quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Partido Comunista da Grécia (KKE)


Encontro Internacional de Partidos Comunistas e de Trabalhadores

Nova Delhi, 20-22 de Novembro de 2009.

Intervenção do Partido Comunista da Grécia (KKE)

FALA DE GIORGOS MARINOS, MEMBRO DO CC DO KKE

“A causa real da crise é a intensificação da contradição do capitalismo, a contradição entre o caráter social da produção e a apropriação capitalista dos meios de produção. A meta do capitalismo é o lucro, e não a satisfação das necessidades humanas.”

“Na era moderna, era da transição do capitalismo para o socialismo, a luta não deve ser por transformações democráticas burguesas, mas pelo poder socialista que superará o poder dos monopólios e resolverá os problemas do atraso econômico, da dependência, etc.”

Gostaríamos de agradecer ao Partido Comunista da Índia (Marxista) por organizar e sediar o Encontro Internacional de Partidos Comunistas e de Trabalhadores. O fato de esse encontro ter acontecido na Ásia pela primeira vez significa um passo importante. Com outros, reiteramos nossa solidariedade aos povos da região que vêm se tornando alvo dos planos imperialistas e rivais, assim como nossa solidariedade à luta dos partidos comunistas que, geralmente, enfrentam dificuldades, perseguições, discriminações, assassinatos.

A análise do desenvolvimento da crise capitalista enriquecerá nossa experiência e contribuirá para o desenvolvimento da luta comunista. Comunistas estudam a crise capitalista, suas causas e conseqüências, as condições que ela cria para o desenvolvimento ideológico, política e de lutas de massa. De maneira alguma, nossa concentração e de que a crise do capital deverão nos desviar do que é o desenvolvimento capitalista do período anterior, o qual fatores levaram a essa crise do desenvolvimento. Além do mais, os trabalhadores devem tratar o desenvolvimento capitalista de forma única em todos os estágios do ciclo econômico, desenhando suas conclusões.

O capitalismo não é perigoso, somente, no período de crise, de recessão econômica. É perigoso num todo. Porque em todos os seus estágios ele é caracterizado pela exploração da força de trabalho, pela mais valia criada pelo seu trabalho, pelo lucro que é a vida e a alma do sistema capitalista.

Mesmo no momento de crescimento econômico, de expansão da produção e aumento da riqueza produzida pelos trabalhadores, é o grande capital que se apropria dos frutos do desenvolvimento, aumentando seu lucro e poder. Os lucros dos magnatas, banqueiros, armadores e muitos outros setores da plutocracia, assim como o estreitamento do monopólio capitalista, são imensos.

Por outro lado, os trabalhadores encontram o crescimento do desemprego, o congelamento dos salários e pensões, o aumento do tempo de trabalho para a aposentadoria, a desqualificação da educação, saúde bem estar, cultura, assim como as graves conseqüências das privatizações e liberalização de setores da economia.

Essas tendências não são exclusivas de países capitalistas que intermedeiam ou subordinam posições da pirâmide capitalista. Elas também se aplicam aos EUA, à União Européia como um bloco interestatal de organização imperialista: se aplicam no mundo capitalista como um todo.

Nessa altura do desenvolvimento nasceram as pré-condições da crise. Por isso, os partidos comunistas devem lutar para esclarecer as reais causas da crise e revelar as falsas alegações da social democracia e de oportunistas que utilizam diversos pretextos que servem para salvaguardar o capitalismo e conciliar suas contradições irreconciliáveis.

Isso não pode esmorecer; a luta ideológico-política deve intensificar.

Devemos responder, resolutamente, às alegações da burguesia e forças oportunistas, especialmente àquelas do Partido da Esquerda Européia e do partido “die Linke” que tentam, num todo, promover as defesas capitalistas para a classe trabalhadora. Devemos responder à nova onda anticomunista surgida na ocasião dos vinte anos da contra-revolução que teve total apoio das forças liberais, social democratas e oportunistas.

Primeiro: a alegação de que a crise foi causada, exclusivamente, pela administração neoliberal é, em parte, verdade, mas exonera o capitalismo de suas responsabilidades e libera a social democracia. O capitalismo passa por crises desde o século 19. Com sua transição para o imperialismo a crise passa a ser sistêmica.

Todos os modelos administrativos foram testados para prevenir e evitar a crise: o reforço da atividade comercial do Estado e o estímulo da demanda de acordo com os novos critérios keynesianos; também a receita neoliberal misturada com políticas sociais democratas. De qualquer maneira, as leis capitalistas ainda existem. A crise econômica da super produção se manifesta por si mesma em todos os períodos, independente da forma de governo.

A reestruturação capitalista começou em 1973 e se alastrou pela década de 1990 não por acaso. A meta era lidar com os problemas que diziam respeito à reprodução do capital e a estagnação. Essas mudanças encontraram necessidades internas de maior concentração e aumento do lucro do capital entre os mercados liberais, a livre movimentação do capital, bens, serviços e forças de trabalho. Mas até esse modelo perdeu sua dinâmica; isso levou à crise econômica.

Segundo: a caracterização da crise como financeira e a teoria do cassino-capítalista apresentam as reais causas da crise. Além disso, foram refutadas pelo desenvolvimento, já que a crise se espalhou para todas as esferas da economia. A história da crise provou que ela pode se manifestar, primeiramente, no sistema financeiro, mas sua raiz é a acumulação do capital que se dá na esfera da produção.

Os péssimos empréstimos garantidos pelos bancos e outras companhias financiadoras dos EUA serviram para uma necessidade específica: garantir uma maneira rentável de super acumulação do capital que incluísse a mais valia criada pela exploração da força de trabalho, o trabalho não pago da produção; garantir uma maneira de queimar o capital super acumulado e manter a produção tentando superar os problemas que dizem respeito ao poder de compra das famílias dos trabalhadores através de empréstimos para a compra de casas e outros produtos de suas necessidades.

A análise dessas questões que dizem respeito à reprodução social do capital compreende o exame da relação entre o capital industrial, comercial e financeiro, considerando que a era do imperialismo, ainda mais atualmente, se consolida com a fusão do capital industrial com o financeiro, o que leva à formação do capital financeiro com enormes proporções.

A causa real da crise é a intensificação da contradição do capitalismo, a contradição entre o caráter social da produção e a apropriação capitalista dos meios de produção. A meta do capitalismo é o lucro, e não a satisfação das necessidades humanas.

Esses elementos prevalecem no sistema de exploração; eles constituem a base anárquica e pessimista do desenvolvimento; a base da queda tendência da taxa de lucro causada pelo aumento orgânico de meios capitalistas de produção; a base da contradição entre produção e consumo. Esses fatores levam à disfunção da reprodução social do capital e à crise da superprodução.

Nós lutamos para que as pessoas percebam as causas reais da crise e jogamos todas as nossas forças na organização da luta da classe proletária e dos setores populares contra a agressão capitalista e os planos contra a organização popular que dá sustento ao capital e tentam jogar a culpa da crise para os ombros das populações. O povo precisa construir sua consciência. Trilhões de dólares foram transferidos para reforçar os banqueiros, magnatas e outros capitalistas que promovem a ofensiva contra os trabalhadores e os movimentos populares, o esforço para fazê-los pagar pela crise capitalista. Este percurso é trilhado tanto pelos EUA quanto pela União Européia, assim como outros países capitalistas, todos eles liderados por partidos neoliberais e social-democratas. A decisão do G20 também vai na mesma direção. Suas contradições refletem as rivalidades entre os interesses monopolistas e particulares.

Para enganarem a população eles usam diversas teorias contraditórias; promovem falsas expectativas com o intuito de analisar as reações das sociedades e esconderem o desenvolvimento da luta de classes.

As forças social democratas, o chamado “Socialismo Internacional” e seus fantoches lideram esse esforço.

Primeiro: eles apresentam o controle do movimento do capital como uma alternativa à crise, falam sobre a democratização do Banco Mundial e do Banco Central Europeu. De qualquer maneira, ficou provado que nada pode prevenir o surgimento das contradições capitalistas e que nenhuma medida pode ser tomada para mudar a natureza do sistema bancário, que é uma ferramenta do capitalismo.

Segundo: eles promovem a nacionalização de alguns bancos ou outros empreendimentos capitalistas também como alternativas. Essa posição é decepcionante porque, até mesmo nesse caso, o critério do lucro permanece no campo da liberalização do Mercado que reproduz a competição e agressividade contra os povos.

Terceiro: eles estão preocupados com o aumento do desemprego e, como solução, promovem o aumento do desenvolvimento combinado com o chamado “desenvolvimento verde”. Estão, na verdade, enganando os povos. O desenvolvimento capitalista nunca foi dirigido para a garantia de trabalho para todo mundo, e nunca será.

É lamentável o fato de os meios de produção estarem nas mãos dos capitalistas, que o lucro é o critério para o desenvolvimento e que, em qualquer caso, o sistema é caracterizado pela anarquia na produção e o desenvolvimento desigual entre os vários campos e setores da economia, assim como das áreas geográficas.

Esse fato sublinha que, no capitalismo, os trabalhadores nunca estarão na frente dos lucros; isso revela o quão traiçoeiras são as alegações sobre a “racionalização”, o capitalismo “humano” e regulamentação do Mercado. Os comunistas devem refutar, resolutamente, essas ilusões sobre a administração do sistema capitalista e superar as dificuldades na organização e desenvolvimento da luta de classes, esclarecendo que não há interesses comuns entre o capital e a classe trabalhadora, nem na fase de crise, muito menos na fase de revitalização do desenvolvimento capitalista.

Capitalistas e seus partidos promovem novas medidas contra populações em nome das mudanças climáticas, mascarando o fato de que essas mudanças são resultado da exploração das riquezas naturais, pelo capital, com o intuito de terem lucros. Energia, água, florestas, matas, produção agrícola são privatizadas e se acumulam nas mãos de algumas corporações multinacionais, agora também em nome do meio ambiente. Medidas semelhantes são promovidas, em grande ou pequena escala, em todos os países capitalistas, independente do grau de desenvolvimento do capital.

Além do mais, a proteção do meio ambiente também é usada como um pretexto para as intervenções imperialistas. Monopólios multinacionais, através do poder imperialista, coordenado pelos EUA e a União Européia, promovem acordos interestatais antipopulares e em defesa da Organização Mundial do Comércio e das negociações da Rodada de Doha com os países menos desenvolvidos. Eles também negociam metas para a produção de biocombustíveis, o que destrói vastas áreas florestais, promovem as mudanças genéticas nos alimentos e promovem outras medidas que significam um golpe ainda maior contra as rendas dos trabalhadores, pobres e camponeses.

“Economia Verde”, promovida, principalmente, pela União Européia, constitui uma maneira de acumulação do capital salvaguardando os lucros dos monopólios intensificando a exploração dos trabalhadores e dos recursos naturais; não só isso não resolve o problema das mudanças climáticas como, pelo contrário, intensifica. Problemas climáticos e ambientais não podem ser tratados como independentes da propriedade dos meios de produção, nem ignorando a concentração política que significam.

Camaradas,

Colaboração de classe é uma das mais incidentes e perigosas ferramentas de manipulação da classe trabalhadora e seu enfraquecimento revolucionário. Nós estamos, por isso, obrigados a estreitar laços ideológicos e organizar lutas contra tais posições, que são, em muitos casos, expressadas não somente por partidos neoliberais ou social democratas, mas também por partidos que se apresentam de “esquerda”, na verdade partidos oportunistas. Esses partidos tentam construir relações com partidos comunistas, exercendo influência nos seus locais de organização, ideologia e linha política.

Alguns desses chamados partidos de “esquerda” não só apresentam posições que servem ao capitalismo, mas também para abrirem espaço para o anticomunismo, caluniando o socialismo histórico dentro do movimento comunista.

O esforço do movimento comunista para unificar a classe trabalhadora não deverá se basear em relações com os chamados “partidos oportunistas de esquerda”; deve depender da habilidade de convencimento, recuperando e mobilizando a classe e os movimentos populares contra os monopólios e o imperialismo.

O Partido Comunista da Grécia (KKE) acredita que o esclarecimento desse significante momento dará ímpeto à luta comunista; afirmará ações independentes e o recrutamento de novas forças do movimento operário. Isso é particularmente importante para a mudança da correlação de forças e efetivação da luta sob condições de crise e, inclusive, para o futuro.

Além do mais, gostaríamos de esclarecer o seguinte:

Essa intensa luta político-ideológica requer um esforço maior para mostrar as mazelas do desenvolvimento, de acordo com a análise Marxista-Leninista. Isso também requer que os encontros internacionais dos partidos comunistas e de trabalhadores continuem nessa direção. Somente nesse caminho poderão os encontros internacionais completar essa tarefa, superando as dificuldades e respondendo às expectativas do povo trabalhador. Na Grécia, vivemos a experiência das dificuldades de uma batalha caracterizada pela agressividade da União Européia e do governo social-democrata. Por trás da crise, a reestruturação do capital é acelerada, o esforço para impor a chamada “flexibilização” do emprego se intensifica, a política de desmantelamento da seguridade social se mantém, saúde, educação vêm sendo privatizados, enquanto os salários e as aposentadorias são congelados. Todos os meios são utilizados para reduzir o valor da força de trabalho, aumentar o grau de exploração e os lucros do capital.

Sob essas condições, o KKE aumenta seus esforços para a unidade da classe trabalhadora e a aliança com o campesinato e outros setores oprimidos. Insiste na organização da classe nos locais de trabalho e sindicatos; apóia e participa da PAME, o pólo classista do movimento sindical que luta contra as forças “sindicaleiras” e trava duras batalhas pelos direitos dos trabalhadores.

O reforço e a efetivação da luta de classe do movimento requerem boa orientação contra os esforços de colocar o peso da crise sobre os ombros dos trabalhadores; assim como a promoção de demandas que vão ao encontro das necessidades das pessoas (estabilidade no trabalho e pleno emprego, aumento substancial de salários e pensões, saúde pública, sistema educacional de qualidade e gratuito, etc).

Os sindicatos que se filiaram ao PAME na luta alcançaram resultados significantes. Através de greves, paralisações, ocupações e outras formas de luta estancaram as demissões; obrigaram os empregadores a reintegrar seus funcionários demitidos; assinaram contratos trabalhistas coletivos que os obrigam a proporcionar aumentos superiores à política de rendimentos; os sindicatos intercederam em favor dos imigrantes que vinham sendo atacados.

KKE, junto à classe, organizou um movimento orientado para enfrentar essas dificuldades e é, particularmente, exigente em matéria de reforço da ideologia e da luta política de massas para a libertação do trabalho da política e ideologia burguesa, o reformismo.

Em nossa opinião, os partidos comunistas devem combinar esforços para alinhar o movimento de classe a nível nacional reforçando a Federação Sindical Mundial de Sindicatos (FSM), que teve um significante progresso na sua reconstrução.

Gostaríamos de alertar. A crise capitalista intensifica as contradições intra-imperialistas em um período em que os EUA e a China vêem reduzidas suas cotas no “GWP”, a União Européia reforça sua presença e a China, a Rússia, a Índia e o Brasil passam a disputar o mesmo espaço.

Os trabalhadores não devem se iludir com slogans de democratização da ONU ou de uma “nova arquitetura das relações internacionais”. Esses slogans têm, somente, a intenção de humanizar o capitalismo. De fato, nunca existiu um mundo “unipolar”! As condições e contradições imperialistas sempre existiram. No entanto, no passado, foram atenuados devido à necessidade de enfrentarem a URSS e outros países socialistas.

Hoje em dia, testemunhamos uma nova intensificação das contradições imperialistas, assim como o exercício de várias forças imperialistas crescentes e alianças desempenhando um papel atualizado nos assuntos internacionais, descrito pelo modelo de “mundo multipolar”.

Na verdade, o imperialismo se caracteriza pela direção que dá aos mercados e recursos naturais. Comunistas assumem grandes responsabilidades no que se refere ao esclarecimento e a mobilização dos povos contra as guerras e intervenções imperialistas, contra as ocupações, também contra todas as organizações e centros imperialistas, independente da sua “cor”, seus nomes ou regiões onde foram criadas.

Os conflitos internos e também entre as organizações imperialistas, como a Organização Mundial do Comércio, não devem ser submetidos aos trabalhadores como demandas para uma melhor ou mais justa administração do sistema capitalista. Os acordos concluídos nessa organização refletem a correlação de forças e uma ilusão na crença de que eles podem ser mais justos.

Os comunistas não lutam por uma posição melhor no mundo capitalista, ou por uma melhor gestão capitalista, mas para derrotar o capitalismo e construir o socialismo!

Os trabalhadores, tanto de países desenvolvidos quanto daqueles em desenvolvimento, seguindo o modelo capitalista, devem responder com uma luta unificada e comum contra os imperialistas, contra os esforços de dividir os respectivos povos pelo critério de classes no “Sul e no Norte”, entre países “Ricos e Pobres”.

Os comunistas devem responder a essas pseudo-divisões com a elaboração de uma estratégia comum contra o imperialismo, com uma unidade ainda mais forte a nível global que será construída através de nossas lutas nacionais e regionais sempre cooperando com outros movimentos anti-imperialistas.

A histórica frase do Manifesto Comunista ainda é relevante: “Proletários de todos os países, uni-vos”!

A distância entre os capitalistas e a classe trabalhadora aumenta nos chamados países “desenvolvidos” e “em desenvolvimento”. As contradições sociais aumentam devido ao ataque global liderado pelo grande capital depois da queda do sistema socialista na Europa, recaindo sobre os direitos e ganhos dos trabalhadores de todo o mundo.

A experiência histórica provou que o movimento comunista se fortalece na medida em que está fortemente dedicado à luta antiimperialista, anti-monopolista e, principalmente, à sua meta, que é a luta revolucionária de superação do capitalismo pelo socialismo, abolindo a exploração do homem pelo homem.

Na era moderna, era da transição do capitalismo para o socialismo, a luta não deve ser por transformações democráticas burguesas, mas pelo poder socialista que superará o poder dos monopólios e resolverá os problemas do atraso econômico, da dependência, etc.

Os inimigos do socialismo e vários anticomunistas, que celebraram, há alguns dias atrás, a queda do Muro de Berlim, não podem parar o curso da história, não importa o que façam.

O Socialismo teve uma grande contribuição histórica. Em alguns anos resolveu problemas que o capitalismo não consegue há séculos. Estabaleceu o direito pelo trabalho, pela saúde pública e educação, desenvolveu os esportes e a cultura para os povos, aboliu a exploração do homem pelo homem, mostrou a supremacia do socialismo sobre o capitalismo.

A União Soviética foi um fator importante na vitória sobre o fascismo, tendo perdido 20 milhões de seus homens na batalha.

Estudamos as deficiências que levaram aos erros, os desvios oportunistas que levaram à derrubada do socialismo; tiramos nossas lições. O Socialismo do novo século é constituido de continuação integral do patrimônio e das lições do socialismo do século.

Socialismo está mais relevante e necessário. A intensificação das contradições, do desemprego, pobreza, exploração e da crise do capital mostram seus limites históricos.

O caminho para a satisfação dos povos passa pelo poder dos trabalhadores, a ditadura do proletariado, a socialização dos meios de produção e das terras, o controle e planejamento central dos trabalhadores.

Esse é o farol que ilumina nosso caminho.


domingo, 27 de dezembro de 2009

Por que não festejo e me faz mal o Natal

Dezembro 24, 2009

por Mário Maestri*

Não festejo e me faz mal o Natal por diversas razões, algumas fracas, outras mais fortes. Primeiro, sou ateu praticante e, sobretudo, adulto. Portanto, não participo da solução fácil e infantil de responsabilizar entidade superior, o tal de “pai eterno”, pelos desastres espirituais e materiais de cuja produção e, sobretudo, necessária reparação, nós mesmos, humanos, somos responsáveis.

Sobretudo como historiador, não vejo como celebrar o natalício de personagem sobre o qual quase não temos informação positiva e não sabemos nada sobre a data, local e condições de nascimento. Personagem que, confesso, não me é simpático, mesmo na narrativa mítico-religiosa, pois amarelou na hora de liderar seu povo, mandando-o pagar o exigido pelo invasor romano: “Dai a deus o que é de deus, dai a César, o que é de César”!

O Natal me faz mal por constituir promoção mercadológica escandalosa que invade crescentemente o mundo exigindo que, sob a pena da imediata sanção moral e afetiva, a população, seja qual for o credo, caso o tenha, presenteie familiares, amigos, superiores e subalternos, para o gáudio do comércio e tristeza de suas finanças, numa redução miserável do valor do sentimento ao custo do presente.

Não festejo e me desgosta o Natal por ser momento de ritual mecânico de hipócrita fraternidade que, em vez de fortalecer a solidariedade agonizante em cada um de nós, reforça a pretensão da redenção e do poder do indivíduo, maldição mitológica do liberalismo, simbolizada na excelência do aniversariante, exclusivo e único demiurgo dos males sociais e espirituais da humanidade.

Desgosta-me o caráter anti-social e exclusivista de celebração que reúne egoísta apenas os membros da família restrita, mesmo os que não se freqüentaram e se suportaram durante o ano vencido, e não o farão, no ano vindouro. Festa que acolhe somente os estrangeiros incorporados por vínculos matrimoniais ao grupo familiar excelente, expulsos da cerimônia apenas ousam romper aqueles liames.

Horroriza-me o sentimento de falsa e melosa fraternidade geral, com que nos intoxica com impudícia crescente a grande mídia, ano após ano, quando a celebração aproxima-se, no contexto da contraditória santificação social do egoísmo e do individualismo, ao igual dos armistícios natalinos das grandes guerras que reforçavam, e ainda reforçam – vide o peru de Bush, no Iraque – o consenso sobre a bondade dos valores que justificavam o massacre de cada dia, interrompendo-o por uma noite apenas.

Não festejo o Natal porque, desde criança, como creio para muitíssimos de nós, a festa, não sei muito bem por que, constituía um momento de tensão e angústia, talvez por prometer sentimentos de paz e fraternidade há muito perdidos, substituindo-os pela comilança indigesta e a abertura sôfrega de presentes, ciumentamente cotejados com os cantos dos olhos aos dos outros presenteados.

Por tudo isso, celebro, sim, o Primeiro do Ano, festa plebéia, hedonista, aberta a todos, sem discursos melosos, celebrada na praça e na rua, no virar da noite, ao pipocar dos fogos lançados contra os céus. Celebro o Primeiro do Ano, tradição pagã, sem religião e cor, quando os extrovertidos abraçam os mais próximos e os introvertidos levantam tímidos a taça aos estranhos, despedindo-se com esperança de um ano mais ou menos pesado, mais ou menos frutífero, mais ou menos sofrido, na certeza renovada de que, enquanto houver vida e luta, haverá esperança.


* Historiador e professor do curso de História e do Programa de Pós-Graduação em História da UPF, RS. Publicado em La Insignia.

Por que Zurdo?

O nome do blog foi inspirado no filme Zurdo de Carlos Salcés, uma película mexicana extraordinária.


Zurdo em espanhol que dizer: esquerda, mão esquerda.
E este blog significa uma postura alternativa as oficiais, as institucionais. Aqui postaremos diversos assuntos como política, cultura, história, filosofia, humor... relacionadas a realidades sem tergiversações como é costume na mídia tradicional.
Teremos uma postura radical diante dos fatos procurando estimular o pensamento crítico. Além da opinião, elabora-se a realidade desvendando os verdadeiros interesses que estão em disputa na sociedade.

Vos abraço com todo o fervor revolucionário

Raoul José Pinto



ZZ - ESTUDAR SEMPRE

  • A Condição Pós-Moderna - DAVID HARVEY
  • A Condição Pós-Moderna - Jean-François Lyotard
  • A era do capital - HOBSBAWM, E. J
  • Antonio Gramsci – vida e obra de um comunista revolucionário
  • Apuntes Criticos A La Economia Politica - Ernesto Che Guevara
  • As armas de ontem, por Max Marambio,
  • BOLÍVIA jakaskiwa - Mariléia M. Leal Caruso e Raimundo C. Caruso
  • Cultura de Consumo e Pós-Modernismo - Mike Featherstone
  • Dissidentes ou mercenários? Objetivo: liquidar a Revolução Cubana - Hernando Calvo Ospina e Katlijn Declercq
  • Ensaios sobre consciência e emancipação - Mauro Iasi
  • Esquerdas e Esquerdismo - Da Primeira Internacional a Porto Alegre - Octavio Rodríguez Araujo
  • Fenomenologia do Espírito. Autor:. Georg Wilhelm Friedrich Hegel
  • Fidel Castro: biografia a duas vozes - Ignacio Ramonet
  • Haciendo posible lo imposible — La Izquierda en el umbral del siglo XXI - Marta Harnecker
  • Hegemonias e Emancipações no século XXI - Emir Sader Ana Esther Ceceña Jaime Caycedo Jaime Estay Berenice Ramírez Armando Bartra Raúl Ornelas José María Gómez Edgardo Lande
  • HISTÓRIA COMO HISTÓRIA DA LIBERDADE - Benedetto Croce
  • Individualismo e Cultura - Gilberto Velho
  • Lênin e a Revolução, por Jean Salem
  • O Anti-Édipo — Capitalismo e Esquizofrenia Gilles Deleuze Félix Guattari
  • O Demônio da Teoria: Literatura e Senso Comum - Antoine Compagnon
  • O Marxismo de Che e o Socialismo no Século XXI - Carlos Tablada
  • O MST e a Constituição. Um sujeito histórico na luta pela reforma agrária no Brasil - Delze dos Santos Laureano
  • Os 10 Dias Que Abalaram o Mundo - JOHN REED
  • Para Ler O Pato Donald - Ariel Dorfman - Armand Mattelart.
  • Pós-Modernismo - A Lógica Cultural do Capitalismo Tardio - Frederic Jameson
  • Questões territoriais na América Latina - Amalia Inés Geraiges de Lemos, Mónica Arroyo e María Laura Silveira
  • Simulacro e Poder - uma análise da mídia, de Marilena Chauí (Editora Perseu Abramo, 142 páginas)
  • Soberania e autodeterminação – a luta na ONU. Discursos históricos - Che, Allende, Arafat e Chávez
  • Um homem, um povo - Marta Harnecker

zz - Estudar Sempre/CLÁSSICOS DA HISTÓRIA, FILOSOFIA E ECONOMIA POLÍTICA

  • A Doença Infantil do Esquerdismo no Comunismo - Lênin
  • A História me absolverá - Fidel Castro Ruz
  • A ideologia alemã - Karl Marx e Friedrich Engels
  • A República 'Comunista' Cristã dos Guaranis (1610-1768) - Clóvis Lugon
  • A Revolução antes da Revolução. As guerras camponesas na Alemanha. Revolução e contra-revolução na Alemanha - Friedrich Engels
  • A Revolução antes da Revolução. As lutas de classes na França - de 1848 a 1850. O 18 Brumário de Luis Bonaparte. A Guerra Civil na França - Karl Marx
  • A Revolução Burguesa no Brasil - Florestan Fernandes
  • A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky - Lênin
  • A sagrada família - Karl Marx e Friedrich Engels
  • Antígona, de Sófocles
  • As tarefas revolucionárias da juventude - Lenin, Fidel e Frei Betto
  • As três fontes - V. I. Lenin
  • CASA-GRANDE & senzala - Gilberto Freyre
  • Crítica Eurocomunismo - Ernest Mandel
  • Dialética do Concreto - KOSIK, Karel
  • Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico - Friedrich Engels
  • Do sonho às coisas - José Carlos Mariátegui
  • Ensaios Sobre a Revolução Chilena - Manuel Castells, Ruy Mauro Marini e/ou Carlos altamiro
  • Estratégia Operária e Neocapitalismo - André Gorz
  • Eurocomunismo e Estado - Santiago Carrillo
  • Fenomenologia da Percepção - MERLEAU-PONTY, Maurice
  • História do socialismo e das lutas sociais - Max Beer
  • Manifesto do Partido Comunista - Karl Marx e Friedrich Engels
  • MANUAL DE ESTRATÉGIA SUBVERSIVA - Vo Nguyen Giap
  • MANUAL DE MARXISMO-LENINISMO - OTTO KUUSINEN
  • Manuscritos econômico filosóficos - MARX, Karl
  • Mensagem do Comitê Central à Liga dosComunistas - Karl Marx e Friedrich Engels
  • Minima Moralia - Theodor Wiesengrund Adorno
  • O Ano I da Revolução Russa - Victor Serge
  • O Caminho do Poder - Karl Kautsky
  • O Marxismo e o Estado - Norberto Bobbio e outros
  • O Que Todo Revolucionário Deve Saber Sobre a Repressão - Victo Serge
  • Orestéia, de Ésquilo
  • Os irredutíveis - Daniel Bensaïd
  • Que Fazer? - Lênin
  • Raízes do Brasil - Sérgio Buarque de Holanda
  • Reforma ou Revolução - Rosa Luxemburgo
  • Revolução Mexicana - antecedentes, desenvolvimento, conseqüências - Rodolfo Bórquez Bustos, Rafael Alarcón Medina, Marco Antonio Basilio Loza
  • Revolução Russa - L. Trotsky
  • Sete ensaios de interpretação da realidade peruana - José Carlos Mariátegui/ Editora Expressão Popular
  • Sobre a Ditadura do Proletariado - Étienne Balibar
  • Sobre a evolução do conceito de campesinato - Eduardo Sevilla Guzmán e Manuel González de Molina

ZZ - Estudar Sempre/LITERATURA

  • 1984 - George Orwell
  • A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende
  • A Espera dos Bárbaros - J.M. Coetzee
  • A hora da estrela - Clarice Lispector
  • A Leste do Éden - John Steinbeck,
  • A Mãe, MÁXIMO GORKI
  • A Peste - Albert Camus
  • A Revolução do Bichos - George Orwell
  • Admirável Mundo Novo - ALDOUS HUXLEY
  • Ainda é Tempo de Viver - Roger Garaud
  • Aleph - Jorge Luis Borges
  • As cartas do Pe. Antônio Veira
  • As Minhas Universidades, MÁXIMO GORKI
  • Assim foi temperado o aço - Nikolai Ostrovski
  • Cem anos de solidão - Gabriel García Márquez
  • Contos - Jack London
  • Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski
  • Desonra, de John Maxwell Coetzee
  • Desça Moisés ( WILLIAM FAULKNER)
  • Don Quixote de la Mancha - Miguel de Cervantes
  • Dona flor e seus dois maridos, de Jorge Amado
  • Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago
  • Ensaio sobre a lucidez, de José Saramago
  • Fausto - JOHANN WOLFGANG GOETHE
  • Ficções - Jorge Luis Borges
  • Guerra e Paz - LEON TOLSTOI
  • Incidente em Antares, de Érico Veríssimo
  • Memórias do Cárcere - Graciliano Ramos
  • O Alienista - Machado de Assis
  • O amor nos tempos do cólera - Gabriel García Márquez
  • O Contrato de Casamento, de Honoré de Balzac
  • O Estrangeiro - Albert Camus
  • O homem revoltado - Albert Camus
  • O jogo da Amarelinha – Júlio Cortazar
  • O livro de Areia – Jorge Luis Borges
  • O mercador de Veneza, de William Shakespeare
  • O mito de Sísifo, de Albert Camus
  • O Nome da Rosa - Umberto Eco
  • O Processo - Franz Kafka
  • O Príncipe de Nicolau Maquiavel
  • O Senhor das Moscas, WILLIAM GOLDING
  • O Som e a Fúria (WILLIAM FAULKNER)
  • O ULTIMO LEITOR - PIGLIA, RICARDO
  • Oliver Twist, de Charles Dickens
  • Os Invencidos, WILLIAM FAULKNER
  • Os Miseravéis - Victor Hugo
  • Os Prêmios – Júlio Cortazar
  • OS TRABALHADORES DO MAR - Vitor Hugo
  • Por Quem os Sinos Dobram - ERNEST HEMINGWAY
  • São Bernardo - Graciliano Ramos
  • Vidas secas - Graciliano Ramos
  • VINHAS DA IRA, (JOHN STEINBECK)

ZZ - Estudar Sempre/LITERATURA GUERRILHEIRA

  • A Guerra de Guerrilhas - Comandante Che Guevara
  • A montanha é algo mais que uma imensa estepe verde - Omar Cabezas
  • Da guerrilha ao socialismo – a Revolução Cubana - Florestan Fernandes
  • EZLN – Passos de uma rebeldia - Emilio Gennari
  • Imagens da revolução – documentos políticos das organizações clandestinas de esquerda dos anos 1961-1971; Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá
  • O Diário do Che na Bolívia
  • PODER E CONTRAPODER NA AMÉRICA LATINA Autor: FLORESTAN FERNANDES
  • Rebelde – testemunho de um combatente - Fernando Vecino Alegret

ZZ- Estudar Sempre /GEOGRAFIA EM MOVIMENTO

  • Abordagens e concepções de território - Marcos Aurélio Saquet
  • Campesinato e territórios em disputa - Eliane Tomiasi Paulino, João Edmilson Fabrini (organizadores)
  • Cidade e Campo - relações e contradições entre urbano e rural - Maria Encarnação Beltrão Sposito e Arthur Magon Whitacker (orgs)
  • Cidades Médias - produção do espaço urbano e regional - Eliseu Savério Sposito, M. Encarnação Beltrão Sposito, Oscar Sobarzo (orgs)
  • Cidades Médias: espaços em transição - Maria Encarnação Beltrão Spósito (org.)
  • Geografia Agrária - teoria e poder - Bernardo Mançano Fernandes, Marta Inez Medeiros Marques, Júlio César Suzuki (orgs.)
  • Geomorfologia - aplicações e metodologias - João Osvaldo Rodrigues Nunes e Paulo César Rocha
  • Indústria, ordenamento do território e transportes - a contribuição de André Fischer. Organizadores: Olga Lúcia Castreghini de Freitas Firkowski e Eliseu Savério Spósito
  • Questões territoriais na América Latina - Amalia Inés Geraiges de Lemos, Mónica Arroyo e María Laura Silveira