VII Cimeira Ibero-americana, em Santiago do Chile
por Carlos Aznárez [*]
"Já acabou a época dos vice-reis", terão pensado os chefes de Estado da Venezuela, da Bolívia, da Nicarágua, de Cuba e do Equador, quando no âmbito da XVII Cimeira Ibero-americana tiveram de ouvir as palavras raivosas do Bourbon espanhol, Juan Carlos, a recriminar o chefe revolucionário Hugo Chávez por ter tido a "ousadia" de chamar fascista ao ex-mandatário José Maria Aznar. As verdades foram doridas para a delegação espanhola, sobretudo quando Chávez destacou cada um dos actos cometidos pelo governo Aznar no apoio ao golpe de Estado de Abril de 2002 na Venezuela.
O fascista Aznar teve dois defensores de luxo: primeiro o "socialista" Zapatero e a seguir o monarca espanhol, o qual exigiu ao chefe bolivariano que calasse a boca e não agredisse o seu compatriota e irmão de ideias no que se refere ao fascismo. Zapatero, refutando Chávez, pediu respeito para com Aznar porque "fora eleito com o voto dos espanhóis".
Mas faltava algo para que os ouvidos do novo colonialismo espanhol se irritassem ainda mais. Entrou o nicaraguense Daniel Ortega, que falando em nome do seu povo (e de todos os povos que lutam contra o colonialismo e o imperialismo) contou a história nefasta da empresa espanhola Unión Fenosa na sua actuação na Nicarágua. Chamou-os de mafiosos, de imperialistas e de provocadores que crêem, disse Ortega, que o povo da Nicarágua é seu súbdito.
Valia a pena ver a cara de Moratinos, Zapatero e do próprio Bourbon quando Ortega lhes dizia estas verdades. E naturalmente o Bourbon optou por retirar-se em meio a urgentes consultas da delegação espanhola. Zapatero e Moratinos ficaram, mas a resmungar. Ortega não se calou e, na parte final do seu discurso (que recordava aqueles tempos gloriosos quando no comando da FSLN falava às massas vermelho-negras do seu país), saiu em defesa aberta de Hugo Chávez.
Finalmente, chegou a dignidade de Cuba, na voz do vice-presidente Carlos Lage, que rompeu uma lança em favor de Chávez e de forma muito clara respondeu a um Zapatero cada vez mais incomodado que "não basta que um povo o eleja para que um mandatário seja alguém respeitável". E ascrescentou: "Bush foi eleito e é o assassino do povo iraquiano e eu não lhe tenho nenhum respeito".
Quem quiser ouvir que ouça: os povos da América Latina já não podem ser avassalados nem por ianques nem por bourbons. Com essa arrogância que os caracteriza, estes defensores das transnacionais que esfaimaram a nossa gente (que outra coisa é a Repsol, Telefónica, Union Fenosa, Endesa e outras semelhantes) tentaram fazer calar mas não conseguiram os chefes revolucionários que hoje lhes falam na cara em nome dos seus povos. Por isso tiveram que optar (como no caso do Bourbon) por retirar-se.
Em boa hora, pois NÃO OS QUEREMOS E DEVEM SABÊ-LO.
Acabou-se a época dos vice-reinados (apesar de alguns ainda continuarem em genuflexão) e é a hora dos povos. Daí a dignidade de Chávez, de Evo, de Ortega, de Correa, de Lage, advertindo aos poderosos e aos colonizadores que a América Latina não quer saber mais das suas propostas neoliberais e imperialistas.
[*] Editor de Resumen Latinoamericano. O original encontra-se em http://www.resumenlatinoamericano.org , Nº 950
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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