sexta-feira, 26 de outubro de 2007

NOTA DO PCML – Bush, Cuba e o Bloqueio *

O Partido Comunista Marxista-Leninista do Brasil repudia as recentes declarações de George W. Bush contra Cuba, denunciando o caráter terrorista e antipopular do governo dos EUA e defendendo Cuba Socialista.


Fidel tem razão, ao dizer que Bush está obcecado por Cuba. Ontem, 24 de outubro de 2007, às vésperas da apresentação na ONU de seu Projeto Contra o Bloqueio, que recebe anualmente o apoio de quase todos os 192 países-membros, Bush afirmou, em um discurso feito no Departamento de Estado (mesmo local onde Kennedy, em 1962, anunciou o Bloqueio) que "os EUA não suspenderão o Bloqueio a menos que Cuba entre em transição democrática". *Segundo Felipe Pérez Roque, chanceler cubano, *Bush "é um criminoso, e não tem autoridade moral nem credibilidade para julgar nenhum outro país".


Em vez de se dedicar aos incêndios que devastam a Califórnia, Bush preferiu discursar contra Cuba. Afirmou que os EUA não reconhecem o governo de Raúl Castro e defendeu a criação de um fundo internacional multimilionário para "agilizar a transição democrática em Cuba".


Isso, por parte de um presidente que não foi eleito por seu povo e que, por dois mandatos consecutivos, assumiu o poder tendo recebido menos votos que seu opositor. Em Cuba, onde o exercício do voto não é obrigatório, mais de 95% dos eleitores em 37.749 pontos de votação, fiscalizados por estudantes, acabaram de dar seu veredito nas últimas eleições.


*O prejuízo econômico direto causado ao povo cubano pelo Bloqueio ultrapassa US$ 82 bilhões, mas, s*egundo Bush, o Bloqueio já não afeta Cuba, e as autoridades cubanas o utilizam como pretexto. Humildemente perguntamos, então: Sr. Bush, se isso é verdade, por que os EUA não extinguem o Bloqueio? Vamos lá, levante o Bloqueio apenas alguns meses, e prove que o Sr. está certo!


*O **Plano Bush* espera que alguns cubanos promovam um levante interno contra o Estado, para imediatamente apoiar tal levante e intervir diretamente para o estabelecimento da "democracia". *Já nomeou Caleb McCarry como "Coordenador para a Transição em *Cuba"*. Mas *Cuba reivindica sua Revolução como forma de defesa, e a povo a apóia e defende.


Uma Revolução que, além de satisfazer as necessidades essenciais de todos os cubanos, é solidária aos outros povos: Milhões de pessoas recebem o internacionalismo cubano em seus países. Além disso, milhares de jovens estudam em Cuba, que também oferece assistência médica desde as vítimas de Chernobil aos beneficiados pela Operação *Milagro*.



Bush pede que "se libertem todos os presos políticos da Ilha". Isso, quando no Iraque já morreram 600 mil civis, e 4000 soldados gringos. Isso, por parte do país que treinou torturadores na Escola das Américas e interveio direta ou indiretamente em quase todos os países do mundo. Os EUA mantêm bases militares por todo o planeta, inclusive em Guantânamo, lideram o genocídio contra o povo e a guerrilha na Colômbia e a invasão ao Haiti. Com o fracasso da ALCA, submetem nossos povos aos TLCs e propõem encarecer ainda mais a comida que falta em nossas mesas com o plantio extensivo para a produção de etanol. Consomem 28% de todo o petróleo do mundo, e não se preocupam com a extinção da espécie.


O governo Bush, ou qualquer outro governo estadunidense, não pode abandonar sua obsessão por Cuba, pois Cuba representa a alternativa à insaciável exploração imperialista. Devido ao seu próprio modelo econômico e social, os EUA não podem deixar de explorar os povos do mundo, não podem deixar de prender, assassinar e torturar os homens e mulheres que se levantam nesse globo escravizado. Cuba é o exemplo de que podemos dizer Não, de que podemos ousar lutar, ousar vencer!


Não importa quantas ameaças Bush faça ao socialismo em Cuba, dizendo que seu dia está chegando. Sim, Sr. Bush, é verdade: está chegando o dia. Está chegando o dia em que todos nos levantaremos juntos, e seguiremos o exemplo de Cuba.



*PELO FIM DO BLOQUEIO CRIMINOSO A CUBA!*


*PELA PRISÃO DE POSADA CARRILES!*



*PELA LIBERTAÇÃO DOS 5 HERÓIS!*

  • *

    *VIVA CUBA SOCIALISTA!*




  • 25 de outubro de 2007,


  • *PARTIDO COMUNISTA MARXISTA-LENINISTA (Brasil)*

INVERTA - Cooperativa de Trabalhadores em Serviços Editoriais e Noticiosos Ltda.
Fundada em 20 de Dezembro de 1993

Ruralistas ignoram Estado Democrático de Direito


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Escrito por Mateus Alves
25-Out-2007

O conflito em Santa Tereza do Oeste, no estado do Paraná, entre a milícia da empresa NF Segurança e militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da Via Campesina, é a mais recente demonstração da total ignorância da existência de um Estado Democrático de Direito no Brasil por ruralistas, que continuam utilizando a violência rotineiramente.

O assassinato do sem terra Valmir Mota de Oliveira, também conhecido como Keno, ocorreu após a reocupação das terras utilizadas pela transnacional Syngenta Seeds para o plantio de sementes transgênicas experimentais. Na manhã do dia 21 de outubro, cerca de 150 agricultores tomaram a área – cujas funções têm sua legalidade contestada devido à proximidade ao Parque Nacional do Iguaçú - e renderam os seguranças da NF, cujas armas foram retiradas.

A reação da milícia da NF ocorreu às 13h30 do mesmo dia, quando um ônibus estacionou em frente à ocupação e cerca de 40 pessoas armadas desceram do veículo atirando contra os ocupantes. Keno, de 42 anos, foi atingido no peito por dois tiros; outros seis sem terra foram gravemente feridos.

De acordo com as testemunhas, a milícia tinha a intenção de assassinar os líderes dos movimentos sociais presentes no local. Uma denúncia anônima, feita dias antes, avisava de “uma armadilha que estava sendo preparada pela UDR (União Democrática Ruralista)”.

Conseguiram escapar com vida da ação paramilitar Celso Ribeiro Barbosa e Célia Lourenço, que, juntamente com Keno, eram os líderes sem-terra almejados pela milícia.

Paramilitares ilegais

Contratada pela Syngenta Seeds para proteger os campos experimentais, a NF Segurança atuava de forma ilegal na região, sendo inclusive alvo de uma ação da Polícia Federal ocorrida em outubro, quando foram apreendidas armas e munições ilegais na sede da empresa.

Embora a transnacional negue ter dado qualquer ordem para a retomada da área ocupada, a prática de violência por milícias ligadas à empresa de segurança contratada pela Syngenta já havia sido denunciada pelos trabalhadores rurais (clique aqui para ver o documento com as diversas denúncias) em audiência pública com membros da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal na capital Curitiba, realizada poucos dias antes da tragédia em Santa Tereza.

A Sociedade Rural do Oeste (SRO) e o Movimento dos Produtores Rurais (MPR), associações ruralistas lideradas pelo fazendeiro Alessandro Meneghel, são citadas como fomentadores de milícias armadas na região oeste do Paraná, um dos principais focos de conflito agrário no país.

"Os ruralistas cometeram diversas agressões contra agricultores na região, como o fechamento de estradas no ano passado, ameaças por telefone e a invasão do assentamento vizinho às áreas da Syngenta", diz a advogada da ONG Terra de Direitos, Gisele Cassano.

De acordo com a advogada, a criação do MPR teve como principal intuito a arrecadação de fundos para a contratação de seguranças para garantir a reintegração de posse em terras ocupadas na região.

A utilização de milícias em ações contra a população constitui grave afronta à Constituição Federal, que, por meio de seu artigo 5º, inciso XVII, proíbe a formação de grupos paramilitares. No entanto, durante a audiência com a CDH da Câmara, os ruralistas já afirmavam que iriam contratar empresas de segurança para remover ocupações em áreas improdutivas no Paraná.

Ataque a princípios democráticos

A formação de milícias não tem sido o único instrumento antidemocrático utilizado por ruralistas no embate que travam contra instituições e organizações progressistas no Brasil.

No mês de agosto, ativistas do Greenpeace, da OPAN (Operação Amazônia Nativa) e dois jornalistas franceses foram impedidos de chegar às áreas indígenas em Juína, no Mato Grosso, pelo prefeito da cidade, Hilton Campos (PP), levado ao cargo devido ao apoio que possui entre os fazendeiros da região.

Assim como no Paraná, a expansão do agronegócio sobre terras ilegais ocorre freqüentemente em Juína. Os alvos dos fazendeiros, no entanto, são os indígenas Enawenê-Nawê, que reivindicam seus direitos sobre terras ainda não demarcadas.

A truculência dos fazendeiros com os ativistas e jornalistas, cercados no hotel onde estavam e levados a uma audiência na Câmara Municipal da cidade, está registrada em um documentário intitulado "Amazônia, uma região de poucos" (clique aqui para assistir).

Nos depoimentos dos fazendeiros e políticos de Juiná, são amplas as provas de que a democracia ainda dista de certas regiões do país, onde se minam, facilmente, o direito de ir e vir e o direito à liberdade de imprensa, garantidos na Carta de 1988. Algo ainda mais estarrecedor – e inconcebível em qualquer democracia - se dá em certo momento durante a audiência com o prefeito da cidade mato-grossense, quando um discursante declara que "os índios são nossos".

Reações

As reações da sociedade frente à escalada da violência e da destruição dos princípios democráticos nas regiões de conflito agrário parecem ter, hoje, uma celeridade maior do que em anos anteriores e lideranças proeminentes no campo político não tardaram a demonstrar preocupações com os ocorridos.

Logo após os acontecimentos no Paraná, uma frente parlamentar – composta principalmente por políticos pró-reforma agrária - se reuniu com Tarso Genro, ministro da Justiça, para pedir providências em relação aos crimes cometidos pelas milícias ruralistas.

De acordo com o deputado federal Adão Pretto (PT/RS), um dos participantes do encontro com o ministro, o resultado da reunião foi positivo e um relatório das ações paramilitares no oeste do Paraná deverá ser preparado em breve, assim como uma denúncia oficial para que o ministério tome as providências cabíveis.

"Genro ainda prometeu disponibilizar a Polícia Federal para o caso", relatou Pretto. No Paraná, também já se iniciam as investigações, cujas conclusões deverão apontar os reais motivos e os devidos culpados por tamanhas agressões às instituições democráticas do Brasil.

Um desserviço à luta dos trabalhadores



Escrito por Waldemar Rossi
25-Out-2007

No dia 24 de outubro, vários movimentos sociais, sob a coordenação da CONLUTAS e da INTERSINDICAL - dois movimentos sindicais que vêm com denodo resistindo aos ataques que o governo Lula desfere contra os direitos da classe trabalhadora –, conseguiram a proeza, apesar da omissão das Centrais Sindicais pelegas, incluída a CUT, de reunir cerca de 15 mil trabalhadores das várias regiões do país para uma grande marcha em Brasília. Marcha que teve seu início no pátio de estacionamento do estádio Mané Garrincha, percorreu a avenida que leva até a Esplanada dos Ministérios, parando em frente ao Ministério da Previdência – comandado pelo ministro Luiz Marinho, antigo presidente da CUT, defensor das propostas de reforma encaminhadas por Lula – e fazendo ali um marcante ato de protesto contra a Reforma da Previdência.

Todos os movimentos que participaram da organização do evento, assim como os partidos de esquerda e outros movimentos que estão na mesma luta, puderam expressar seu descontentamento e sua repulsa à pretensão do governo em arrancar, pela força da corrupção e do entreguismo, direitos inalienáveis de todos aqueles que produzem as riquezas deste país: o direito inalienável em ter uma velhice tranqüila, recebendo em troca um pouquinho do muito que ajudaram a construir com tantos anos de trabalho suado. Mais do que isso, ao longo de tantos anos dando sua contribuição previdenciária – um confisco oficial de parte dos seus salários -, constituindo uma poupança que deve lhes assegurar o justo gozo desta última fase de suas laboriosas vidas.

Deveria ser um ato onde a luta contra a Reforma da Previdência e demais reformas no campo da legislação trabalhista fosse seu centro. Os movimentos cumpriram seus acordos que levaram àquela unidade e ação política; o recado foi dado e a continuidade da luta para impedir tal reforma garantida.

Porém, nem todos deram sua verdadeira contribuição. Infelizmente, setores do PSOL (Partido da Solidariedade?) resolveram agir por conta própria, procurando colocar como centro dessa manifestação os ataques ao corrupto senador Renam Calheiros. Uma equipe organizou uma “pizzataiada”, encenada em frente ao mesmo ministério, com caracterizações do próprio Renan e de vários deputados e senadores. Os organizadores do ato, democraticamente, não impediram a encenação. Porém, pouco mais atrás, ao lado, um carro de som (tipo trio elétrico), com faixa do partido, pedia o corte da cabeça política do senador, para, em meio às falas estabelecidas e realizadas no carro chefe da manifestação, ligar seu som próprio e, unilateral e totalitariamente, tentar interferir no andamento do ato de protesto. Lamentável atitude de um partido que se pretende democrático e solidário com a classe trabalhadora, em nome da qual ousa falar. Procurou transformar uma luta que é de toda a classe em ato político seu, numa demonstração da estreiteza que graça no meio político partidário de nossa triste esquerda.

Como não podia ser diferente, a mídia - o grande baluarte defensor dos interesses do capital – deu destaque aos entreveros e aos ataques a Renan, omitindo descaradamente do conhecimento da opinião pública aquilo que foi a razão de ser da manifestação: o protesto da classe trabalhadora contra os assaltos aos direitos trabalhistas, principalmente aos direitos previdenciários.

Sem dúvidas, os representantes do PSOL prestaram um desserviço à luta de resistência da classe trabalhadora, praticando profundo desrespeito aos milhares de participantes e, neste sentido, se igualando à prática do governo petista. Infelizmente só nos resta lamentar e protestar, porque o estrago já foi feito!

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Série : A privatizadora, o privatizador - O EGOÍSMO HEDONISTA NEOLIBERAL

, por Runildo Pinto

O privatizador é um empresário ou um político profissional comprometido com os interesses das grandes empresas e latifundiários, que ocupa um cargo em um governo da Federação, Estado ou Município; que tem convicção ideológica e ambição pessoal e se propõe a executar o patrimônio de um povo, num negócio lucrativo para si e para meia-dúzia de amigos empresários.

Relação - Algozes dos gaúchos:

**Governadora: Yeda Rorato Crusius (a mentora e a que assopra)
** Vice-Governador: Paulo Afonso Girardi Feijó (o que bate e discípulo de Carlos Menem )
Chefe de gabinete da Govenadora: José Carlos Breda
Casa Civil: Luiz Fernando Salvadori Záchia
Casa Militar: Cel. Dalmo Itaboraí dos Santos Nascimento
Secretaria Extraordinária de Relações Institucionais: Celso Bernardi
Secretaria Extraordinária de Comunicação Social: Paulo Fona
Secretaria Extraordinária da Irrigação e Usos Múltiplos da Água: Rogerio Ortiz Porto
Procuradoria Geral do Estado: Eliana Soledade Graeff Martins
Defesa Civil: Subchefe: Tenente Coronel Marco Aurélio da Silva Forlin
Coordenadoria Estadual da Mulher (CEM): Maria Helena Medeiros Gonzalez
Escritório de Representação do Rio Grande do Sul em Brasília: Marcelo Cavalcante
Secretaria de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano: Marco Alba
Secretaria de Infra-Estrutura e Logística: Daniel Andrade
Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social: Fernando Schüler
Secretaria do Meio Ambiente: Carlos Otaviano Brenner de Moraes
Secretaria de Obras Públicas: Coffy Rodrigues
Secretaria da Saúde: Osmar Terra
Secretaria da Segurança Pública: José Francisco Mallmann
Secretaria do Turismo, Esporte e Lazer: Luís Augusto Lara
Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais: Nelson Proença
Secretaria da Administração e Recursos Humanos: Maria Leonor Carpes
Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio: João Carlos Fagundes Machado
Secretaria da Ciência e Tecnologia: Pedro Westphalen
Secretaria do Planejamento e Gestão: Ariosto Culau
Secretaria da Cultura: Mônica Leal
**Secretaria da Fazenda: Aod Cunha (Braço-direito de Yeda Crusiu)
Secretaria da Educação: Mariza Abreu (transformou os alunos em gado)
Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER): Gilberto Teixeira Da Cunha
Instituto de Previdência do Estado (IPERGS): Otomar Vivian
Instituto Rio Grandense de Arroz (IRGA): Maurício Miguel Fischer
Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN): Flavio Vaz Netto
Superintendência do Porto de Rio Grande (SUPRG): Bercílio Luiz da Silva
Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH): Roberto Falcão Laurino
*Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE): Francisco Turra(disse que não ia privatizar na campanha eleitoral)/Mario Bernd
Fundação de Ciência e Tecnologia (CIENTEC ): Luiz Augusto Pereira
Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e de Altas Habilidades (FADERS ): Cláudio Sérgio Vidal Petrucci
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS ): João Antonio Pegas Henriques
Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH): Sabino da Silva Porto Júnior
Fundação de Economia e Estatística (FEE): Adelar Foquezatto
Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO ): Benami Bacaltchuk
Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM : Ana Pellini
Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS ): Nedy De Vargas Marques
Fundação de Planejamento Metropolitano e Regional (METROPLAN ): Nelson Lídio
Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (FOSPA): Ivo Nesralla
Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (FIGTF): Manoelito Carlos Savaris
Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (FEPPS): Silvia Maria Spalding (interina)
Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha (FETLSCV): Prof. Maria Inês Utzig Zulke
Fundação Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS): Carlos Callegaro
Fundação Cultural Piratini – Rádio e Televisão (FRTVE): Luiz Fernando Moraes
Fundação Theatro São Pedro (FTSP): Eva Sopher
Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (FASE): Liliane Gonçalves Saraiva
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB): Luiz Gheller
Cia. de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (PROCERGS): Ronei Martins Ferrigolo
Banco do Estado do Rio Grande do Sul (BANRISUL): Fernando Guerreiro de Lemos
Caixa RS - Fomento Econômico e Social: Suzana Kakuta
Cia. Estadual de Silos e Armazéns (CESA): Ilmo Afonso Adams
Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (CEASA): Elmar Schneider
Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE): Delson Luiz Martini
Cia. Riograndense de Mineração (CRM): Telmo Kirst
Cia. de Gás do Rio Grande do Sul (SULGÁS: Artur Lorentz
Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN): Mário Rache Freitas
Cia. Riograndense de Artes Gráficas (CORAG): Jorge Drumm

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Servidores contra o Pacotaço de Yeda


Che: Homem e Exemplo (final)


Escrito por Pietro Lora Alarcón
23-Out-2007

Ingressamos, nesta fase final das nossas anotações sobre a contribuição de Ernesto CHE Guevara, a alguns aspectos de seu pensamento sobre as formas de luta e as vias para a revolução. Com relação a tais pontos, CHE não somente argumenta sobre as possibilidades cubanas de triunfo e construção do programa socialista, mas também sobre as perspectivas de uma mudança no cenário da América Latina na sua plenitude e, ainda, de uma mutação na correlação de forças internacional contra os Estados que promovem o colonialismo, em tempos de Guerra Fria.

A real dimensão do humanismo revolucionário do CHE somente pode ser explicada a partir da ação em favor da libertação dos povos. CHE entendia que os aliados naturais do processo revolucionário não eram necessariamente os governos, nem sequer, como ele mesmo expressou várias vezes, aqueles que se apresentavam como amigos e, no entanto, eram presas fáceis das tentações dos Estados mais poderosos, senão os povos. Assim, a luta popular em outros países não somente da América Latina, mas da África e da Ásia, assim como a resposta solidária que fosse dada desde o interior dos países centrais, seria de fundamental importância para o sucesso da Revolução Cubana e de todo e qualquer processo que empreendesse o caminho ao socialismo.

Duas questões importantes devem ser levadas em conta nesta ação libertadora: a primeira, a ação militar propriamente dita, que implica no Che a preparação que obtém com o General Bayo, sua leitura sobre os fundamentos de tática e estratégia de Clausewitz e, obviamente, sua experiência na guerra de guerrilhas; a segunda, a vocação internacionalista, a qual nunca abandonou e que foi o resultado, não somente da compreensão de que a Revolução Cubana somente teria possibilidades de sucesso sobre a base da solidariedade internacional, das contínuas convocações ao conjunto dos povos à luta antiimperialista, senão, essencialmente, da sua vivência, a que o colocou em contato com a realidade desesperada e sem esperanças dos homens e mulheres da América.

Como acertadamente lembra Roberto Massari em sua Che Guevara: grandeza y riesgo de la utopia”, a preparação militar do Che começa na Guatemala em 1954, quando se alista nas brigadas juvenis, e prossegue no México sob as ordens do General Bayo. O General, veterano da Guerra Civil Espanhola, tinha a virtude de complementar conhecimentos militares próprios das práticas de um exército regular com os conhecimentos da guerra de todo o povo e das históricas guerras de trincheiras no cenário americano. CHE lembra especialmente dos seus ensinamentos por ocasião da vitória em Las Villas. Quando, após sua morte física, publica-se a obra Táctica y Estratégia de la Revolución Latinoamericana, é possível observar a influência de Bayo aliada às formulações sobre a guerra e a política oriundas de Clausewitz.

Tema de obrigatória abordagem é sua percepção sobre a questão moral e seu entrelaçamento com a questão militar. As forças revolucionárias, sustenta, devem crescer moralmente, posto que essa é a base para o cumprimento das tarefas no dia a dia. O agir está ligado à espiritualidade. Essa opinião a levará em conta até o final em solo boliviano. E, a essa questão moral, Che adiciona na prática dois elementos: a tática de guerra de movimentos - por isso, na Bolívia, Che divide seus homens, como ele mesmo coloca no seu Diário, em grupos de vanguarda, centro e retaguarda em permanente mobilidade – e a unidade com os setores do povo – “La guerra de guerrillas no es outra cosa que una expresión de la lucha de masas y no se puede pensar aisladamente de su medio natural, que es el pueblo”.

Há que dizer que a ignorância de alguns lhes permite, sem qualquer pudor, qualificar o CHE como terrorista. Com efeito, demonstrando seu desconhecimento sobre o conceito de terrorismo, sobre a natureza real das ações militares – ecoando sobre o que outros perigosamente dizem –, o acusam sem, minimamente, fazer uma leitura prévia do seu pensamento. É de bom alvitre, quando algo se desconhece, dar-se ao trabalho de ler e, se isto não é possível, então, talvez calar a boca seja a melhor opção.

Na obra La Guerra de Guerrillas, publicada em 1960, CHE expõe seu pensamento com relação ao terrorismo: “El sabotaje no tiene nada que ver con el terrorismo; el terrorismo y el atentado personal son fases absolutamente distintas. Creemos sinceramente que el terrorismo es un arma negativa, que no produce de ninguna manera los efectos deseados, que puede inducir al pueblo a ponerse en contra de un determinado movimiento revolucionario y que comporta una perdida de vidas entre sus ejecutores muy superior a la ventaja obtenida”.

CHE também não é alguém que reconheça apenas um caminho para a transformação social. Novamente, na sua Táctica y Estratégia de la Revolución Latinoamericana, expressa: “(...) Existe, sin embargo, alguna posibilidad de tránsito pacífico (...) pero, en las condiciones actuales de América, cada minuto que pasa se hace más difícil para el empeño pacifista y los últimos acontecimientos vistos en Cuba muestran un ejemplo de cohesión de los gobiernos burgueses con el agresor imperialista, en los aspectos fundamentales del conflicto. Recuérdese nuestra insistencia: tránsito pacífico no es logro de un poder formal en elecciones o mediante movimientos de opinión pública sin combate directo, sino la instauración del poder socialista, con todos sus atributos, sin el uso de la lucha armada”.

Como é possível perceber claramente, CHE não descartava a possibilidade de assumir o poder e iniciar a construção de uma sociedade mais justa atravessando a luta popular sem o poder das armas. Contudo, também é enfático em reconhecer que a agressão imperial contra Cuba e contra as manifestações populares em prol das mudanças democráticas e progressistas impede os caminhos menos dolorosos para o povo, que, indubitavelmente, se vê forçado a implementar recursos e homens para uma defesa diante de um inimigo poderoso.

Pois bem, certamente, muitas questões ainda podem ser ditas sobre a vigência do pensamento de CHE. Nosso propósito não poderia ser esgotar sua ação, vida e obras. Focalizamos, por isso, em três segmentos, os elementos que nos parecem hoje mais determinantes e dos quais podemos extrair lições concretas, não para uma reprodução dogmática, mas para um aprendizado dialético: em primeiro lugar, em tempos de integração, o pensamento do CHE implica reconhecer que a unidade decorre não de pressões econômicas nem políticas, mas de gestos concretos que se dirijam a criar um cenário de paz e de segurança para todos. Falar de integração enquanto as tropas do país destroem, agridem, torturam e enquanto Guantánamo se constitui em terra imune à aplicação da legalidade internacional é a postura mais hipócrita que se pode esperar de um Estado.

Em segundo lugar, o resgate do ser humano, como mola propulsora do trabalho, da sua dignidade como agente de mudanças democráticas; e, finalmente, a idéia de que a paz é uma bandeira vigorosa, e que a vocação popular não é a guerra, mas que esta pode ser uma necessidade política, quando se é injustamente agredido e é preciso a defesa mais intransigente dos direitos do ser humano.

CHE não era um Quixote lutando contra moinhos, mas um ser humano convencido até a alma dos seus sonhos, o que o une a todos os progressistas do mundo, nos quais a dor ou o cansaço não matou a utopia.

É CHE, como diz a canção. (...) depois de tanto tempo e tanta tempestade, seguimos para sempre esse caminho longo, longo, por onde tu vais.....

Pietro Alarcón, advogado, colombiano, é professor da PUC-SP.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

PCB NA TV


PCB NA TV:

NESTA QUINTA-FEIRA

Dia 25 de outubro (quinta-feira)

De 20:30 às 20:35 h


Pronunciamentos políticos de:

Ivan Pinheiro (Secretário Geral)

Igor Grabois (Secretário Sindical)

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Os cadernos inéditos de Che Guevara




"...No fim do ano passado demos uma lição de dignidade que os norte-americanos nunca pensaram que pudesse acontecer. E continuamos dando esta lição com nossos atos (discurso a 24 de março de 1963, na Assembléia Geral do PURS)".

Che refere-se à "crise do mísseis" de outubro de 1962. O acordo para a solução desta crise que colocou os Estados Unidos e a Rússia à beira da guerra foi alcançado quando Washington respondeu que estava disposta a assumir o compromisso de não invadir Cuba em troca da remoção das bases de foguetes instaladas pelos soviéticos em território cubano. Esta posição foi aceita a 27 de outubro de 1962 por Nikita Khruschev e a decisão foi considerada por Cuba como lesiva à sua condição de nação autônoma e independente e contrária aos interesses da Revolução Mundial. Na entrevista que Fidel Castro concedeu ao jornalista norte-americano Lee Lockwood, em fins de 1966, respondendo à pergunta sobre se Khruschev tinha agido nesse momento de maneira prepotente em relação a Cuba, Fidel Castro respondeu afirmativamente, acrescentando que "Khruschev teve grandes gestos de amizade com nosso país. Realizou atos que foram de grande ajuda para nós". Nessa mesma entrevista Fidel Castro revelou que além do compromisso de não invadir Cuba, os Estados Unidos assumiram com a Rússia outros compromissos "sobre os quais não se pronunciou uma única palavra. No entanto, não creio que seja esta a ocasião para falar disso. Não estou escrevendo minhas memórias: sou um primeiro-ministro em serviço ativo. Um dia, talvez, se saberá que os Estados Unidos fizeram algumas outras concessões em relação à crise em relação à crise de outubro, paralelamente àquelas que foram tornadas públicas". Vale a pena lembrar que apesar da pressão dos soviéticos (visita de Anastas Mikoyan) e do próprio secretário geral da ONU, U Thant, a quem segundo suas próprias declarações Khuschev tinha solicitado a ajuda das Nações Unidas para obrigar os cubanos a ceder, Fidel Castro negou-se terminantemente a permitir qualquer tipo de inspeção da ilha por parte de organismos norte-americanos ou internacionais. A posição cubana foi expressada na plataforma de cinco pontos que Fidel Castro deu a conhecer a 28 de outubro de 1962 e em seu discurso radiotelevisionado de 1º de novembro do mesmo ano.



Mantidas em sigilo por décadas, estão disponíveis as Notas em que ele aponta as desigualdades do socialismo real, ironiza os "calhamaços soviéticos" que "não deixam pensar" e começa a compreender a necessidade de democratizar o poder revolucionário

Michael Löwy

Pouco a pouco, Ernesto Che Guevara distanciou-se de suas ilusões iniciais sobre a URSS e o marxismo de tipo soviético. No ano de 1965, em carta ao amigo Armando Hart, então ministro da Cultura de Cuba, ele critica duramente o “continuísmo ideológico” que se manifesta na ilha com a edição dos manuais soviéticos para ensino do marxismo – um ponto de vista convergente com o defendido, na mesma época, por Fernando Martínez Heredia, Aurélio Alonso e seus amigos do Departamento de Filosofia da Universidade de Havana, editores da revista Pensamiento Critico. Esses manuais – chamados por ele de “calhamaços soviéticos” – "têm o inconveniente de não deixarem pensar: o Partido já fez isso por você e você deve digeri-lo” [1].

De forma cada vez mais explícita, percebe-se a busca de um outro modelo, de um método diferente de construção do socialismo — mais solidário, igualitário e radical.

A obra de “Che” não é um sistema fechado, um argumento acabado, com resposta para tudo. Para muitas questões — a democracia socialista, a luta contra a burocracia — sua reflexão permanece incompleta, já que foi interrompida pela morte prematura, em 1967. Mas, em relação a esse aspecto, Martínez Heredia está certo ao ressaltar: “O caráter inacabado do pensamento de Che também apresenta aspectos positivos. O grande pensador está lá presente, assinalando problemas, exigindo que seus camaradas pensem, estudem, combinem a teoria e a prática. Torna-se impossível, quando se assume realmente o seu pensamento, dogmatizá-lo e convertê-lo em um baluarte especulativo de frases e de receitas” [2].

Em um primeiro momento — 1960-1962 —, Guevara depositou muita esperança nos “países irmãos” do chamado “socialismo real”. Mas, após algumas visitas à União Soviética e aos países do Leste Europeu, e após ter vivido a experiência dos primeiros anos de transição para o socialismo em Cuba, ele se mostra cada vez mais crítico. Suas divergências são expressas publicamente em várias ocasiões, especialmente durante o célebre Discurso de Argel [3], em 1965. Mas é a partir de 1963-1964, durante o grande debate econômico realizado em Cuba, que aparecem suas tentativas de formular uma abordagem distinta do socialismo.

Um combate contra o "socialismo de mercado"

Tal debate opõe os partidários de uma espécie de “socialismo de mercado” — com autonomia das empresas e busca da rentabilidade, nos moldes soviéticos — e Guevara, que defende o planejamento centralizado, baseado em critérios sociais, políticos e éticos. Muito mais do que bonificações pelo rendimento e preços fixados pelo mercado, ele propõe que alguns bens e serviços sejam gratuitos. No entanto, há uma questão que permanece não muito clara nas intervenções de Che: quem toma as decisões econômicas fundamentais? Em outras palavras, como ele trata a questão da democracia no planejamento?

A respeito desse tema, e de vários outros, os documentos inéditos de Guevara, recentemente publicados em Cuba, oferecem novas perspectivas. Trata-se de suas Notas Críticas ao Manual de Economia Política: uma reflexão sobre o famoso texto da Academia de Ciências da URSS – um desses “calhamaços” que ele criticava na carta dirigida a Hardt. Foram redigidas durante sua estada na Tanzânia e, principalmente, em Praga, em 1965-1966. Não é um livro, nem mesmo ensaio, mas uma coleção de trechos da obra soviética, seguidos de comentários freqüentemente ácidos e irônicos [4].

Há muito tempo, esperava-se a publicação do documento. Durante décadas, esse permaneceu “fora de circulação”: no máximo foi permitido a alguns pesquisadores cubanos consultá-lo e citar certas passagens [5]. Graças a Maria Del Carmen Ariet Garcia, do Centro de Estudos Che Guevara de Havana, que o organizou, agora ele está à disposição dos leitores interessados. Essa edição ampliada contém, aliás, outros materiais inéditos: uma carta de Fidel Castro, de abril de 1965, que serve de prólogo ao livro; notas sobre os escritos de Marx e de Lênin; uma seleção de anotações das conversas de Guevara com seus colaboradores do ministério das Indústrias, em 1963-65 (já publicadas, parcialmente, na França e na Itália, na década de 1970); cartas a diversas personalidades (Paul Sweezy, Charles Bettelhein); trechos de uma entrevista ao jornal egípcio El-Taliah (abril de 1965).

A obra é, ao mesmo tempo, um testemunho da independência de espírito de Guevara, de seu distanciamento crítico em relação ao “socialismo real”, e de sua busca de uma via radical. E mostra também os limites da sua reflexão.

Visão limitada do stalinismo, crítica ácida ao bloco "socialista"

Comecemos pelos limites: Che, naquele momento (não se sabe se sua análise a esse respeito avançou em 1966-1967), não compreendeu a questão do stalinismo. Ele atribui os impasses da URSS na década de 1960 à Nova Política Econômica (NEP) [6]] pós-de Lênin! Certamente, pensa que se Lênin tivesse vivido mais tempo (“Ele cometeu o erro de morrer”, observa com humor) teria corrigido os seus efeitos mais retrógrados. Permanece convencido de que a introdução de elementos capitalistas pela NEP conduziu às tendências nefastas, indo no sentindo da restauração do capitalismo, que observava na União Soviética de 1963.

Mas nem por isso suas críticas à NEP são sem importância. Elas coincidem, às vezes, com aquelas formuladas pela oposição de esquerda da URSS, em 1925-1927. Por exemplo, quando constata que “os quadros se aliaram ao sistema, constituindo uma casta privilegiada”. Mas a hipótese histórica que torna a NEP responsável pelas tendências pró-capitalistas da URSS de Leonid Brejnev é decididamente pouco operacional. Não que Guevara ignorasse o papel nefasto de Stálin. Em uma de suas notas críticas, encontramos esta frase precisa e surpreendente: “O terrível crime histórico de Stálin” foi “o de ter desprezado a educação comunista e de ter instituído o culto ilimitado da autoridade”. Mesmo que ainda não represente uma análise do fenômeno stalinista, já é uma rejeição categórica.

Em Discurso de Argel, Che exigia dos países que se diziam socialistas que pusessem fim a sua “cumplicidade tácita com os países exploradores do Ocidente”, prática traduzida em relações de troca desiguais com os povos em luta contra o imperialismo [7]. Essa questão é retomada várias vezes nas Notas críticas ao manual soviético. Enquanto os autores dessa obra oficial elogiam “a ajuda mútua” entre países socialistas, o revolucionário argentino é obrigado a constatar que isso não corresponde à realidade: “Se o internacionalismo proletário presidisse os atos dos governos de cada país socialista, seria um sucesso. Mas o internacionalismo foi substituído pelo chauvinismo (de grande potência ou de pequeno país) ou pela submissão à URSS. Isso fere todos os sonhos honestos dos comunistas do mundo.”

Algumas páginas adiante, em comentário irônico sobre a exaltação que o manual faz à divisão do trabalho entre os países socialistas, fundada numa “colaboração fraternal”, Guevara observa: “O balaio de gatos que é o Comecon [8] desmente tal afirmação na prática. O texto se refere a um ideal que "somente poderia se estabelecer pela verdadeira prática do internacionalismo proletário, mas que está, lamentavelmente, ausente hoje em dia”. Na mesma linha, outra passagem constata (com amargura) que, nas relações entre os países que se diziam socialistas, encontram-se “fenômenos de expansionismo, troca desigual, concorrência, até certo ponto de exploração e certamente de submissão dos Estados fracos aos fortes”.

Uma tentativa de articular planejamento com democracia

Por fim, quando o manual fala sobre a “construção do comunismo” na URSS, Che comenta: “O comunismo pode ser construído em um único país?”. Uma outra observação segue o mesmo raciocínio: Lênin, observa o revolucionário, “afirmou claramente o caráter universal da revolução, coisa que a seguir foi negada” – crítica explícita ao “socialismo em um só país” [9].

A maior parte das críticas de Guevara ao manual soviético corresponde de perto aos seus escritos econômicos de 1963-1964: defesa do planejamento central contra a lei do valor e as fábricas autônomas, que funcionam segundo as regras do mercado; defesa da educação comunista contra os estímulos materiais individuais. Ele também se preocupa com o recebimento de uma parte dos benefícios pelos dirigentes das fábricas, o qual considera um princípio de corrupção.

Che defende o planejamento como eixo central do processo de construção do socialismo, porque ele “libera o ser humano de sua condição de coisa econômica”. Mas reconhece – em carta a Fidel – que em Cuba “os trabalhadores não participam da elaboração do plano”.

Quem deve planejar? O debate de 1963-1964 não havia respondido à questão. Os avanços mais interessantes que encontramos nas notas críticas de 1965-1966 são sobre tal assunto: algumas passagens apresentam de forma clara o princípio de uma democracia socialista, na qual as grandes decisões econômicas são tomadas pelo próprio povo. “As massas”, escreve Che, “devem participar da elaboração do plano, ao passo que sua execução é um assunto puramente técnico”. Na URSS, em sua opinião, a concepção do plano como “decisão econômica das massas, conscientes do seu papel” foi substituída por um placebo no qual as alavancas econômicas determinam tudo. As massas, ele insiste, “devem ter a possibilidade de dirigir seu destino, decidir quanto vai para a acumulação e quanto vai para o consumo”. A técnica econômica deve operar com esses números – decididos pelo povo – e “a consciência das massas deve garantir a sua realização”.

Reflexão sobre democracia, interrompida por morte prematura

O mesmo tema é retomado em várias ocasiões: os operários, o povo em geral, “decidirão sobre os grandes problemas do país (taxa de crescimento, acumulação/consumo)”, mesmo se o próprio plano for obra de especialistas. Essa separação, por demais mecânica, entre as decisões econômicas e sua execução é discutível, mas, por meio de tais formulações, Guevara se aproxima consideravelmente da idéia de planejamento socialista democrático. Ele ainda não extrai disso todas as conclusões políticas (democratização do poder, pluralismo político, liberdade de organização), mas não se pode negar a importância dessa nova visão da democracia econômica [10].

Tais notas podem ser consideradas uma etapa importante no caminho de Che para uma alternativa comunista/democrática ao modelo soviético. Um caminho brutalmente interrompido, em outubro de 1967, pelos assassinos bolivianos a serviço da CIA (a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos).



[1] Tal carta, durante muito tempo inédita, é reproduzida por Nestor Kohan em Ernesto Che Guevara. Otro mundo es posible (Buenos Aires, Nuestra America, 2003, pp.156-158).

[2] Martínez Heredia: “Che, el socialismo y el comunismo”, em Pensar el Che, Centro de Estudios sobre América (Havana, Editorial José Marti, 1989, tomo II, p. 30).

[3] Fragmentos do Discurso de Argel estão disponíveis, em espanhol e formto "pdf", na página web do Centro de Estudos Manuel Rodríguez, do Chile

[4] Ernesto Che Guevara: Apuntes criticos a la economia politica (Havana, Ocean Press, Editorial de Ciencias Sociales, 2006).

[5] Conforme Carlos Tablada: El pensamiento economico de Ernesto Che Guevara (trinta edições desde 1987, a última pela Ruth Casa Editorial, Panamá, 2005). E também Orlando Borrego: El camino del fuego (Havana, Imagen Contemporánea, 2001).

[6] Política iniciada a partir de 1922, após o fracasso da onda estatista que se seguiu à revolução de 1917, e que ficou conhecida por "Comunismo de Guerra". A NEP, vista por Lênin como um recuo necessário, devolveu parte dos meios de produção a seus antigos proprietários, ou permitiu que fossem administrados em moldes capitalistas. Nota de edição brasileira

[7] Ernesto Che Guevara, Obras 1957-1967. Paris: François Maspero, 1970, tomo II, p. 574.

[8] Espécie de mercado comum dos países do “socialismo real”.

[9] Em contradição com os preceitos “internacionalistas” antes defendidos por Lênin, a teoria política, defendida por Stálin, em 1924, foi adotada pelo XIV Congresso do Partido Comunista da União Soviética em dezembro de 1925.

[10] É interessante observar que, nas discussões com seus colaboradores do ministério da Indústria, publicadas no mesmo volume, várias vezes encontramos a defesa, por Guevara, do princípio da livre discussão. Dessa forma, em um debate de dezembro de 1964, ele insiste: “Não é possível destruir uma opinião pela força, isso bloqueia o livre desenvolvimento da inteligência”.

domingo, 21 de outubro de 2007

Por que Zurdo?

O nome do blog foi inspirado no filme Zurdo de Carlos Salcés, uma película mexicana extraordinária.


Zurdo em espanhol que dizer: esquerda, mão esquerda.
E este blog significa uma postura alternativa as oficiais, as institucionais. Aqui postaremos diversos assuntos como política, cultura, história, filosofia, humor... relacionadas a realidades sem tergiversações como é costume na mídia tradicional.
Teremos uma postura radical diante dos fatos procurando estimular o pensamento crítico. Além da opinião, elabora-se a realidade desvendando os verdadeiros interesses que estão em disputa na sociedade.

Vos abraço com todo o fervor revolucionário

Raoul José Pinto



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