sábado, 13 de fevereiro de 2010

Para que serve mesmo o Fórum Social Mundial?




Por: Paulo Winícius Teixeira de Paula(*)


De 25 a 29 de janeiro ocorreu na região metropolitana de Porto Alegre a 10ª edição do Fórum Social Mundial. Goiás se fez presente através da caravana do DCE-UFG (Diretório Central dos Estudantes da UFG) onde militantes estudantis, comunistas e artistas de rua puderam acompanhar a grande festa da Social Democracia - o Fórum Social Mundial 2010 - demonstrando que as ONG's continuam sendo a melhor maneira de reunir pessoas para um grande objetivo: não mudar nada nas estruturas sociais vigentes. Ocorreram cinco dias de intensos debates e de ínfimos encaminhamentos. O evento divulgado na página do Banco Mundial é organizado por ONG's que passam desde a ATTAC (Associação pela Taxação das Transações Financeiras e de Ajuda aos Cidadãos) que tem apoiadores como Fernando Henrique Cardoso e o mega especulador George Soros, até a Associação Brasileira de ONGs. O FSM 2010 deixou de lado sua artilharia contra o neoliberalismo para tentar exaltar um ambientalismo e um suposto desenvolvimento sustentável no atual modo de produção. Porém, em meio a muita diversidade não é possível encontrar unidade que preveja ações concretas contra o verdadeiro inimigo que acaba com os recursos naturais do planeta: o capitalismo.

Entre avisos e faixas de que "Outro mundo é possível", não se permitia dizer o nome deste outro mundo, nem tão pouco falar em superação do capitalismo, mas falar em igualdade, distribuição de renda mais justa, protagonismo... tudo isso se ouvia aos montes! Da Fundação Ford (esse "d" no final é de demissões) até o Instituto Luis Eduardo Magalhães (isso mesmo, tem o nome do filho de ACM "Toninho Malvadeza"), todos estavam comprometidos com... a integração de culturas, a defesa da Amazônia e com um futuro melhor, mas este mais indefinido do que o céu para os cristãos.

Mesmo dentro do clima de dispersão montado pela organização do FSM, (que colocou como cidades sede somente as prefeituras do entorno de Porto Alegre dirigidas pelo PT) destacou-se a ação daqueles que não vêem possibilidade de conciliação em uma sociedade dividida em classes. A UJC - União da Juventude Comunista ao lado dos militantes do PCB - Partido Comunista Brasileiro engrossaram a marcha de abertura do Fórum ao lado dos petroleiros reforçando a campanha "O Petróleo tem que ser nosso". No segundo dia de atividades enfatizou-se a ação da juventude no debate com familiares de presos políticos da Colômbia realizado pelo Comitê de Solidariedade à Colômbia, na cidade de São Leopoldo.

O Fórum foi válido como local onde os que não rezam pela cartilha dos sociais liberais podiam se encontrar em atividades paralelas, reunir-se com aqueles que têm a convicção de que não há como humanizar o capitalismo, que a sociedade se reproduz com a riqueza produzida pelo nosso trabalho e que economias solidárias, oficinas de reciclagem e manifestos contra o consumo de carne podem ser muito interessantes sim, mas não oferecem a oportunidade de emancipação enquanto classe explorada.

Pra não dizer que não falei dos cravos (e viva a luta dos portugueses), devo ressaltar os contatos com os comunistas venezuelanos e suas experiências de organização social, além do contato com os militantes paraguaios que denunciam a ação dos latifundiários brasileiros produtores de soja que realizam atentados contra camponeses e ainda tem assistência jurídica oficial do Governo Lula, enfim tem muita gente lutando contra o capitalismo nessa América Latina!

Tendo como ponto alto a Marcha da Maconha, o ato pelo sexo livre e, para coroar, o Presidente do Brasil dizendo que emprestar dinheiro ao FMI é sinal de desenvolvimento, fico com a indagação lúcida do Presidente do Paraguai Fernando Lugo "Pra que serve mesmo o Fórum Social Mundial?"

O que fica mesmo deste Fórum é a determinação dos comunistas, dos lutadores e militantes que acreditam no caráter socialista da revolução brasileira, que conseguem realizar de maneira subversiva atividades paralelas, apontando para o único mundo possível, aquele onde cada um viva do seu trabalho: o Socialismo.

(*) Paulo Winícius Teixeira de Paula é bacharel e estudante de Licenciatura em História pela UFG, representante dos estudantes no Conselho Universitário da UFG, coordenador nacional da UJC - União da Juventude Comunista, secretário de Organização do PCB-GO - Partido Comunista Brasileiro

(paulowinicius@gmail.com)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

LUTA DE CLASSES NO PSOL: ALGUNS COMENTÁRIOS


, por Ruy Guimarães

Professor de História

Brilhante o artigo do professor Mario Maestri intitulado A Luta de Classe dentro do PSOL. Embora não haja novidades, afinal luta de classes existiu no Partido de Lênin, no PC Chinês de Mao, por que não existiria num partido com característica de frente, como o PSOL, a crítica de Maestri é absolutamente pertinente para a reflexão daqueles que pretendem construir uma alternativa revolucionária socialista para o povo brasileiro.

O texto de Maestri, após uma breve análise sobre as dificuldades de realização da conformação de uma Frente de Esquerda classista e, portanto, com perspectiva estratégica revolucionária, analisa as contradições de classe que se expressam dentro do PSOL através de “versões (sociais) do capital”. Tais contradições estariam materializadas de um lado nas pré-candidaturas socialistas de Plínio de Arruda Sampaio e do ex-deputado Babá e de outro pela pré-candidatura de Martiniano Cavalcanti, representante do setor que busca diuturnamente a “acomodação à sociedade de classes, com o objetivo de nela se integrar como parlamentares e administradores, sob o compromisso de, no máximo, retocar o Estado burguês e, jamais, destruí-lo e refundá-lo sob a ordem do trabalho”.

Da leitura que Maestri faz da pré-candidatura presidencial de Martiniano Cavalcanti é possível uma generalização sobre o que é o PSOL. Já escrevi em algum momento a respeito desse partido, lembrando que na primeira reunião do seu Diretório Nacional a grande polêmica se deu em torno do lançamento da pré-candidatura presidencial de Heloisa Helena. O setor hegemônico do PSOL, ao qual pertence Martiniano, preconizava o lançamento da pré-candidatura durante o Fórum Social Mundial, que naquele ano realizava sua última edição em Porto Alegre, aproveitando os flashes da mídia mundial. A minoria socialista e revolucionária era contrária, argumentando com a necessidade de construção de um arco de aliança estratégico e com perfil classista alicerçado sobre um corpo programático anticapitalista.

Venceu a lógica eleitoral, claro. Ou seja, já naquela época, apesar da presença de companheiros da mais alta seriedade e compromisso com a transformação revolucionária da sociedade brasileira, o PSOL dizia a que vinha. Alguns companheiros mais chalaceiros dizem que o PSOL é o PT requentado. Eu costumo dizer que é uma espécie de alter ego do PT. O caso da contribuição da Gerdau à campanha do partido em 2008, em Porto Alegre, é paradigmático do trilho que o orienta.

Lembrando da campanha de 2006, Maestri sublinha o seu caráter moralista-burguês com apelo central à “denúncia da corrupção”. Este foi, também, o tom da campanha de 2008 em Porto Alegre e da campanha “Fora Yeda” capitaneada pelo CPERS-Sindicato no Rio Grande do Sul e tem sido o tom da campanha “Fora Arruda” no Distrito Federal. Não que não se deva denunciar a corrupção e os corruptos e exigir-lhes punição. Mas, qualquer campanha classista deve ir além desse caráter moralista, denunciando à sociedade que a corrupção é intrínseca ao modo de produção capitalista, apontando a perspectiva socialista como única maneira de superá-la e às demais mazelas que atingem o povo.

No mesmo parágrafo, o texto de Maestri registra que “sem unificação programática [naquela eleição], não houve unificação orgânica, durante e após as eleições”. Quem milita diretamente nos movimentos sociais, em particular no movimento sindical, sabe bem que tal unificação, até que as esquerdas superem suas concepções hegemonistas, infelizmente será uma quimera. O editorial Sinergia do Correio da Cidadania, que provocou o artigo de Maestri, saúda a vindoura “unificação das duas centrais sindicais socialistas - Intersindical e da Conlutas – (...)”. Certamente não por desinformação ou por má intenção, mas o editorial olvida a existência de duas Intersindicais. Uma impulsionada pelo PSOL, esta que está prestes a unificar com a Conlutas, cuja consigna é “Instrumento de luta, unidade da classe e de construção de uma nova central”. Outra impulsionada pelas correntes sindicais Unidade Classista/PCB, ASS, Resistência Popular e Independentes, cuja consigna é “Instrumento de Luta e Organização da Classe”. Perceba-se a sutil diferença de concepção sintetizada pelas consignas. Uma menciona a construção da nova central. A outra tem como preocupação central e primeira a luta e a organização da classe. Para esta Intersindical, a construção de uma nova central deve ser resultado da unidade real nas lutas concretas da classe e não mero fruto da vontade e de acordos de ocasião de dirigentes e vanguardas político-partidárias. A construção de uma nova central que se pretenda instrumento de luta da classe contra o capital não pode ser motivada pelas benesses financeiras advindas do Estado burguês via imposto sindical. Uma nova central sindical é uma grande obra que deve ser construída sobre sólidos alicerces político-ideológicos e cimentada com um forte compromisso de classe, sob pena de se tornar rapidamente uma espécie de alter ego da CUT. A unidade intersindical deve apontar para a classe o caminho da luta anticapitalista e antiimperialista, única forma de garantir conquistas históricas e buscar novas vitórias rumo à construção do socialismo. Deste modo, tenho sérias dúvidas sobre o futuro dessa unificação entre aquela Intersindical e a Conlutas em razão do método e dos reais motivos que subjazem a esse processo.

Quanto à reedição da Frente de Esquerda para as eleições, oxalá ocorra, desde que com caráter explicitamente anticapitalista e antiimperialista e livre das tendências hegemonistas, com respeito e isonomia, que não seja um mero somatório de siglas para ampliar espaço na TV e rádio e dar quociente eleitoral para uns e outros. E que amadureça para uma “unificação orgânica, durante e após as eleições”. Não é possível formar uma Frente de Esquerda para disputar as eleições e nos anos seguintes as forças majoritárias dessa Frente praticarem a exclusão de companheiros nas frentes de lutas, ou mesmo armarem situações artificiais para expulsar lutadores das entidades de forma a garantir hegemonia absoluta, como ocorre comumente no movimento sindical. Não é possível formar uma Frente de Esquerda para disputar as eleições burguesas e em eleições sindicais se aliançar com a CUT para garantir espaços nos aparelhos.

Uma Frente de Esquerda construída a partir de uma perspectiva estratégica proletária, para além das eleições burguesas, deve trabalhar pela construção do Bloco Revolucionário do Proletariado, como elemento galvanizador das lutas anticapitalistas e antiimperialistas. De acordo com a Declaração Política emanada do XIV Congresso do PCB “a constituição do proletariado como classe que almeja o poder político e procura ser dirigente de toda a sociedade é um projeto em construção e não existem fórmulas prontas para torná-lo efetivo politicamente. Como tudo em processo de formação, a constituição desse bloco exige que o PCB e seus aliados realizem um intenso processo de unidade de ação na luta social e política, de forma que cada organização estabeleça laços de confiança no projeto político e entre as próprias organizações”. Deste modo, faz-se necessário o desenvolvimento de relações profundas com o conjunto dos movimentos populares, nas lutas de resistência do povo em seus locais de moradia e de trabalho, a fim de contribuir para a sua organização. O programa de uma Frente de Esquerda anticapitalista e antiimperialista, além das questões imediatas de interesse do povo como trabalho, salário digno, moradia, educação e saúde públicas, gratuitas e de boa qualidade, etc., deve agitar ampla e fortemente a bandeira por uma nova Lei do Petróleo, a extinção da ANP, o fim dos leilões das bacias petrolíferas, a reestatização da Petrobras sob controle dos trabalhadores.

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O dia em que o PT morreu: quando nem os fins nem os meios se justificam



,por Valério Arcary



"O fim justifica os meios? Essa doutrina contraditória, psicologicamente inconcebível, foi malignamente atribuída aos jesuítas pelos seus adversários protestantes - e às vezes católicos - que, por sua vez, pouco se preocupavam com escrúpulos na escolha dos meios para atingir seus próprios"fins"(...)Por sua vez, os jesuítas, rivalizando com os protestantes, adaptaram-se cada vez mais ao espíri to da sociedade burguesa e dos três votos - pobreza, castidade e obediência - conservaram apenas o úl­timo, ainda assim de forma bastante atenuada. Do ponto de vista do ideal cristão, a moral dos jesuítas caiu tanto mais baixo quanto mais eles cessaram de ser jesuítas. De guerrilheiros da Igreja passaram a ser burocratas e, como todos os burocratas, uns pilantras de primeira.".

Leon Trotsky[1]


Reler os clássicos quando estamos diante de acontecimentos que sugerem mudanças de dimensões históricas é uma das tradições da esquerda que se perdeu, mas que devemos recuperar. A epígrafe de Trotsky remete a dois dos temas candentes da conjuntura brasileira: a relação entre os fins e os meios para uma estratégia socialista, e os processos de adaptação social e deformação política de organizações que se transformam no contrário do que pretendiam ser quando constituídas.

Trotsky admite que a Companhia de Jesus nasceu como uma

resposta medieval à Reforma Protestante, portanto, historicamente, reacionária, porém, com o tempo, se adaptou às pressões sociais do capitalismo. Os jesuítas, até para permanecer no Vaticano, deixaram de ser jesuítas. O processo de evolução histórica do PT chegou, também, a uma encruzilhada: para se credenciar como um partido eleitoral resignado aos estreitos limites do regime democrático-liberal no Brasil, ao longo dos vinte anos que nos separam do fim do regime militar, o PT precisou deixar de ser petista. Renegar a sua origem foi um processo de readequação política, mas, também, de transformismo social, uma ruptura com as bases sociais de sua constituição apoiado na CUT e no MST.

São dois, também, os argumentos deste artigo. O primeiro é

a constatação inescapável, mas que encontra previsíveis resistências, de que a crise do PT é terminal. O segundo é a defesa da luta contra a corrupção como uma bandeira democrática incontornável do programa da revolução brasileira, tema polêmico, portanto, vital, para a reorganização sindical e política em curso, com o colapso da CUT e do PT. Estas duas premissas se articulam para defender que a esquerda anti-capitalista não pode hesitar diante da luta para derrubar o governo Lula. Estamos diante de uma nova etapa histórica. Afinal, já foram dez os presidentes eleitos e derrubados na América Latina - por mobilizações de massas operárias e populares, não por golpes militares pró-americanos, como na sequência da revolução cubana - depois do fim dos anos oitenta, expressando a fragilidade da democracia-liberal no continente. O que nos devolverá à discussão sobre os fins e os meios.

Capitalismo e corrupção

Recordemos, para começo de conversa, o que a história e o marxismo nos deixaram como fundamentos "graníticos" sobre a corrupção. Nunca existiu capitalismo sem corrupção. Capital e Estado estiveram sempre unidos através das mais variadas cumplicidades. Desde o alvorecer das pioneiras Repúblicas italianas, quando a Europa recuperou ao Islã o controle das lucrativas rotas comerciais do Mediterrâneo, passando pela conquista da América pelas Coroas ibéricas, sem esquecer os quase cento e cinqüenta anos de disputa entre Londres e Paris pela supremacia no mercado mundial: a corrupção estava lá, em todos os portos, em todos tribunais, em todas as Cortes, em todas as línguas. A corrupção nunca foi privilégio dos latinos, nem dos chineses, nem dos árabes. Desde o século XIX falou, sobretudo, o latim moderno, o inglês. Comprando favores, deslocando concorrentes, driblando as leis, subornando autoridades, obtendo cargos. A força do dinheiro abrindo as gavetas do poder, e o domínio do Estado favorecendo os cofres da riqueza.

Quando argumentamos que capitalismo e corrupção sempre caminharam de mãos dadas, muitos nos perguntam se a corrupção não seria inevitável em qualquer sociedade, porque, afinal, ninguém ignora que tanto na URSS, quanto na China, as burocracias estatais se regozijavam em privilégios driblando as suas próprias leis. A corrupção não seria expressão das incoerências sombrias da natureza humana? Os socialistas defendem que não existe fatalismo na condição humana que nos condene a corrupção. Assim como existiram sociedades que desconheceram a exploração do homem pelo homem, ignoraram a corrupção. A corrupção é uma doença econômico-social, e se explica em função de circunstâncias históricas.

A percepção de que, no Brasil, a apropriação privada do Estado pelo mundo dos negócios teve sempre na sua raiz a impressionante desigualdade econômica e social, é chave para mantermos o sentido das proporções diante do colapso do PT. Ao se transformar, a partir de 1988, em um partido que se credenciava para a gestão do Estado sem ameaçar o capitalismo, o PT selou o seu destino. Um programa de adaptação política a um capitalismo que não cresce, em uma sociedade em que a desigualdade não deixa de aumentar, e na qual a mobilidade social vem diminuindo há um quarto de século, ou seja, um reformismo sem reformas, não poderia evitar a degeneração metodológica e ética. Ensina a sabedoria oriental que o peixe morre pela cabeça. Já o Padre Antonio Vieira dizia que o peixe apodrece pela cabeça. O marxismo alerta que a cabeça não é imune à pressão do chão que os pés pisam.

O PT escolheu um caminho de social democratização que já

tinha sido trilhado na América Latina por muitos outros, até por organizações que encabeçaram revoluções democráticas, como os sandinistas.

Se, mesmo os partidos que se formaram na severidade das condições da luta armada contra ditaduras - como a FSLN, os Tupamaros ou a Farabundo Marti - quando aceitaram se transformar em partidos eleitorais, se descobriram vulneráveis diante da pressão política e social da democracia liberal, parece inescapável que o PT, que já nasceu como um partido eleitoral, seria presa fácil da corrupção endêmica do Estado brasileiro. Era, no fundo, só uma questão de tempo, para que o PT evoluísse do financiamento legal dos monopólios - em prática desde 1994 - para um sistema de caixa dois - a exemplo dos partidos tradicionais - e, depois, para a transferência de

recursos arrecadados para os partidos aliados, o sistema de mensalão para assegurar maioria no Congresso, culminando com o enriquecimento ilícito dos seus burocratas.

O domínio do Capital sempre foi a associação legal e ou ilegal, portanto, sempre ilegítima e imoral, da riqueza com o poder. Todos os partidos comprometidos com o regime democrático-eleitoral e, por isso, financiados pelo capital, foram aliciados, em todos os tempos e lugares, pela força do dinheiro. Nos últimos cem anos, à escala mundial, a imensa maioria dos instrumentos da representação política dos trabalhadores, no centro ou na periferia, quando se consolidaram regimes democráticos, foram absorvidos pela pressão do eleitoralismo. A social democracia européia antes da I guerra, ou os partidos eurocomunistas depois dos anos 60, muito antes do PT, confirmaram que é difícil, politicamente, e complexa, social e organizativamente, a construção de reservas ou filtros de imunidade diante da pressão de forças sociais hostis. Degeneraram, absorvendo além dos métodos do eleitoralismo, os seus vícios. Seus dirigentes, fossem do SPD na Alemanha e do Labour na Inglaterra, ou do PCF na França e do PCI italiano, experimentaram, primeiro nos parlamentos, depois com o ministerialismo, um processo de ascensão econômica e acomodação social irrecuperável.

Adaptação política e degeneração burocrática

Admitamos, contudo, que os privilégios dos aparelhos social-democratas foram a ante-sala de aberrações ainda mais graves. Não bastassem as desprezíveis excentricidades da burocracia russa, como a coleção de automóveis de Brejnev, ou a cômica sucessão de tipo monárquico, em nome do socialismo, do regime totalitário na Coréia do Norte, a esquerda do século XX viveu a degradação do assalto dos sandinistas às mansões na Nicarágua. Pressões sociais em sociedades desiguais nunca devem ser, portanto, subestimadas: os que se deixam confundir politicamente, assimilam os métodos da política burguesa - em que tudo são mercadorias, incluindo o voto - e, finalmente, se rendem a um modo de vida de ostentação. É o que confessam os principais líderes petistas quando, de maneira até grotesca, invocam absolvição porque estavam agindo de acordo com as "regras do jogo".

Mas, agora, o PT morreu. Morreu, comparativamente, como o estalinismo morreu com a queda do muro de Berlim. Está acontecendo o que os dialéticos denominam o salto de quantidade em qualidade. Quando o publicitário que criou o Lulinha paz e amor confessou seus pecados, ironia da história, enfiou uma adaga no coração do PT. O enquadramento histórico parece incontornável, sob pena de qualquer análise sucumbir aos impressionismos de conjuntura. Só uma perspectiva mais ampla permitirá explicar como o partido político que foi a expressão eleitoral do movimento operário sindical e da maioria dos movimentos sociais brasileiros nos anos oitenta, se transformou, a partir de sua mais alta direção, irrecuperavelmente, neste espantoso amálgama de arrivistas e vigaristas.

O tema da burocratização dos partidos de trabalhadores assalariados em sociedades urbanas permanece um fenômeno polêmico. Ao analisar a socialdemocracia de cem anos atrás, Lenin recorreu ao conceito de aristocracia operária para tentar explicar a crescente diferenciação social no mundo do trabalho na passagem do século XIX para o XX, e tentar compreender porque uma maioria das bases sociais e eleitorais da socialdemocracia apoiou seus respectivos governos, quando do início da guerra de 1914. No entanto, é menos lembrado que Lenin previu que esse apoio seria efêmero, mesmo entre os setores da classe trabalhadora que obtiveram concessões na etapa histórica anterior. A aristocratização de um segmento da classe operária era compreendido pela esquerda marxista como um fenômeno, essencialmente, econômico e social, enquanto o agigantamento do aparelho sindical e das frações parlamentares absorvidos pelo Estado, era discutido como um processo, essencialmente, político-social. Aristocracia operária e burocracia operária não eram identificados como o mesmo fenômeno social, porque a aristocracia, um conceito relativo às condições materiais e culturais de existência da classe trabalhadora de cada país. Permanecia sendo um setor de classe, ainda que privilegiado, enquanto a burocracia sindical e parlamentar dos aparelhos socialdemocratas seria uma casta exterior ao proletariado. A experiência do PT e da CUT é uma confirmação quase caricatural deste prognóstico.

Crise terminal do PT e enfraquecimento do governo Lula. Estamos há dois meses diante de duas crises que, não sendo iguais, correm paralelas e são indissociáveis: a crise terminal do PT e a crise política do governo Lula. O PT, tal como foi nos últimos vinte e cinco anos, não poderá resistir. Estamos acompanhando uma revolução mental na cabeça de milhões de trabalhadores e jovens, um processo de importância histórica. O PT poderá, talvez, subsistir como um partido eleitoral, ainda assim, se expulsar grande parte da sua direção histórica, mas nunca mais poderá ocupar o papel que teve junto aos setores organizados das classes trabalhadoras e aos movimentos sociais. Será um partido eleitoral com outra base social. Enganam-se aqueles que subestimam a atual crise do petismo. O desmoronamento da autoridade do PT - em menor medida, do próprio Lula - que se aguentou na corda bamba nos primeiros trinta meses de governo, mesmo se com uma política anti-popular, tende a ser vertiginoso.

O que não impede que as parcelas mais atrasadas, desinformadas e, sobretudo, desorganizadas da população, aquelas que foram as últimas a girar eleitoralmente para o apoio a Lula, possam continuar exprimindo durante alguns meses, ou até mais tempo, intenção de voto em Lula para 2006. Foram os últimos a se deslocar para o apoio a Lula, porque nunca tiveram referência no PT ou, de resto, em qualquer partido, e serão os últimos a romper. Esse processo profundo e mais lento não será, contudo, relevante para o destino do PT. O futuro do PT está sendo decidido nas grandes fábricas, como nas montadoras e nas siderúrgicas, nas refinarias da Petrobrás, nas Universidades, entre as classes médias de alta escolaridade e baixos salários, enfim, nas grandes cidades e nos movimentos sociais que sempre foram a sua retaguarda social.

Já o governo Lula ainda não acabou - não se sustentava somente no PT - embora esteja muito fragilizado. Dependeu nestes trinta meses do apoio do imperialismo, da banca, das empreiteiras, da mídia, enfim, das instituições, como o Congresso, o judiciário e as FFAA, embora não fosse a opção preferencial da burguesia nas eleições de 2002. A sua manutenção, mesmo se agônica, na forma de um governo Palocci/Lula interessa às forças sociais e políticas comprometidas com a preservação da ordem. Não surpreende que estejam atarefadíssimas na articulação de um "acordão" que poupe Lula - e o próprio congresso - de um impeachment, da posse de Alencar ou de eleições antecipadas. Entretanto, a crise permanece aberta. O Governo Lula/Dirceu/Palocci dos últimos dois anos e meio não existe mais. O governo Lula vive, por suposto, uma profunda crise política desde que se precipitou a denúncia de que o PT teria transferido fundos para os partidos de aluguel como o PL, PP e PTB, reconhecidas pelo próprio Roberto Jefferson como mercenárias, e que lhe garantiram uma maioria no Congresso Nacional, como aliás já faziam para o governo FHC.

Não é segredo para ninguém bem informado que há muitos anos, pelo menos de 1994, o PT tem financiado as suas campanhas com milionárias contribuições dos principais monopólios brasileiros. Mas, apesar destas evidências, a direção do PT manteve a imagem de sua integridade moral intacta diante da maioria de suas bases sociais. Argumentava que aceitar o dinheiro das grandes corporações era parte das "regras do jogo", ou seja, que os fins justificavam os meios.

As denúncias do "mensalão" poderão ser, contudo, decisivas para confirmar o que já se suspeitava há muito: (a) que o PT mantém, também, a exemplo dos partidos burgueses, um caixa dois para financiamento eleitoral; (b) que o PT, quando no Governo federal - e por que não, quando nos estados e municípios? - favoreceu empresas privadas, como as empreiteiras que concorrem pelos contratos milionários de arrecadação de lixo, ou as publicitárias, em licitações públicas; (c) que ocorreram desde 1988 dois processos simultâneos e indivisíveis: profissionalização de um aparelho de vários milhares de quadros que fazem um rodízio nacional pelos cargos de prefeituras e administrações estaduais, associado ao enriquecimento ilícito de uma parte de sua direção.

A questão decisiva para a esquerda anti-capitalista social e política é ajudar a unir estas duas crises que correm em ritmos diferentes: fazer que a perda de confiança na CUT e no PT se transforme em ruptura política como o governo Lula. Ajudar os milhões que formaram ao longo dos últimos vinte e cinco anos a base social do petismo a ir além da tristeza e do desânimo, e construir uma mobilização que traga um setor de massas, no início, um setor mais avançado e, possivelmente, mais jovem, para as ruas. O que não avança, retrocede. Já sabemos que, se não houver pressão popular, a

crise se resolverá por dentro das instituições com algumas cassações de deputados - e com algumas, poucas, expulsões do PT - e Lula procurará relocalizar seu governo diante da burguesia prometendo a reforma política, a sindical, e a jóia mais cobiçada de todas, a reforma trabalhista.

Não há porque temer a debilitação do governo e, se possível, a sua derrubada. O governo Lula não é um governo de esquerda. Quem o disse foi ninguém menos ... do que o próprio Lula. Praticou o maior superávit de orçamento da história do país, transferindo mais de R$150 bilhões por ano para os rentistas dos juros da dívida interna, sacrificando a educação e a saúde pública. Não há quem duvide que Serra não poderia ter feito a Reforma anti-popular da Previdência que Lula fez. O governo Lula é um governo socialmente burguês, economicamente neoliberal, politicamente reacionário.

A natureza do governo Lula alimentou, contudo, inúmeras confusões na esquerda. O marxismo se distingue como corrente teórico-política, justamente, pelo esforço de fazer caracterizações sociais dos fenômenos políticos. Grande parte da intelectualidade petista, e a esquerda do PT - o próprio MST - invocaram a fórmula elíptica de um governo em disputa, um híbrido social. Mas, com o tempo, ficou claro que a mão pesou demais. É muito razoável reconhecer que todo governo pode ter uma ala esquerda, no sentido de que o ministério pode ser heterogêneo, porém, finalmente, há uma dinâmica que se impõe. O governo Lula não permite paralelo, por exemplo, com o governo Chavez, que era o grande temor de uma parcela do governo americano, tranqüilizada pela embaixadora de Washington em Brasília. O governo Chavez remete às experiências do Governo Cárdenas no México dos anos trinta, e aos governos Perón na Argentina e Vargas no Brasil, nos anos cinqüenta. Após a crise de 1929, quando a supremacia inglesa já tinha sucumbido, e uma nova hegemonia estava em aberto, uma vaga revolucionária sacudiu a Europa - Espanha, França e Alemanha - e a crise mundial favoreceu o surgimento de governos que buscavam uma margem de maior autonomia no sistema mundial de Estados. Trotsky sugeriu o conceito de semi-bonapartismo ou bonapartismo sui generis para explicar o governo Cárdenas.

"Nos países industrialmente atrasados o capital estrangeiro joga um papel decisivo. Por isso, a relativa debilidade da burguesia nacional em relação ao proletariado nacional. Isto cria condições especiais para o poder estatal.O governo oscila entre o capital estrangeiro e o capital nacional, entre a relativamente débil burguesia nacional e o relativamente poderoso proletariado. Isto dá ao governo um carácter bonapartista sui generis, de tipo particular. O governo se eleva, para tentar descrevê-lo, por cima das classes. Na realidade, pode governar convertendo-se em instrumento do capital estrangeiro e submetendo o proletariado com as cadeias de uma ditadura policial, ou manobrando com o proletariado, chegando inclusive a fazer-lhe concessões, ganhando deste modo a possibilidade de dispor de certa liberdade em relação aos capitalistas estrangeiros." (tradução nossa)[2]

O conceito de bonapartismo é especialmente complexo porque questiona a idéia simples de que haveria uma correspondência direta entre as classes e o Estado. Surgiu no marxismo para tentar explicar governos nos quais o Estado arbitrava entre diferentes classes proprietárias, apoiando-se em setores não proprietários. Napoleão III teria se apoiado no campesinato para isolar o proletariado, e mobilizar sob a bandeira da unidade nacional a favor do mundo das finanças, e Bismarck fez concessões ao nascente proletariado, para manobrar contra a burguesia dos principados ocidentais anexados a favor dos junkers do Leste. Adaptado à experiência de um país semi-colonial, e reformulado como semi-bonapartismo para definir o governo Cárdenas, que suspendeu o pagamento da dívida externa, e realizou uma reforma agrária, reconhecendo os ejidos - a posse de terras comunitárias - procurava explicar o alcance de uma política nacionalista que se apoiava nas classes populares, arbitrando novas condições com o imperialismo, ainda nos limites do capitalismo.

Mas, Lula não é Chavez, nem sequer um Cárdenas do início do século XXI. Na política, como na vida, o que não se enfraquece, se fortalece. O governo Lula só poderia se fortalecer, nas atuais circunstâncias, se desse um giro à direita mais anti-popular, abraçando o plano de um superávit nominal zero, ou seja, um arrocho próximo a 10% do PIB para o pagamento dos juros. Um governo Lula/Delfim Neto seria, no entanto, para os trabalhadores e o povo uma catástrofe nacional. Um governo Lula mais fraco é, portanto, muito melhor que um governo Lula forte. E, sendo possível mobilizar para derrubá-lo, não haveria porque hesitar, mesmo se hoje não podemos vislumbrar a possibilidade da luta direta pelo poder pelas forças anti-capitalistas. Um governo Alencar seria ainda mais frágil. Já a antecipação do calendário eleitoral exigiria um enorme grau de improviso por parte da burguesia que não tem candidatos fortes - tanto PSDB quanto PFL têm contas a explicar - e diminuiria em muito as possibilidades de um PT reciclado com outro candidato, abrindo espaço para uma recomposição da esquerda sobre novas bases políticas e metodológicas. Uma candidatura de esquerda socialista, construída tanto de baixo para cima pelo sindicalismo classista, pelos ativistas independentes do movimento popular e estudantil, quanto por uma articulação madura e paciente do PSTU, PSOL e Consulta Popular com um programa anti-imperialista e anti-capitalista, poderia ser o início de uma nova etapa da esquerda, sobretudo, se forjada a partir de uma experiência de frente única na luta contra o Governo Lula.

Tarefas democráticas e revolução socialista

Muitos socialistas honestos se perguntam se a denúncia da corrupção, uma bandeira democrática, não deveria ser secundarizada porque, afinal, a prioridade de uma política de esquerda precisaria ter como identidade fundamental a apresentação, diante de todos os grandes acontecimentos, de uma saída de classe, portanto, anti-capitalista. Esta discussão tem duas dimensões, uma programática e outra ética. A dimensão programática é a compreensão que o programa da revolução socialista deve assumir, conscientemente, tarefas democráticas.

A revolução social anti-capitalista contemporânea tem sido um processo de simultaneidade de várias revoluções. Sobre esta questão programática existiram duas posições simétricas, no passado, ambas equivocadas. A primeira e mais influente foi a do PCB que defendia que, sendo o Brasil um país atrasado em relação aos centros capitalistas, a revolução brasileira seria uma revolução nacional e democrática, tendo como centro um programa de industrialização e crescimento econômico. A etapa democrática era apresentada em oposição a uma ruptura socialista e, por isso, foram criticados, corretamente, como etapistas. Os sujeitos sociais interessados nesse programa, segundo a direção liderada por Prestes, seriam a burguesia industrial aliada às classes médias urbanas. Ficava reservado aos trabalhadores e ao povo pobre da cidade e do campo um papel de pressão sobre uma fração das classes proprietárias contra outras, sacrificado sua independência política. Esta elaboração explicava a seguidismo político do PCB face ao governo Jango. A outra posição, que influenciou a Polop, reconhecia que o Brasil era um país retardatário em que as tarefas agrárias, de distribuição da propriedade da terra, por exemplo, estavam pendentes, mas afirmava que, sendo o conflito entre capital e trabalho o mais agudo e ordenador de todas as outras lutas, a revolução brasileira seria socialista, ponto, e o seu sujeito social seria o proletariado.

A história provou que ambas estas elaborações eram unilaterais, ou estavam diretamente erradas, mesmo se admitirmos, por justiça intelectual, que a primeira se demonstrou mais equivocada. Nos países periféricos como o Brasil, acompanhamos um processo de luta social em que as tarefas democráticas, historicamente burguesas, não puderam ser realizadas pelas classes proprietárias. Mas, isso não significa que tenham perdido importância, e que não haja uma revolução democrática por fazer, mesmo depois da queda da ditadura há vinte anos atrás. Até hoje, o Brasil permanece com uma espantosa concentração de terras em pouquíssimas mãos, enquanto milhões não têm terra alguma. Até hoje, o Brasil continua com uma inserção dependente no mercado mundial, exportando capitais através do pagamento da dívida externa, vendendo muito barato suas matérias-primas, e comprando caro manufaturados e pagando fortunas de royalties. Até hoje, vivemos em uma República que não é república, devorada pela corrupção e pela impunidade, porque riqueza e poder se protegem, reciprocamente, e a lei está muito longe de ser igual para todos. Isto foi assim e permanecerá assim, porque as classes proprietárias temem, acima de tudo, a mobilização independente das massas trabalhadoras da cidade e do campo.

A revolução brasileira será, portanto, um processo de simultaneidade de várias revoluções, como tem acontecido, aliás, nos últimos anos na América Latina. O "que se vayan todos" da Argentina em 2001 e do Equador em 2005, expressava a radicalidade democrática do programa que permitiu a aliança do mundo do trabalho com as classes médias. O que pretendia traduzir? As massas estavam votando com os pés, marchando aos milhões, e dizendo que os políticos profissionais burgueses e seus aliados reformistas não deveriam poder mais se candidatar. Por isso, eram "escrachados" e desmoralizados, e não podiam mais sair de casa.

Na Bolívia, a bandeira de luta contra a violenta repressão que deixou dezenas de mortos, e que levou à queda do "El Gringo" Gonzalo de Losada em 2003, e a bandeira do "Gás é nosso", que levou á derrubada de Mesa em 2005, traduziam a união das reivindicações nacionais anti-imperialistas com a justa ambição democrática de justiça para a maioria da população que é indígena e camponesa, e que sempre foram considerados pelos proprietários descendentes de europeus, como bolivianos de segunda classe. Os Fevereiros recorrentes latino-americanos desde 2000 - Equador em 2000 e 2005, Argentina em 2001, Venezuela em 2002 Bolívia em 2003 e 2005, as revoluções democráticas que permanecem incompletas, que derrubam governo atrás de governo, mas não se colocam a questão do poder, confirmam que processos de revolução socialista, mesmo se partindo de níveis de consciência e organização insatisfatórios, estão em marcha.

A revolução brasileira não será diferente. Será um processo de mobilização em permanência em que às bandeiras de luta anticapitalista, como a nacionalização do sistema financeiro, por exemplo, se unirão as bandeiras democráticas radicais como a luta contra a corrupção, pelo fim dos sigilos bancários, fiscais e telefônicos dos corruptos e corruptores, pela expropriação de seus bens, pelo fim dos paraísos fiscais, etc... Será uma revolução nacional contra o imperialismo, uma revolução agrária contra o latifúndio, uma revolução democrática contra a corrupção, uma revolução negra contra o racismo. Será, contudo, uma revolução socialista, porque terá nos trabalhadores assalariados, a coluna vertebral da aliança popular com as camadas médias, e não se deterá diante da propriedade privada do capital. O fenômeno do substitucionismo social já adquiriu formas incríveis - como revoluções agrárias que se desdobram em socialistas como na China - e preparemo-nos para novas surpresas: tarefas democráticas elementares, até republicanas - como aprecia tanto a esquerda petista - só poderão ser realizadas com métodos revolucionárias, pelas classes que têm interesses anti-capitalistas. É a revolução permanente.

Os fins e os meios

A dimensão ética remete à relação entre os fins e os meios, que injustiçou no passado remoto os jesuítas - e no século passado os bolcheviques - e encontrou seus ecos no movimento socialista. O debate sobre estratégia e tática, qualificando os diferentes tempos da política, deu uma nova vida ao problema, na medida que crescentemente, a maioria das correntes que se reivindicaram socialistas no século XX, foram abandonando a perspectiva anticapitalista, adotando diferentes variantes de programas reformistas. Estabeleceram-se em relação ao tema, grosso modo, três posições fundamentais na esquerda contemporânea, embora com nuances intermediárias:

(a) a posição que defende que os fins justificam os meios. Os seus defensores argumentaram que, ao final, com a perspectiva do tempo, seriam absolvidos. As sociais democracias francesa e alemã justificaram os genocídios da Primeira Guerra, esgrimindo que agiam em cumplicidade com suas classes dominantes, em nome da defesa da pátria. O estalinismo não hesitou, por exemplo, em defender até o pacto Ribbentrop/Molotov, ou seja, aceitou um acordo diplomático com o nazismo que não impediu que, dois anos depois, a URSS fosse invadida por uma Alemanha imensamente fortalecida. Os "realistas" se esquecem, porém, que meios indignos distanciam ou até comprometem os fins, porque os fins precisam, também, ser permanentemente, reafirmados, confirmados e justificados. Cometem, em nome do realismo político, o erro simétrico dos moralistas. Mas, dividem com eles o critério absurdo de que meios e fins independem uns dos outros;

(b) a posição dos moralistas que os meios são tudo, e os fins, nada.

Afirmada, originalmente, pelo reformismo "a la Bernstein", virou uma coqueluche internacional com o crescimento dos Forums Sociais Mundiais e a popularidade das ONG's. A estratégia da luta se esgotaria na tática, esvaziando a política de invenção. Porque tudo são táticas que, erraticamente, se sucedem. Não há horizontes, não há projetos, não há programas. A política fica reduzida ao tempo do presente. A dimensão utópica do combate socialista, que só pode adquirir significado na revolução mundial, se perde. A história, de processo de vir a ser, passa a ser um eterno presente, comprometendo, portanto, uma perspectiva de luta pelo poder. Esta posição aparece, freqüentemente, camuflada com o argumento empirista de que o caminho se constrói caminhando, cuja conseqüência é a absolutização de critérios morais imperativos e universais. No limite, consiste em uma subordinação da política à moral, uma versão que pode ser mais ou menos laicizada (sob a forma de valores ahistóricos da "natureza humana"). Remete, em última análise, ao princípio teológico de que a moral independe da história, portanto, da sociedade e dos conflitos de classe no seu interior. Sendo os imperativos categóricos kantianos inaplicáveis, tanto sob as pressões da vida cotidiana, quanto na arena das lutas de classes quando esta se exacerba, os valores morais universais passam a ser um princípio sagrado irrevogável, porém inútil;

(c) a posição que defende que os meios e os fins têm entre si uma relação indissolúvel e, em uma sociedade dividida, o combate político é também um combate moral. Só seriam admissíveis, portanto, aqueles meios que estejam ao serviço da supressão do poder de uma minoria sobre a maioria: os meios que inflamam a indignação dos oprimidos, que exaltam a sua união e confiança em si mesmos, que confirmam a justeza de suas lutas. Obrigatório concluir que nem todos os meios são permissíveis. Devem ser condenados como indignos, por exemplo, todos os procedimentos que alimentem ilusões nos inimigos de classe e desconfiança entre os trabalhadores; os métodos dos burocratas que trocam confidências com os patrões e mentem, descaradamente, para as suas bases; os artifícios dos que lançam um setor do povo oprimido contra outros; ou que estimulem o seguidismo cego dos chefes; e, acima de tudo, o repugnante servilismo diante das autoridades, e o correspondente desprezo pela juventude e os explorados e suas opiniões; mas, reconhece, também, que não existe um catecismo que defina como mandamentos o que é consentido, e o que é impensável.

Valerio Arcary, professor do CEFET/SP, é autor de As Esquinas Perigosas da História, situações revolucionárias em perspectiva marxista. Foi membro do Diretório Nacional do PT a partir de 1987, e da Executiva Nacional do PT a partir de 1989. Foi expulso do PT no processo de exclusão da Convergência Socialista em 1992.

Fórum Internacional Homens a Cavalo


Luiz Carlos Prestes

Revolucionário, patriota e comunista

Anita Leocádia Prestes

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Nos dias 5 e 6 de fevereiro, em Caracas, Venezuela, foi realizado o Fórum Internacional Homens a Cavalo. Como informou o Vice-presidente da Venezuela, Elías Jaua, na abertura do evento, o Fórum faz parte de um conjunto de ações para render homenagem aos líderes e processos políticos impulsionados na América Latina, em busca de um caminho de justiça e bem-estar. A iniciativa se inscreve na comemoração do 192º aniversário de nascimento (31 de janeiro de 1818) de Ezequiel Zamora.

Jaua, também Ministro do Poder Popular para Agricultura y Terras, destacou que o presidente da República, Hugo Chávez Frías, tomou como raiz profunda da revolução o ideário de Zamora, chamado General do Povo Soberano, baseado em 3 aspectos: como continuador do pensamento e do programa social da independência; impulsionador de um amplo processo de participação popular e seu pensamento latino-americano e integracionista.

O Fórum contou com a presença de diversos expositores internacionais que destacaram o legado de revolucionários como Luiz Carlos Prestes, Emiliano Zapata, Pancho Villa, Francisco Morazán, Eloy Alfaro, Tupac Katari, Augusto Sandino e Farabundo Martí.

Anita L. Prestes esteve presente ao Fórum Internacional Homens a Cavalo e fez uma apresentação sobre a trajetória revolucionária de Luiz Carlos Prestes. Segue abaixo o texto por ela elaborado e divulgado no evento.

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Luiz Carlos Prestes (1898-1990), desde muito jovem, revelou indignação com as injustiças sociais e a miséria de nosso povo, mostrando-se preocupado com a busca de soluções efetivas para a situação deplorável em que se encontrava a população brasileira, principalmente os trabalhadores do campo, com os quais tivera contato durante a Marcha da Coluna (1924-27), que ficaria conhecida como a Coluna Prestes. Muito antes de tornar-se comunista, Prestes já era um revolucionário. Sua adesão aos ideais comunistas e ao movimento comunista apenas veio comprovar e confirmar sua vocação revolucionária, seu compromisso definitivo com a luta pela emancipação econômica, social e política do povo brasileiro. Como revolucionário, Prestes foi um patriota - um homem que dedicou toda sua vida à luta por um Brasil melhor, por um Brasil onde não mais existissem a fome, a miséria, o analfabetismo, as doenças, a terrível mortalidade infantil e as demais chagas que sabidamente continuam ainda hoje a infelicitar nosso país.

A descoberta da teoria marxista e a conseqüente adesão ao comunismo representaram, para Prestes, o encontro com uma perspectiva, que lhe pareceu factível, de realização dos anseios revolucionários por ele até então alimentados, principalmente durante a Marcha da Coluna. A luta à qual resolvera dedicar sua vida encontrava, dessa forma, um embasamento teórico e um instrumento para ser levada adiante - o Partido Comunista. O Cavaleiro da Esperança, uma vez convencido da justeza dos novos ideais que abraçara, tornava-se também um comunista convicto e disposto a enfrentar toda sorte de sacrifícios na luta pelos objetivos traçados.

No processo de aproximação ao PCB, Prestes rompeu de público com seus antigos companheiros - os jovens militares rebeldes conhecidos como os “tenentes” -, posicionando-se abertamente a favor do programa da “revolução agrária e antiimperialista” defendido pelos comunistas brasileiros. Seu Manifesto de Maio de 1930 consagra o início de uma nova fase na vida do Cavaleiro da Esperança. A partir daquele momento, Prestes deixava definitivamente para trás os antigos compromissos com o liberalismo dos “tenentes” e enveredava pela via da luta pelos ideais comunistas que passariam a nortear toda sua vida.

Pela primeira vez na história do Brasil, uma liderança de grande projeção nacional, a personalidade de maior destaque no movimento tenentista, - na qual apostavam suas cartas as elites oligárquicas oposicionistas, na expectativa de que o Cavaleiro da Esperança pusesse seu cabedal político a serviço dos seus objetivos, aceitando participar do poder para melhor servi-las -, recusa tal poder, rompendo com os políticos das classes dominantes para juntar-se aos explorados e oprimidos, para colocar-se do lado oposto da grande trincheira aberta pelo conflito entre as classes dominantes e as dominadas, entre exploradores e explorados. Prestes tomava o partido dos oprimidos, abandonando as hostes das elites comprometidas com os donos do poder, não vacilando jamais diante dos grandes sacrifícios que tal opção lhe acarretaria.

Tratava-se de um fato inédito, jamais visto no Brasil. Luiz Carlos Prestes, capitão do Exército, que se tornara general da Coluna Invicta, que fora reconhecido como liderança máxima das forças oposicionistas ao esquema de poder vigente no Brasil até 1930, talhado, portanto, para transformar-se no líder da “revolução” das elites oligárquicas, numa liderança política confiável dessas elites, usava seu prestígio para indicar ao povo brasileiro um outro caminho – o caminho da luta pela reforma agrária radical e pela emancipação nacional do domínio imperialista, o caminho da revolução social e da luta pelo socialismo.

Como foi sempre coerente consigo mesmo e com os ideais revolucionários a que dedicou sua vida, sem jamais se dobrar diante de interesses menores ou de caráter pessoal, Prestes despertou o ódio dos donos do poder, que se esforçariam por criar uma História Oficial deturpadora tanto de sua trajetória política quanto da história brasileira contemporânea.

Mesmo após seu falecimento, Prestes continua a incomodar os donos do poder, o que se verifica pelo fato de sua vida e suas atitudes não deixarem de serem atacadas e/ou deturpadas, com insistência aparentemente surpreendente, uma vez que se trata de uma liderança do passado, que não mais está disputando qualquer espaço político. Num país em que praticamente inexiste uma memória histórica, em que os donos do poder sempre tiveram força suficiente para impedir que essa memória histórica fosse cultivada, presenciamos um esforço sutil, mas constante, desenvolvido através de modernos e possantes meios de comunicação, de dificultar às novas gerações o conhecimento da vida e da luta de homens como Luiz Carlos Prestes, cujo passado pode servir de exemplo para os jovens de hoje.

Luiz Carlos Prestes dedicou 70 anos de sua vida à luta por um futuro de justiça social e liberdade para o povo brasileiro. Luiz Carlos Prestes foi um revolucionário, um comunista e um internacionalista, que jamais vacilou na luta pelos ideais socialistas e pela vitória da revolução socialista no Brasil e em nosso continente latino-americano. Prestes foi um defensor conseqüente dos países socialistas, tendo à frente a URSS. Esteve sempre solidário com as Revoluções Cubana e Nicaragüense. O legado revolucionário de Luiz Carlos Prestes deve ser preservado e desenvolvido pelas novas gerações de revolucionários latino-americanos. Este é o objetivo principal do Instituto Luiz Carlos Prestes (www.ilcp.org.br) recentemente criado no Rio de Janeiro.

Candido Portinari, Coluna Prestes, óleo sobre tela, 46 x 55cm, Paris, 1950

http://www.portinari.org.br

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Esta página encontra-se em www.cecac.org.br

07/fevereiro/2010

Por que Zurdo?

O nome do blog foi inspirado no filme Zurdo de Carlos Salcés, uma película mexicana extraordinária.


Zurdo em espanhol que dizer: esquerda, mão esquerda.
E este blog significa uma postura alternativa as oficiais, as institucionais. Aqui postaremos diversos assuntos como política, cultura, história, filosofia, humor... relacionadas a realidades sem tergiversações como é costume na mídia tradicional.
Teremos uma postura radical diante dos fatos procurando estimular o pensamento crítico. Além da opinião, elabora-se a realidade desvendando os verdadeiros interesses que estão em disputa na sociedade.

Vos abraço com todo o fervor revolucionário

Raoul José Pinto



ZZ - ESTUDAR SEMPRE

  • A Condição Pós-Moderna - DAVID HARVEY
  • A Condição Pós-Moderna - Jean-François Lyotard
  • A era do capital - HOBSBAWM, E. J
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  • BOLÍVIA jakaskiwa - Mariléia M. Leal Caruso e Raimundo C. Caruso
  • Cultura de Consumo e Pós-Modernismo - Mike Featherstone
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  • O MST e a Constituição. Um sujeito histórico na luta pela reforma agrária no Brasil - Delze dos Santos Laureano
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  • Simulacro e Poder - uma análise da mídia, de Marilena Chauí (Editora Perseu Abramo, 142 páginas)
  • Soberania e autodeterminação – a luta na ONU. Discursos históricos - Che, Allende, Arafat e Chávez
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zz - Estudar Sempre/CLÁSSICOS DA HISTÓRIA, FILOSOFIA E ECONOMIA POLÍTICA

  • A Doença Infantil do Esquerdismo no Comunismo - Lênin
  • A História me absolverá - Fidel Castro Ruz
  • A ideologia alemã - Karl Marx e Friedrich Engels
  • A República 'Comunista' Cristã dos Guaranis (1610-1768) - Clóvis Lugon
  • A Revolução antes da Revolução. As guerras camponesas na Alemanha. Revolução e contra-revolução na Alemanha - Friedrich Engels
  • A Revolução antes da Revolução. As lutas de classes na França - de 1848 a 1850. O 18 Brumário de Luis Bonaparte. A Guerra Civil na França - Karl Marx
  • A Revolução Burguesa no Brasil - Florestan Fernandes
  • A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky - Lênin
  • A sagrada família - Karl Marx e Friedrich Engels
  • Antígona, de Sófocles
  • As tarefas revolucionárias da juventude - Lenin, Fidel e Frei Betto
  • As três fontes - V. I. Lenin
  • CASA-GRANDE & senzala - Gilberto Freyre
  • Crítica Eurocomunismo - Ernest Mandel
  • Dialética do Concreto - KOSIK, Karel
  • Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico - Friedrich Engels
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  • Eurocomunismo e Estado - Santiago Carrillo
  • Fenomenologia da Percepção - MERLEAU-PONTY, Maurice
  • História do socialismo e das lutas sociais - Max Beer
  • Manifesto do Partido Comunista - Karl Marx e Friedrich Engels
  • MANUAL DE ESTRATÉGIA SUBVERSIVA - Vo Nguyen Giap
  • MANUAL DE MARXISMO-LENINISMO - OTTO KUUSINEN
  • Manuscritos econômico filosóficos - MARX, Karl
  • Mensagem do Comitê Central à Liga dosComunistas - Karl Marx e Friedrich Engels
  • Minima Moralia - Theodor Wiesengrund Adorno
  • O Ano I da Revolução Russa - Victor Serge
  • O Caminho do Poder - Karl Kautsky
  • O Marxismo e o Estado - Norberto Bobbio e outros
  • O Que Todo Revolucionário Deve Saber Sobre a Repressão - Victo Serge
  • Orestéia, de Ésquilo
  • Os irredutíveis - Daniel Bensaïd
  • Que Fazer? - Lênin
  • Raízes do Brasil - Sérgio Buarque de Holanda
  • Reforma ou Revolução - Rosa Luxemburgo
  • Revolução Mexicana - antecedentes, desenvolvimento, conseqüências - Rodolfo Bórquez Bustos, Rafael Alarcón Medina, Marco Antonio Basilio Loza
  • Revolução Russa - L. Trotsky
  • Sete ensaios de interpretação da realidade peruana - José Carlos Mariátegui/ Editora Expressão Popular
  • Sobre a Ditadura do Proletariado - Étienne Balibar
  • Sobre a evolução do conceito de campesinato - Eduardo Sevilla Guzmán e Manuel González de Molina

ZZ - Estudar Sempre/LITERATURA

  • 1984 - George Orwell
  • A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende
  • A Espera dos Bárbaros - J.M. Coetzee
  • A hora da estrela - Clarice Lispector
  • A Leste do Éden - John Steinbeck,
  • A Mãe, MÁXIMO GORKI
  • A Peste - Albert Camus
  • A Revolução do Bichos - George Orwell
  • Admirável Mundo Novo - ALDOUS HUXLEY
  • Ainda é Tempo de Viver - Roger Garaud
  • Aleph - Jorge Luis Borges
  • As cartas do Pe. Antônio Veira
  • As Minhas Universidades, MÁXIMO GORKI
  • Assim foi temperado o aço - Nikolai Ostrovski
  • Cem anos de solidão - Gabriel García Márquez
  • Contos - Jack London
  • Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski
  • Desonra, de John Maxwell Coetzee
  • Desça Moisés ( WILLIAM FAULKNER)
  • Don Quixote de la Mancha - Miguel de Cervantes
  • Dona flor e seus dois maridos, de Jorge Amado
  • Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago
  • Ensaio sobre a lucidez, de José Saramago
  • Fausto - JOHANN WOLFGANG GOETHE
  • Ficções - Jorge Luis Borges
  • Guerra e Paz - LEON TOLSTOI
  • Incidente em Antares, de Érico Veríssimo
  • Memórias do Cárcere - Graciliano Ramos
  • O Alienista - Machado de Assis
  • O amor nos tempos do cólera - Gabriel García Márquez
  • O Contrato de Casamento, de Honoré de Balzac
  • O Estrangeiro - Albert Camus
  • O homem revoltado - Albert Camus
  • O jogo da Amarelinha – Júlio Cortazar
  • O livro de Areia – Jorge Luis Borges
  • O mercador de Veneza, de William Shakespeare
  • O mito de Sísifo, de Albert Camus
  • O Nome da Rosa - Umberto Eco
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  • O Príncipe de Nicolau Maquiavel
  • O Senhor das Moscas, WILLIAM GOLDING
  • O Som e a Fúria (WILLIAM FAULKNER)
  • O ULTIMO LEITOR - PIGLIA, RICARDO
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  • Os Invencidos, WILLIAM FAULKNER
  • Os Miseravéis - Victor Hugo
  • Os Prêmios – Júlio Cortazar
  • OS TRABALHADORES DO MAR - Vitor Hugo
  • Por Quem os Sinos Dobram - ERNEST HEMINGWAY
  • São Bernardo - Graciliano Ramos
  • Vidas secas - Graciliano Ramos
  • VINHAS DA IRA, (JOHN STEINBECK)

ZZ - Estudar Sempre/LITERATURA GUERRILHEIRA

  • A Guerra de Guerrilhas - Comandante Che Guevara
  • A montanha é algo mais que uma imensa estepe verde - Omar Cabezas
  • Da guerrilha ao socialismo – a Revolução Cubana - Florestan Fernandes
  • EZLN – Passos de uma rebeldia - Emilio Gennari
  • Imagens da revolução – documentos políticos das organizações clandestinas de esquerda dos anos 1961-1971; Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá
  • O Diário do Che na Bolívia
  • PODER E CONTRAPODER NA AMÉRICA LATINA Autor: FLORESTAN FERNANDES
  • Rebelde – testemunho de um combatente - Fernando Vecino Alegret

ZZ- Estudar Sempre /GEOGRAFIA EM MOVIMENTO

  • Abordagens e concepções de território - Marcos Aurélio Saquet
  • Campesinato e territórios em disputa - Eliane Tomiasi Paulino, João Edmilson Fabrini (organizadores)
  • Cidade e Campo - relações e contradições entre urbano e rural - Maria Encarnação Beltrão Sposito e Arthur Magon Whitacker (orgs)
  • Cidades Médias - produção do espaço urbano e regional - Eliseu Savério Sposito, M. Encarnação Beltrão Sposito, Oscar Sobarzo (orgs)
  • Cidades Médias: espaços em transição - Maria Encarnação Beltrão Spósito (org.)
  • Geografia Agrária - teoria e poder - Bernardo Mançano Fernandes, Marta Inez Medeiros Marques, Júlio César Suzuki (orgs.)
  • Geomorfologia - aplicações e metodologias - João Osvaldo Rodrigues Nunes e Paulo César Rocha
  • Indústria, ordenamento do território e transportes - a contribuição de André Fischer. Organizadores: Olga Lúcia Castreghini de Freitas Firkowski e Eliseu Savério Spósito
  • Questões territoriais na América Latina - Amalia Inés Geraiges de Lemos, Mónica Arroyo e María Laura Silveira