permite que as coisas mais belas e interessantes não estejam sob o seu poder. Por isso, não tendo capacidade de absorvê-las e utilizá-las, as destrói como o menino rico que rasga a bola do menino pobre feita de meia, porque não sabe jogar de pés descalços.

Segundo – O reformismo e o oportunismo tornaram-se prática das forças de esquerda. Estas, no momento em que deveriam organizar e precipitar a revolução entraram em descompasso com o tempo diminuindo o potencial organizativo, rebaixando o nível ideológico, descaraterizando a própria identidade e destruindo a auto-estima militante.

Neste sentido é que podemos perceber pelo menos três grandes limitações que levaram a colaborar com a contra-revolução.

1º– O CUIDADO DA REVOLUÇÃO.

As forças contra-revolucionárias cuidam da contra-revolução, mas as forças “revolucionárias” se descuidaram desta tarefa e passaram a cuidar de alternativas que interceptaram o caminho da revolução.

Se aos movimentos sociais e aos sindicatos cabia cuidar da luta por conquistas imediatas, aos partidos políticos cabia a responsabilidade da formulação estratégica que indicasse o caminho para a tomada do poder. Como isto não ocorreu, e os partidos na sua totalidade (ao se dedicarem aos processos eleitorais), retrocederam à natureza ao nível dos movimentos de massas, tornado-se em vários casos em partidos cartoriais, de massas para uso eleitoral apenas.

2º– A RELAÇÃO ENTRE A LUTA ECONÔMICA E A LUTA POLÍTICA

Na medida em que o modelo econômico do império foi ganhando qualidade, as lutas corporativas foram perdendo a importância no sentido em que suas táticas não atacavam o inimigo principal. Neste sentido, a falta de visão estratégica das forças políticas levaram também ao esgotamento das lutas econômicas. Justamente no momento em que as lutas necessitavam atingir patamares nacionais e internacionais, os movimentos sociais e os sindicatos entraram em descenso.

Na ausência de mobilizações somadas à falta de perspectivas políticas, a contra revolução nos imprimiu duas derrotas fenomenais: a cooptação das forças de esquerda e a colocação dessas forças a seu serviço.

O processo eleitoral a nível continental, induziu as forças revolucionárias desmobilizarem as suas táticas e adotarem as táticas da contra-revolução para disputarem um lugar um lugar no parlamento, “doce lar da burguesia”. Quando mais precisávamos de comandantes, nossos líderes partidários transformaram-se em candidatos. Necessitamos de comandantes para conduzir a revolução e não de presidentes.

Mas a contra-revolução foi além do desmonte político ideológico das forças de esquerda, as elevou ao nível de governo e as colocou a seu serviço na implementação das reformas, o elo que faltava para fechar o circulo do modelo neoliberal. Porque estas, por tratarem da negação dos direitos adquiridos, somente com a conivência das organizações dos trabalhadores, lideradas por líderes populares seria possível. E as forças da social-democracia e de esquerda conseguiram realizar esta façanha não só nas Américas mas também em outros continentes do mundo.

Neste sentido é que intelectuais e lideres populares (como é o nosso caso), começamos a acordar e a nos dar conta de que, entre lutas sociais, sindicais e disputas parlamentares não há diferença, estão todas no mesmo patamar. Ou seja, enquanto as lutas sociais e sindicais nos levam até as conquistas econômicas, as disputas parlamentares nos levam até as reformas. Estas últimas satisfazem sempre mais à direita quanto menor for a pressão popular, mas, jamais por si só levarão a classe trabalhadora ao poder.

3º– O DILEMA ENTRE A ESPONTANEIDADE E A CONSCIÊNCIA

A espontaneidade é característica constitutiva dos movimentos sociais e da luta sindical. É onde se exercita a prática da formação da consciência. Ocorre que, há momentos em que a espontaneidade ganha formas de insurreição e então é o momento propício que as forças revolucionárias tem para tomar o poder.

Vivemos muito nitidamente esta situação recentemente no Equador e na Argentina, mas por falta de organização partidária e despreparo político das massas, o esforço foi desperdiçado.

Casos semelhantes são os da Venezuela e do Brasil. Na Venezuela na Venezuela não se pode atribuir o mérito do processo revolucionário lá desencadeado ás disputas eleitorais, isto porque, vários anos antes de Chaves candidatar-se à presidente da república, houve uma tentativa de tomada do poder através de um levante militar. As massas não estavam preparadas para a insurreição. Reconhecendo a impossibilidade de tomar o poder, Chaves e seu grupo depuseram as armas e se prepararam para um momento seguinte. Neste caso a disputa eleitoral serviu de meio para convocar as massas a reiniciarem a revolução.

No Brasil a eleição de Lula serviu para canalizar o descontentamento das massas contra o modelo e com isso comparecemos ás urnas e elegemos o Presidente com 65% dos votos. Sua popularidade e aceitação logo após a posse, chegaram ao patamar dos 80%. Mas o descontentamento não tinha caraterísticas insurrecionais, nem o governo tentou despertá-la e, por não haver contestação da contra-revolução aos métodos utilizados para governar, nem pressão popular, o modelo derrotado nas urnas ressurgiu no programa de governo com maior vigor. As massas vivem um período de “anestesia crítica”, ou seja, sabem que ganharam as eleições, mas não porque não estão tendo melhoras, e as elites sabem que não perderam e porque estão ganhando. O presidente tem o coração voltado para as massas que o elegeram, mas a cabeça voltada para a ordem capitalista. Não há portanto revolução sem comando e idéias revolucionárias.

Estamos vivendo em alguns lugares, a mesma situação vivida na Alemanha em 1918, onde as massas levaram a revolução até as portas do poder, mas os partidos se negaram a concluí-la.

Os recuos e deformações que impedem a revolução de avançar podemos constatar da seguinte forma:

  • A utopia socialista foi substituída pela topia parlamentar.

  • A elaboração teórica marxista cedeu lugar ao pensamento pós-moderno seguindo a influência pensamento único.

  • As lutas de massas deixaram de ser prioridade e a atração passou ser a disputa eleitoral

  • O militante político foi substituído pelo cabo eleitoral conquistador de votos e não construtor de consciências.

  • A aliança das forças políticas e sociais de caráter classista se conformou na composição de forças de interesses capitalistas e oportunistas.

  • Os princípios filosóficos e revolucionários, da direção coletiva, disciplina consciente, vinculação com as massas, trabalho de base etc. foram renegados.

  • As lutas e enfrentamentos entre as classes foram substituídas por entendimentos, câmaras setoriais e composição de conselhos articulados pelo governo.

  • O quadro político se transformou no de administrador público que entende de contas e contenção de gastos mas nada de revolução.

De modo que, estas duas vias da contra revolução produziram as circunstâncias históricas de desencanto que estamos vivendo em muitos lugares no mundo.

Mas não cabe aos revolucionários a acomodação. As dificuldades foram feitas para serem ultrapassadas. Por isso precisamos dedicar muito mais esforço para enfrentar a contra revolução e devemos começar pela recolocação da utopia socialista. O horizonte é o socialismo o meio para chegar até lá é a revolução.

A partir disso precisamos articular as idéias em torno de um projeto político que faça frente ao imperialismo em todos os seus aspectos. Este projeto deve orientar as lutas de massas, formar a consciência de classes, multiplicar quadros e elevar o grau de solidariedade entre os povos e explorados do mundo.

Por fim, devemos elevar o nível das disputas e articular nossas forças a nível internacional. Até então o imperialismo tem sido internacional, mas não cabe a ele este direito. A solidariedade e a ética revolucionária terão que vencê-lo.

Esta articulação dos povos explorados elevará nossa consciência e nossa capacidade de lutar contra a barbárie e nos colocará no caminho da transformação total e completa do capitalismo.

Para isto precisamos abandonar o objetivo de sermos apenas de “esquerda”, precisamos elevar-nos ao grau de revolucionários.

[*] Do MST brasileiro. Comunicação apresentada no Encontro Internacional "Civilização ou Barbárie", Serpa, Setembro de 2004.

[**] O poema é de João Cabral de Melo Neto.


Este artigo encontra-se em http://resistir.info .

Assine A petição pela prorrogação da CPI do Detran/RS AQUI.







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quarta-feira, 7 de maio de 2008

LUGO DERROTA 60 ANOS DE OLIGARQUIA COLORADA





A Casa da América Latina tem o prazer de convidar para a palestra



LUGO DERROTA 60 ANOS DE OLIGARQUIA COLORADA



(com João Luiz Duboc Pinaud)



João Luiz Duboc Pinaud, advogado, Presidente da Seccional do RJ da Associação Americana de Juristas e do Conselho da Casa da América Latina, esteve no Paraguai na qualidade de Observador Internacional das eleições gerais que se deram recentemente naquele país. Para socializar a rica experiência que viveu e falar sobre a atualidade paraguaia e suas perspectivas, Pinaud fará uma palestra no próximo dia 13 de maio (terça-feira), no Sintrasef-RJ (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal).


Antecedendo a palestra, o historiador e Diretor Cultural da Casa da América Latina, Hiran Roedel, discorrerá sobre o tema “A TRÍPLICE ALIANÇA E A DÍVIDA HISTÓRICA COM O PARAGUAI”, contextualizando a história do Paraguai e suas relações com países vizinhos, sobretudo com o Brasil.


Contaremos também com a apresentação da violonista Maria Haro.


13 de maio de 2008 – terça-feira - 18:00 horas

no Sintrasef (Cinelândia)

(Av. 13 de Maio, 13 – 10º andar – Auditório)


terça-feira, 6 de maio de 2008

Bolivia: No a la división








Hizo un llamado a los prefectos a trabajar junto al Gobierno
Evo Morales: Rotundo fracaso de la consulta ilegal en Santa Cruz

“Luego de este resultado en Santa Cruz, espero que los prefectos me escuchen para que juntos garanticemos una verdadera autonomía a las regiones y sectores, como los pueblos indígenas, pero también para los departamentos”, expresó calmada y sosegadamente el presidente de Bolivia durante un mensaje a la nación en la noche de este domingo, tras el fracaso de la consulta anticonstitucional.


La Paz, 04 de mayo de 2008 / “Este día llamado ‘de fiesta’, que ha provocado muertes y violencia, esta consulta sobre estatutos autonómicos, ha fracasado rotundamente”.


Con estas palabras, el presidente de Bolivia Evo Morales resumió el resultado de la jornada vivida en su país este domingo, luego de la lamentable violencia registrada en el departamento de Santa Cruz, tras la realización de una consulta ilegal e inconstitucional que ningún organismo nacional ni internacional avaló por su evidente falta de legitimidad.


Morales, en mensaje a la nación boliviana, en forma calmada y conciliatoria, convocó a todos los prefectos a trabajar a partir de este lunes por una verdadera autonomía, basada en la nueva constitución política del estado que será votada en elecciones populares por el pueblo boliviano.


“Yo creo en la fuerza del pueblo y en la conciencia del pueblo boliviano. Creo sobre todo en la sabiduría de los movimiento sociales, de sectores más abandonados en sus reivindicaciones económicas y sociales”.


Destacó que la mayoría de los medios de comunicación privados, afectos a la convocatoria ilegal de la consulta que llamaron referendo, emitieron resultados que están preocupando a quienes apostaron por esta aventura.


De creer en estos datos, dijo, entre la abstención, el rechazo de los votos del NO y los votos nulos, sumarían prácticamente más del 50% de los cruceños que respondieron en contra de la ilegalidad.


“Si quisiéramos la verdad, es mucho más que el 50%, y no se puede engañar al pueblo con cifras sobre una presunto triunfo del 80%”-dijo sobre el supuesto apoyo al SÍ. Advirtió que si fuera posible comparar datos de los niveles de abstención (dado que no hay fuente confiable en la consulta ilegal de Santa Cruz), este domingo se triplicaría el total de votantes que se rebelaron contra las pretensiones de los prefectos.


“Ésa es la conciencia de los cruceños, que no están de acuerdo con la ilegalidad, la inconstitucionalidad, y menos con la separación ni la independencia que propugnan los prefectos”, dijo al lamentar la violencia que arrojó la jornada y que se saldó con una persona fallecida y varias heridas.


“Lamentablemente esta consulta ha dividido al Departamento de Santa Cruz y los ha enfrentado…”.


“¡Qué bueno sería que las autoridades, los dirigentes de Santa Cruz, dijeran la verdad!”-reflexionó, y se preguntó ¿qué más habrá todavía según lo informado por los medios?.


“Nace una gran rebelión en el Departamento de Santa Cruz, contra grupos que siempre usaron al pueblo en base a recursos económicos. Estoy seguro que esto, tarde o temprano, terminará porque el pueblo no se moviliza ni se maneja con prebendas ni recursos económicos”.


“No se puede forzar, obligar bajo intimidaciones, y tratar de llevar autonomías inconstitucionales como pretendían. Esperamos que nuestro llamado, mi llamado, sea escuchado por los prefectos para garantizar una autonomía para los pueblos y no para grupos…una autonomía verdadera, que permita que los pueblos tengan derecho a decidir su destino y futuro como bolivianos”.


Ora/VTV

FARC: Meu regresso à montanha



Written by Rodrigo Granda
Nov 24, 2007 at 12:59 AM
Ricardo González, o comandante Rodrigo Granda, membro da Comissão Internacional das Forças Armadas da Colômbia-Exército do Povo, seqüestrado em Dezembro de 2004 na Venezuela pelos serviços secretos colombianos, coadjuvados por alguns polícias da Venezuela, e libertado há poucos meses a pedido de Sarkozy, regressou à montanha, à luta por uma Colômbia de paz com justiça social, à luta pelo socialismo… Este é o primeiro artigo que ele escreveu desde quando retomou seu lugar na Comissão Internacional das FARC.

Seguramente os que, em Dezembro de 2004, planificaram, financiaram e executaram o meu seqüestro de Estado em Caracas nunca imaginaram que quem levavam algemado, com as mãos atrás das costas, encapuçado e metido na mala daquele carro azul, alguém que se converteria, pelo absurdo da ação, no centro de atenção dos povos e governos da Colômbia e Venezuela e da opinião pública internacional.


O sr. Uribe julgou-se no direito de imitar Bush, então em plena execução de atos de pirataria violadores da soberanias nacional de países dos cinco continentes, seqüestrando revolucionários, levando-os para prisões secretas de Estados cúmplices, em vôos e aterragens secretos, contando com a complacência dos que se juntaram à sua obsessiva “guerra infinita”, lançada para acelerar a sua absurda luta contra o terrorismo.


Os sequestros no exterior contra opositores do regime uribista, particularmente em território venezuelano, são uma prática constante do governo colombiano. Antes do meu seqüestro ocorreram outros iguais ou de outras pessoas com pior sorte, sobre as quais recaíram tolas suspeitas de pertencerem às FARC-EP e ao ELN. Depois ocorreram novos casos sem que a denúncia nacional e internacional conseguissem pôr fim a estes crimes.


Amparados na impunidade que os protege, um grupo da mais alta hierarquia do governo colombiano que tinha declarado as FARC como organização terrorista e mandado capturar ou assassinar os membros da Comissão Internacional da nossa organização guerrilheira, em qualquer país em que se encontrassem, deu via livre para o Seqüestro de Caracas.


Por ação ou omissão, são responsáveis: Álvaro Uribe Velez (Presidente da Colômbia), Francisco Santos (Vice-Presidente), Albero Uribe Echevarria (ex ministro da Defesa),, General Jorge Daniel Castro (ex diretor da Polícia Nacional), Óscar Naranjo (hoje General e diretor da Polícia Nacional), Jorge Nogueira (ex diretor do Departamento Administrativo de Segurança, DAS), presentemente detido pela sua ligação aos grupos paramilitares), e um grupo de oficiais da polícia, do exército e procuradores judiciais., que agiram conluiados com as pessoas corruptas da Guarda Nacional e da DISIP venezuelanas.


As autoridades colombianas partiam do pressuposto de que, ao apresentarem-me como terrorista e narcotraficante “capturado na cidade colombiana de Cúcuta”, averbariam um rotundo triunfo na sua luta contra as FARC-EP. Daí, os seus esforços por apresentar-me como Chanceller da nossa organização e Comandante de primeira importância nas fileiras guerrilheiras, recusando-me assim a condição incontroversa de simples soldado da revolução.


Os mimos e as ofertas de dinheiro e até a colocação no estrangeiro com a família, misturaram-se com as ameaças de extradição para os Estados Unidos ou Paraguai, com a chantagem de que “não voltaria a ver a luz do sol porque os processos judiciais contra mim, estavam bem encadeados, de acordo com as palavras dos captores. Só me restava uma opção, segundo eles, admitir mentir para envolver o Presidente Hugo Chávez e a revolução venezuelana na insurreição colombiana, e aceitar tornar-me colaborador perpétuo do exército regular e dos órgãos de segurança do Estado paramilitar e mafioso, denunciar os meus camaradas e entregar-lhes o Comandante Raul Reyes.


Repulsa e asco foi o que provocaram os proponentes de semelhantes propostas e os encarregados de as apresentar.


A valentia de um variado leque de intelectuais de todo o mundo, de democratas, de organizações populares venezuelanas e colombianas e de um alto número de jornalistas denunciando o rapto, como também e sobretudo o comunicado do Secretariado Nacional das FARC-EP exigindo uma resposta sobre o sucedido comigo impediram que a manobra uribista ficasse impune. O mundo conheceu a verdade sobre um seqüestro de Estado feito pelo governo colombiano, violando a soberania de um país que, mais que amigo é um irmão no concerto das nações filhas de Bolívar.


A peregrinação pelas cadeias de segurança máxima do país, a comparência perante procuradores judiciais, juízes e tribunais venais converteu-se no quotidiano que tinha um único fim: a condenação do processado, independentemente da sua inocência nas acusações dos emaranhados processos que lhe montaram. Era um problema político cuja decisão estava no governo, e onde juízes claudicaram vergonhosamente no momento de “falar em consciência”, mostrando que existe uma justiça de classe e como se aplica como vingança contra os lutadores populares.


Vinte e um anos parecia-lhes pouco, por isso preparam outros processos infames para continuar a incrementar os lustros em que devia permanecer nos seus fortalezas prisionais, verdadeiras masmorras da indignidade, doadas pelo Bureau de prisões dos Estados Unidos.


Atónito deve ter ficado Uribe quando o Presidente da França, Nicolas Sarkozy, pediu a minha libertação. Só conseguiu dizer que “primou a confiança sobre a curiosidade e por isso se absteve de perguntar as razões”. Este gesto de Sarkozy deu uma volta total ao caso Granda.


Os agoireiros e os defensores da possível extradição, os que pediam a prisão perpétua sem que tal pena esteja consagrada nos códigos do nosso país e os que lamentavam que não se aplicasse a pena de morte na Colômbia ficaram decepcionados. O para eles “criminoso”, sairia de cabeça levantada, novamente a “delinquir”.


Jogando com cartas marcadas, o governo colombiano quis aproveitar a petição de Sarkozy para os seus próprios fins e tortuosos interesses. Sarkozy pediu unicamente ao sr. Uribe que me libertasse. Nada mais. Mas o governo viu no pedido francês uma oportunidade para sacar vantagens políticas, mostrando toda a hipocrisia do seu “grande coração”.


É então que o Diretor Nacional do INPEC, General Eduardo Morales Beltrán, se desloca à prisão de segurança máxima de Dorada (Caldas), para auscultar se Granda tinha alguma coisa contra a uma entrevista com o “Alto Comissário para a Paz” do governo de Uribe, ao que respondi que não via nenhum inconveniente.


No dia seguinte ao encontro com o General, este regressou na companhia do Comissário dr. Restrepo, que me mostra Jhon Jairo e outro companheiro, magro, como representantes dos combatentes das FARC presos, e me informou que o governo decidira libertar mais de 300 membros da guerrilha, de uma lista de 1.600 presos que, segundo eles, tinham em diversas prisões - número inflacionado e falso.


A idéia era que Jhon Jairo, da coluna Túlio Barón das FARC, e Granda encabeçassem a desmobilização dos combatentes a partir da cadeia, visto que com isso o governo procurava desencalhar o acordo humanitário do intercâmbio e propiciar aproximações aos diálogos de paz, na procura de uma saída para o conflito que vive a Colômbia. Perguntaram-nos ininterruptamente se haveria um gesto de reciprocidade das FARC, perante a nossa eventual libertação e a do resto dos camaradas.

O dr. Restrepo acrescentou que as condições para nos libertarem eram: renunciar à condição de membros das FARC, não regressar à montanha, não atacar a força pública nem a população civil, não seqüestrar e não voltar a delinquir. Propostas, enfim, ofensivas e por nós inaceitáveis, pois tratavam-nos como delinquente comuns deixando de lado, no meu caso, o caráter de seqüestrado pelo Estado colombiano e o de prisioneiros de guerra no caso dos outros companheiros.


Obviamente, recusámos imediatamente aceitar tais condições, pelo que a reunião terminou abruptamente. O Comissário Restrepo e o General Morales não tiveram outro remédio senão voltar a Bogotá e nós à escaldante e escura cela.


Ao mesmo tempo que nos apresentava a proposta na Dorada, as restantes cadeias de todo o país eram visitadas por um enxame de procuradores judiciais, delegados do Comissário para a Paz e alguns juízes, que levavam aos membros das FARC a mensagem de que o governo os poria em liberdade logo que preenchessem um formulário onde deviam aceitar as mesmas condições indignas que nos tinha proposto o dr. Restrepo.


Quando menos esperávamos recebemos nova visita do dr. Restrepo e do General Morales. O Comissário disse que o governo estava disposto a indultar-nos ou a anistiar-nos ou a que nos acolhêssemos à “Lei de Justiça e Paz”, e que ficaríamos sob a tutela da Cruz Vermelha Internacional, da Igreja ou, se o preferíssemos, poderíamos sair para o estrangeiro; Em qualquer caso devíamos aceitar as condições mencionadas. Sustentámos a primeira resposta: o NÃO claro e absoluto.


Até esse momento desconhecíamos as diligências e o pedido de Sarkozy. Dele nunca o comissário nos falou. É perante a segunda negativa, e noutra conversa, que o comissário se vê obrigado a pôr o que estava a acontecer, dizendo que “o governo tomou a decisão de libertar Granda. Isto não é extensivo a Jhon Jairo.

É um gesto unilateral do governo que por razões de Estado assim actua, atendendo uma solicitação do Presidente da França, Sarcozy. Sairá um decreto que já foi para consulta dos partidos políticos, da Igreja e das cortes. Não venho negociar nada e o governo permite que Granda vá para uma Embaixada ou que fique transitoriamente entregue à Igreja, enquanto há consultas com os governos da França, da Suíça ou de Cuba para que saia para algum desses países. Se recusar abandonar o presídio, o Estado colombiano fará uso de toda a sua força para o tirar e pô-lo às portas do cárcere. Isto será feito antes de 7 de Junho de 2007, data em que o presidente Uribe fará o anúncio público nos meios de comunicação, e explicará as razões de Estado que o levaram a tomar a decisão de libertar Granda e outros guerrilheiros das FARC”.


Perante a situação criada entrámos em contacto com o Padre Dário Echevarri, secretário da Conferência Episcopal Colombiana e com o adido político da Embaixada de Cuba na Colômbia, o senhor Antelo, para ver como podiam colaborar com a minha estadia transitória num desses lugares, a fim de evitar um possível atentado contra mim, coisa que há já algum tempo se vinha murmurando na cadeia, e que, se ficasse em liberdade em Dorada facilmente poderia ser levado à prática pelas instituições oficiais ou pelos seus paramilitares.


O Decreto presidencial da minha libertação foi publicado a 4 de Junho e imediatamente executado. Para isso, o governo invoca razões de Estado e acrescenta que me nomeia “gestor da paz”, um suposto cargo que não existia e que eu não poderia aceitar, pois enquanto guerrilheiro obedeço às ordens dos organismos superiores das FARC-EP que são quem me diz qual trabalho que devo desempenhar e não obedeço Uribe Velez.

Acrescentaria que todos os comandantes e combatentes das FARC-EP são verdadeiros propulsores da paz com justiça social sem necessitarem de uma nomeação por decreto, muito menos do Presidente Uribe. Trabalha-se para ela por convicção e para levar a felicidade ao nosso povo, um dever de todos nós que nos reclamamos revolucionários.


Do cárcere de D. Juana de la Dorada (Caldas) fui transferido de helicóptero para a base aérea de Palanquero, e desta de avião ao serviço do Comissário. Na sua companhia e do Padre Dário Echevarri fui levado para Bogotá. A Igreja disponibilizou os aposentos da Conferência Episcopal para a minha estadia na cidade, enquanto se tratava os trâmites para a minha permanência transitória em Cuba, Suíça ou França, únicos destinos possíveis, porque o governo recusou repatriar-me para a minha segunda Pátria, Venezuela, cuja cidadania adquiri respeitando todos os procedimentos legais. Também me foi negada a minha pretensão de ir para o Equador ou para o Brasil.


Por acordo entre os governos de Cuba e da Venezuela, e contando pela minha parte com a autorização do Secretariado das FARC-EP, fui transferido para a ilha num vôo charter, acompanhado novamente pelo padre Dari Echevarri e agora também por um dos meus advogados, o brilhante jurista Miguel Ángel González. Uma representativa comitiva de Estado e do Partido Comunista de Cuba, encabeçada por Armando Campos e José António López teve a deferência de nos receber em Cuba.


O Conselho de Estado e depois o Partido Comunista de Cuba assumiram, desde a minha chegada, impecáveis e calorosas atenções de que fui objeto nos mais de três meses que permaneci na pátria de José Marti, de Fidel e de Che, recebendo essa imensa fraternidade que tão generosamente emana de tão heróico e maravilhoso povo.


Gratas surpresas nos dá a vida. Hoje, por decisão soberana das FARC-EP, o Secretariado Nacional da Organização considera que devo retomar as tarefas que tinha no Intercâmbio Humanitário e prosseguir com os meus modestos esforços, que se somam aos de todo o coletivo Fariano que batalha por encontrar uma saída diferente da guerra imposta pela teimosia de Uribe.


Sem deixar Cuba, porque ela permanecerá sempre no meu coração, com esse magnânimo propósito mencionado, voltei a Caracas e a 8 de Outubro, Dia do Guerrilheiro Heróico, pude estar novamente nos sempre saudosos acampamentos insurrectos, recebendo o abraço bolivariano dos camaradas e irmãos que nesse belo instante representavam os milhares de guerrilheiros e guerrilheiras, combatentes pela Nova Colômbia.

Aí estávamos novamente com Ivan Marques, Santrich, Lúcia, Marco Calarcá e centenas de combatentes que jamais nos abandonaram, como não abandonarão os companheiros na prisão, celebrando o vitorioso regresso à montanha com uma felicidade infinita que estendemos, como um sinal de vitória, a todos os combatentes de Manuel [N. do T.: refere-se a Manuel Marulanda, el Tirofijo, líder das FARC-EP], nos cárceres, nos vales, nas cordilheiras, montanhas e cidades da Colômbia, certo de que, com nosso regozijo vai também a esperança do povo que anseia pela paz.


Aqui estamos na montanha e enganam-se os que acreditam que a partir daqui delinquímos. Estamos cumprindo o dever sagrado de lutar pela Nova Colômbia, a Pátria Grande Bolivariana e o Socialismo. Tradução de José Paulo Gascão (odiario.info)


Rodrigo Granda é Membro da Comissão Internacional das Forças Armadas da Colômbia-Exército do Povo FARC-EP), seqüestrado em Dezembro de 2004 na Venezuela pelos serviços secretos colombianos.

Por que Zurdo?

O nome do blog foi inspirado no filme Zurdo de Carlos Salcés, uma película mexicana extraordinária.


Zurdo em espanhol que dizer: esquerda, mão esquerda.
E este blog significa uma postura alternativa as oficiais, as institucionais. Aqui postaremos diversos assuntos como política, cultura, história, filosofia, humor... relacionadas a realidades sem tergiversações como é costume na mídia tradicional.
Teremos uma postura radical diante dos fatos procurando estimular o pensamento crítico. Além da opinião, elabora-se a realidade desvendando os verdadeiros interesses que estão em disputa na sociedade.

Vos abraço com todo o fervor revolucionário

Raoul José Pinto



ZZ - ESTUDAR SEMPRE

  • A Condição Pós-Moderna - DAVID HARVEY
  • A Condição Pós-Moderna - Jean-François Lyotard
  • A era do capital - HOBSBAWM, E. J
  • Antonio Gramsci – vida e obra de um comunista revolucionário
  • Apuntes Criticos A La Economia Politica - Ernesto Che Guevara
  • As armas de ontem, por Max Marambio,
  • BOLÍVIA jakaskiwa - Mariléia M. Leal Caruso e Raimundo C. Caruso
  • Cultura de Consumo e Pós-Modernismo - Mike Featherstone
  • Dissidentes ou mercenários? Objetivo: liquidar a Revolução Cubana - Hernando Calvo Ospina e Katlijn Declercq
  • Ensaios sobre consciência e emancipação - Mauro Iasi
  • Esquerdas e Esquerdismo - Da Primeira Internacional a Porto Alegre - Octavio Rodríguez Araujo
  • Fenomenologia do Espírito. Autor:. Georg Wilhelm Friedrich Hegel
  • Fidel Castro: biografia a duas vozes - Ignacio Ramonet
  • Haciendo posible lo imposible — La Izquierda en el umbral del siglo XXI - Marta Harnecker
  • Hegemonias e Emancipações no século XXI - Emir Sader Ana Esther Ceceña Jaime Caycedo Jaime Estay Berenice Ramírez Armando Bartra Raúl Ornelas José María Gómez Edgardo Lande
  • HISTÓRIA COMO HISTÓRIA DA LIBERDADE - Benedetto Croce
  • Individualismo e Cultura - Gilberto Velho
  • Lênin e a Revolução, por Jean Salem
  • O Anti-Édipo — Capitalismo e Esquizofrenia Gilles Deleuze Félix Guattari
  • O Demônio da Teoria: Literatura e Senso Comum - Antoine Compagnon
  • O Marxismo de Che e o Socialismo no Século XXI - Carlos Tablada
  • O MST e a Constituição. Um sujeito histórico na luta pela reforma agrária no Brasil - Delze dos Santos Laureano
  • Os 10 Dias Que Abalaram o Mundo - JOHN REED
  • Para Ler O Pato Donald - Ariel Dorfman - Armand Mattelart.
  • Pós-Modernismo - A Lógica Cultural do Capitalismo Tardio - Frederic Jameson
  • Questões territoriais na América Latina - Amalia Inés Geraiges de Lemos, Mónica Arroyo e María Laura Silveira
  • Simulacro e Poder - uma análise da mídia, de Marilena Chauí (Editora Perseu Abramo, 142 páginas)
  • Soberania e autodeterminação – a luta na ONU. Discursos históricos - Che, Allende, Arafat e Chávez
  • Um homem, um povo - Marta Harnecker

zz - Estudar Sempre/CLÁSSICOS DA HISTÓRIA, FILOSOFIA E ECONOMIA POLÍTICA

  • A Doença Infantil do Esquerdismo no Comunismo - Lênin
  • A História me absolverá - Fidel Castro Ruz
  • A ideologia alemã - Karl Marx e Friedrich Engels
  • A República 'Comunista' Cristã dos Guaranis (1610-1768) - Clóvis Lugon
  • A Revolução antes da Revolução. As guerras camponesas na Alemanha. Revolução e contra-revolução na Alemanha - Friedrich Engels
  • A Revolução antes da Revolução. As lutas de classes na França - de 1848 a 1850. O 18 Brumário de Luis Bonaparte. A Guerra Civil na França - Karl Marx
  • A Revolução Burguesa no Brasil - Florestan Fernandes
  • A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky - Lênin
  • A sagrada família - Karl Marx e Friedrich Engels
  • Antígona, de Sófocles
  • As tarefas revolucionárias da juventude - Lenin, Fidel e Frei Betto
  • As três fontes - V. I. Lenin
  • CASA-GRANDE & senzala - Gilberto Freyre
  • Crítica Eurocomunismo - Ernest Mandel
  • Dialética do Concreto - KOSIK, Karel
  • Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico - Friedrich Engels
  • Do sonho às coisas - José Carlos Mariátegui
  • Ensaios Sobre a Revolução Chilena - Manuel Castells, Ruy Mauro Marini e/ou Carlos altamiro
  • Estratégia Operária e Neocapitalismo - André Gorz
  • Eurocomunismo e Estado - Santiago Carrillo
  • Fenomenologia da Percepção - MERLEAU-PONTY, Maurice
  • História do socialismo e das lutas sociais - Max Beer
  • Manifesto do Partido Comunista - Karl Marx e Friedrich Engels
  • MANUAL DE ESTRATÉGIA SUBVERSIVA - Vo Nguyen Giap
  • MANUAL DE MARXISMO-LENINISMO - OTTO KUUSINEN
  • Manuscritos econômico filosóficos - MARX, Karl
  • Mensagem do Comitê Central à Liga dosComunistas - Karl Marx e Friedrich Engels
  • Minima Moralia - Theodor Wiesengrund Adorno
  • O Ano I da Revolução Russa - Victor Serge
  • O Caminho do Poder - Karl Kautsky
  • O Marxismo e o Estado - Norberto Bobbio e outros
  • O Que Todo Revolucionário Deve Saber Sobre a Repressão - Victo Serge
  • Orestéia, de Ésquilo
  • Os irredutíveis - Daniel Bensaïd
  • Que Fazer? - Lênin
  • Raízes do Brasil - Sérgio Buarque de Holanda
  • Reforma ou Revolução - Rosa Luxemburgo
  • Revolução Mexicana - antecedentes, desenvolvimento, conseqüências - Rodolfo Bórquez Bustos, Rafael Alarcón Medina, Marco Antonio Basilio Loza
  • Revolução Russa - L. Trotsky
  • Sete ensaios de interpretação da realidade peruana - José Carlos Mariátegui/ Editora Expressão Popular
  • Sobre a Ditadura do Proletariado - Étienne Balibar
  • Sobre a evolução do conceito de campesinato - Eduardo Sevilla Guzmán e Manuel González de Molina

ZZ - Estudar Sempre/LITERATURA

  • 1984 - George Orwell
  • A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende
  • A Espera dos Bárbaros - J.M. Coetzee
  • A hora da estrela - Clarice Lispector
  • A Leste do Éden - John Steinbeck,
  • A Mãe, MÁXIMO GORKI
  • A Peste - Albert Camus
  • A Revolução do Bichos - George Orwell
  • Admirável Mundo Novo - ALDOUS HUXLEY
  • Ainda é Tempo de Viver - Roger Garaud
  • Aleph - Jorge Luis Borges
  • As cartas do Pe. Antônio Veira
  • As Minhas Universidades, MÁXIMO GORKI
  • Assim foi temperado o aço - Nikolai Ostrovski
  • Cem anos de solidão - Gabriel García Márquez
  • Contos - Jack London
  • Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski
  • Desonra, de John Maxwell Coetzee
  • Desça Moisés ( WILLIAM FAULKNER)
  • Don Quixote de la Mancha - Miguel de Cervantes
  • Dona flor e seus dois maridos, de Jorge Amado
  • Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago
  • Ensaio sobre a lucidez, de José Saramago
  • Fausto - JOHANN WOLFGANG GOETHE
  • Ficções - Jorge Luis Borges
  • Guerra e Paz - LEON TOLSTOI
  • Incidente em Antares, de Érico Veríssimo
  • Memórias do Cárcere - Graciliano Ramos
  • O Alienista - Machado de Assis
  • O amor nos tempos do cólera - Gabriel García Márquez
  • O Contrato de Casamento, de Honoré de Balzac
  • O Estrangeiro - Albert Camus
  • O homem revoltado - Albert Camus
  • O jogo da Amarelinha – Júlio Cortazar
  • O livro de Areia – Jorge Luis Borges
  • O mercador de Veneza, de William Shakespeare
  • O mito de Sísifo, de Albert Camus
  • O Nome da Rosa - Umberto Eco
  • O Processo - Franz Kafka
  • O Príncipe de Nicolau Maquiavel
  • O Senhor das Moscas, WILLIAM GOLDING
  • O Som e a Fúria (WILLIAM FAULKNER)
  • O ULTIMO LEITOR - PIGLIA, RICARDO
  • Oliver Twist, de Charles Dickens
  • Os Invencidos, WILLIAM FAULKNER
  • Os Miseravéis - Victor Hugo
  • Os Prêmios – Júlio Cortazar
  • OS TRABALHADORES DO MAR - Vitor Hugo
  • Por Quem os Sinos Dobram - ERNEST HEMINGWAY
  • São Bernardo - Graciliano Ramos
  • Vidas secas - Graciliano Ramos
  • VINHAS DA IRA, (JOHN STEINBECK)

ZZ - Estudar Sempre/LITERATURA GUERRILHEIRA

  • A Guerra de Guerrilhas - Comandante Che Guevara
  • A montanha é algo mais que uma imensa estepe verde - Omar Cabezas
  • Da guerrilha ao socialismo – a Revolução Cubana - Florestan Fernandes
  • EZLN – Passos de uma rebeldia - Emilio Gennari
  • Imagens da revolução – documentos políticos das organizações clandestinas de esquerda dos anos 1961-1971; Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá
  • O Diário do Che na Bolívia
  • PODER E CONTRAPODER NA AMÉRICA LATINA Autor: FLORESTAN FERNANDES
  • Rebelde – testemunho de um combatente - Fernando Vecino Alegret

ZZ- Estudar Sempre /GEOGRAFIA EM MOVIMENTO

  • Abordagens e concepções de território - Marcos Aurélio Saquet
  • Campesinato e territórios em disputa - Eliane Tomiasi Paulino, João Edmilson Fabrini (organizadores)
  • Cidade e Campo - relações e contradições entre urbano e rural - Maria Encarnação Beltrão Sposito e Arthur Magon Whitacker (orgs)
  • Cidades Médias - produção do espaço urbano e regional - Eliseu Savério Sposito, M. Encarnação Beltrão Sposito, Oscar Sobarzo (orgs)
  • Cidades Médias: espaços em transição - Maria Encarnação Beltrão Spósito (org.)
  • Geografia Agrária - teoria e poder - Bernardo Mançano Fernandes, Marta Inez Medeiros Marques, Júlio César Suzuki (orgs.)
  • Geomorfologia - aplicações e metodologias - João Osvaldo Rodrigues Nunes e Paulo César Rocha
  • Indústria, ordenamento do território e transportes - a contribuição de André Fischer. Organizadores: Olga Lúcia Castreghini de Freitas Firkowski e Eliseu Savério Spósito
  • Questões territoriais na América Latina - Amalia Inés Geraiges de Lemos, Mónica Arroyo e María Laura Silveira