Pedro Osório RS
(Um dos agricultores desaparecidos aparece em foto sendo gravateado e levado por fazendeiros)
Dois agricultores Sem Terra permanecem desaparecidos após o confronto com fazendeiros e soldados da Brigada Militar na manhã desta quinta-feira(09) no salão paroquial de Pedro osório. Outros 15 colonos foram feridos e sete deles estão detidos na Delegacia de Policia do município.
O deputado Dionilso Marcon e a assessora parlamentar Patrícia Couto também sofreram agressões por parte dos brigadianos.
Marcon representaria a Assembléia Legislativa em uma audiência pública no salão paroquial, que serviria para discutir a questão dos acampamentos rurais na Região Sul do Estado com a ouvidoria do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), com o Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, governos federal e estadual, deputados e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terras.
Duzentas famílias acampadas na Fazenda Palma se dirigiram ao local para participar da audiência e foram impedidas por um grupo de fazendeiros da região de entrar no local. Antes disso, foram revistadas e identificadas por soldados da Brigada Militar. Segundo testemunhas, um dos fazendeiros teria dito: “Retirem esses sem terra daqui, pois somos nós que pagamos vocês”. Neste momento, mais de 150 policiais militares invadiram o local e espancaram dezenas de trabalhadores rurais, juntamente com o deputado Dionilso Marcon e sua assessoria.
Segundo Marcon, os sem terra não estavam armados, uma vez que foram revistados e identificados pela BM. No confronto, 15 sofreram ferimentos e sete foram presos depois do atendimento médico no hospital da cidade. Quatro deles, inclusive, permanecem algemados desde às 9 horas da manhã, inclusive durante o atendimento médico. O parlamentar foi impedido de circular no hospital, onde tentava obter notícias sobre os feridos. Foi necessária a intervenção do presidente da Assembléia, deputado Frederico Antunes, para que o capitão Vitor, responsável pelo comando dos soldados que vigiavam o hospital, permitisse o acesso do deputado.
Marcon permanece nas imediações do salão paroquial, junto ao sem terra que querem notícias sobre os dois colegas desaparecidos. O deputado relata que viu um destes agricultores sendo detido pelos fazendeiros. Eles são os primos Leonardo e Lázaro Burscheidt, lideranças do acampamento da área da Fazenda Palma.
MST já havia denunciado truculência da BM
Nesta quarta-feira(08), integrantes do Movimento Sem Terra denunciam que a polícia abusou da violência durante o despejo realizado nesta terça-feira(07) na Fazenda da Palma, em Pedro Osório , ocupada por 200 colonos desde a última quinta-feira.
A reintegração de posse da fazenda foi dada pela Justiça da cidade na sexta-feira (03). Um dos coordenadores do acampamento, Marcelino Hanauer, contou que cerca de 400 policiais da cavalaria e do Batalhão de Choque desmontaram os banheiros, a escola e a horta que as famílias haviam feito na Fazenda da Palma.
Além disso, relata Marcelino, a polícia revistou os barracos do acampamento e até mesmo a casa de famílias já assentadas na área ao lado da fazenda, em busca de uma suposta arma de fogo. “Invadiram o acampamento e a gente conseguiu negociar que alguns acampados acompanhassem a revista dos barracos, com o único argumento de buscar arma de fogo. Revistaram inclusive as nossas escolas e não encontraram nada”, diz.
Esta é a terceira vez em que as famílias denunciam abuso da polícia em despejos realizados na fazenda. Os sem terra estão acampados, desde fevereiro, em uma área cedida pelo assentamento Novo Pedro Osório, que fica ao lado da fazenda.
Na vez em que as famílias ocuparam a fazenda em abril, a polícia também revistou os barracos e casas de assentados, em busca de uma suposta arma de fogo. Na época, os acampados também registraram ocorrência do espancamento de um integrante por policiais.Todos estes casos seriam denunciados pelo MST na audiência pública.
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