Charge do Kayser
Estaríamos revelando um “banqueiro bonzinho“ naquele que muitos julgam ser o braço do Tesouro norte-americano para monitorar a emergência de concorrentes?
Segundo notícias, o empréstimo será em dólares e terá prazo de vinte anos. Faltam dados:
1) qual será a influência do banco na gestão do RGS?
2) o contrato conterá cláusula de equilíbrio econômico-financeiro?
3) onde será aplicado o valor?
4) o Governo está preparando operação de hedge? e,
5) quem arcará com os custos das desvalorizações do Real?
O Dólar fraco de hoje deveria impulsionar a quitação dos atuais empréstimos contraídos nesta moeda; ainda é presente o cataclismo que se abateu sobre a economia nas décadas de 70 e de 90 quando a nossa moeda também estava sobrevalorizada e o endividamento em Dólar era incentivado.
A desvalorização do Dólar, que visa reduzir o déficit da balança comercial norte-americana, foi programada e imposta aos demais países pela força dos mercados norte-americanos.
A dependência é tanta que chega a impedir até reflexões sobre uma alteração forçada nas regras do jogo, já que isto provocaria o colapso da economia mundial. Esta hegemonia outorga ao Dólar as categorias de parâmetro e de reserva internacional, definidoras da economia dominante.
Aliás, hoje os EUA são mais poderosos do que nas décadas de 40, quando eles acabaram com o padrão ouro (Bretton Woods), e de 70, quando declararam o fim do câmbio fixo, impondo o “padrão dólar“. Portanto, é delírio pensar que os EUA permitirão ameaças a sua moeda.
Enquanto durar o ajuste na balança comercial, o Tesouro norte-americano manterá o dólar enfraquecido, porém ao menor sinal de que os Bancos Centrais dos países ricos estiverem sonhando em migrar as suas reservas para nova(s) moeda(s) é absolutamente certo que os EUA utilizarão o poder da sua exuberante hegemonia econômica/militar para manter os privilégios que o “padrão dólar“ lhe concede.
Neste contexto, tomar empréstimo em dólares é mandar o futuro do RGS às favas; será uma irresponsabilidade igualável a da “negociação“ da dívida do RGS com o Governo Federal, que também foi festejada como a “salvação da lavoura“.
João Pedro Casarotto - diretor do Sintaf/RS, ex- presidente da Afisvec
23/11/2007 Autor: João Pedro Casarotto
Nenhum comentário:
Postar um comentário