
Palavra do Editor:
“O único modo de ser livre, é ser culto”
(José Marti).
Estamos criando, um segmento no blog que possa identificar na vida cotidiana os sinais e manifestações de inteligência que o mundo apresentar. Perceber, como a figura geométrica do cone filosófico, que aparece com perfurações nas duas extremidades e, serve para explicarmos como o ser humano olha a vida. Na extremidade onde a abertura é maior, é o lado, aquele que limita a vida, o olhar afunilado sobre ela, com alienação, ignorância ou mediocridade. Forma de vida proveniente da hegemonia, dos interesses ideológicos, vivida no senso comum. Na extremidade onde o há um vértice, uma abertura menor é vista, dê a sensação que temos ao olhar por este orifício uma visão mais ampla da vida, a experiência daqueles que buscam esclarecimento, desalienar-se, em educar-se para transformar o mundo.
Agora, este espaço está aberto para que os leitores enviem (zurddo@gmail.com) suas vivências e com direito a demonstrações de alegria, de deslumbre diante das manifestações tão raras de inteligência no mundo, e, sem o risco de embaraços, com comentários maliciosos e de má índole atribuídos ao seu caráter, a sua masculinidade ou qualquer invencionice preconceituosa vindas de pessoas que tem uma visão rasteira da vida.
Como exemplo destas revelações, em um mundo, onde as pessoas são incitadas a cultivar a ignorância como uma virtude ou a servidão como um estado natural do homem, e, em nome do viva e deixe viver, a despeito dessa situação dominante e da hipocrisia disfarçada de integridade moral, revelaremos duas situações, onde o mundo deu sinais de inteligência:
Coloque-se que lá vem história...
Um Sinal:
Certo dia, fui a um shopping center (lugar não muito apreciado por mim, mas como vítima do capital...) de Porto Alegre, acompanhado por uma moça, fomos a livraria Cultura, lugar que dou preferência em visitar nas minhas saídas. Após verificar alguns livros e ela alguns dvd's, sugeri que déssemos uma passada no mezanino, onde fica a seção dos cd's e dvd's, mas não é um local qualquer; lá se vende música clássica, jazz e blues entre outras preciosidades musicais. Lá estando e um a melodia inunda o ambiente, um som que tinha variações que somente um grande conhecedor de jazz poderia identificar, e eu sendo um razoável conhecedor, mais apreciador e ouvinte, não reconheci de quem era a fascinante peça musical, tão bem construída. Perguntei ao um rapaz que dava o atendimento. De quem era aquela música? Respondeu: - Miles Davis! CD duplo, Miles Davis Bitches Brew acompanhado de nada menos que Wayne Shorter, Bennie Maupin, Joe Zawinul, Larry Young, Chick Corea, John McLaughin, Dave Holland, Harvey Brooks, Lenny White, Jack DeJoh
nette, Don Alias, Jumma Santos (Jim Riley) . Engrenamos uma conversa sobre jazz e o rapaz era "louco" por jazz e que havia lido o conto "El Perseguidor", de Júlio Cortazar..., fiquei admirado! Nem sempre quem trabalha nessa área tem intimidade com o que vende, sabe o que tem no estoque etc. principalmente nesse ramo. E não precisei falar mais nada. E, finalizando ele disse: - minha vida é o jazz! O rapaz pode ter exagerado. Exageros à parte, o mundo, nesse instante deu um sinal de inteligência e não pude conter a minha euforia diante do fato, já que o mundo está inundado de tanta sujidade fabricada na indústria do entretenimento. E por fim, para meu constrangimento, a minha euforia causou um desapontamento na moça.
Outro sinal:
Ontem, domingo, dia 03 de maio, por volta das 18:50, encontrava-me no boteco Boka Loka, lugar simples, na Rua Demétrio Ribeiro em Porto Alegre, onde jantei. Acompanhava-me o livro, "O Desenvolvimento da Personalidade" de C.G. Jung, para ler até que me servissem o alimento para solteiro, pois raramente faz as refeições em casa. Jantei, tomei um suco de laranja e o garçom, um rapaz de uns 23 anos - Carlos, me interpelou com a uma revelação: que estava lendo os contos de Dostoievski. Uma bela surpresa ganhou o domingo, fui recompensado. Um filho da classe trabalhadora lendo o Fiódor, provavelmente ganha o salário mínimo, mora em bairro ditante; enquanto gente de salário polpudo e com formação universitária anda lendo Paulo Coelho, Agatha Christie, Dan Brown, livro de autoajuda, exotéricos e outras pérolas. Como não ir para casa realizado, com mais um sinal de inteligência do mundo.
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