Olá colegas, havia combinado que divulgaria esse texto no grupo do Método Dialético, pois alguns colegas ainda não leram, então aí vai. Trata-se de um artigo que enviei para o jornal Correio de Gravataí, e foi publicado na última terça-feira.
Abraços
Por Ingrid Wink
Semana passada estava na Venezuela participando do XV Seminário de Formação de Professores para o Mercosul/ Cone Sul, e vivi uma realidade jamais imaginada: a política governamental de Chávez. Mesmo sabendo que as informações que chegam até nós, são sempre tendenciosas por parte da imprensa brasileira, tinha uma idéia crítica “suave” de que Chávez era um político contraditoriamente de esquerda. Quando comecei a conhecer a gente daquele lugar, fiquei chocada. Sob um desencantamento político no âmbito de mudança social e econômica encalacrado no nosso imaginário brasileiro, pude ver de perto como outra proposta é possível não apenas na teoria, mas na práxis. A rede Globo e os principais veículos de informação brasileiros criaram uma verdade tendenciosa grotesca e suja de quem realmente é Chávez e como realmente pensa o povo venezuelano. Ao chegar ao Brasil, percebi que essa imagem sobre a Venezuela já está tão impregnada na maioria das mentes brasileiras, que tornou esse relato, algo difícil de parecer real. As distorções sobre Chávez pela imprensa nacional não me parece nada mais do que medo de dar a louca no Lula e não renovar concessões, como o feito na Venezuela dentro de todas as normas legais existentes. A Venezuela passa por um momento riquíssimo, onde toda e qualquer pessoa tem conhecimento do que o país está vivendo, buscam por informações, lêem muito, debatem muito. Não encontrei uma sequer pessoa na rua que dissesse: “não entendo nada de política”, como vemos aqui no Brasil. Chávez em seus discursos de mais de 5 horas, cita mais de 6 livros, incluindo literaturas clássicas, e instiga o povo a leitura. A educação no país está no mesmo patamar de importância que o petróleo; os vestibulares foram abolidos, a universidade é para todos; o analfabetismo foi erradicado; até 2014 terão 20 mil médicos retornando de Cuba para a saúde pública e gratuita; qualquer criança desde zero anos tem direito a estar na creche; livros são vendidos no camelô (todos os tipos, contra ou a favor de Chávez), e muitos são distribuídos gratuitamente, assim como o material didático; a população se viu obrigada a reunir-se para debater e construir a nova constituição que foi enviada ao Congresso e agora vai a referendo dia 2 de dezembro (e a Globo não noticiou dessa forma); a televisão pública venezuelana transmite tudo que se passa nos países vizinhos da América Latina, lá se sabe mais sobre a conjuntura brasileira do que os próprios brasileiros sabem; a revolução está na educação e no conhecimento; Chávez trabalha fortemente a auto-estima do povo e a identidade nacional, bem como a identidade latina; ou seja, se isso é ser demagogo, populista, criador de lavagens cerebrais e “ditador da esquerda”, como diz a Veja, então que apareçam muitos Chávez no Brasil. A alienação que a imprensa brasileira e a direita nos presenteiam, não me desestimulou a ser capaz de sair da Caverna de Platão, e voltar sem medo de contar o que há lá fora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário