“Tudo nos une, nada nos separa”
Roque Sáenz Peña
Bolivarianismo é em linhas gerais a doutrina que prega a união dos países da América Latina e do Caribe, pois considera que existem laços históricos e culturais entre os povos da região e várias razões de ordem política para essa integração. Uma delas seria o fato de que a divisão da América Latina a torna presa fácil do imperialismo e do neocolonialismo, e que a integração não só possibilitaria a reafirmação da liberdade e independência dos latino-americanos, como propiciaria condições muito maiores para o desenvolvimento e progresso da região. O processo de integração se daria de várias maneiras: no plano político, econômico, mas acima de tudo buscando uma aproximação direta entre os povos.
Antecedentes
As origens do movimento podem ser traçadas desde as primeiras rebeliões indígenas decorrentes da conquista espanhola e portuguesa. A brutalidade com que eram tratados levou os povos submetidos a desenvolver um senso de unidade para resistir à tirania e opressão, pois mesmo pertencendo a diferentes povos e culturas o tirano que os escravizava era um só: a metrópole colonial, seja através de seus representantes seja através da odiada aristocracia criolla. Foram incontáveis as rebeliões de índios e escravos africanos durante o período colonial, porém a maior delas foi a de Tupac Amaru entre 1780 e 1783, que sacudiu o Peru e Alto Peru (atual Bolívia), então entre as regiões mais ricas do império espanhol.
Com o Iluminismo e a Revolução Francesa, ganharam força entre a oligarquia criolla as idéias de independência da América Latina, e o precursor das idéias bolivarianas – Francisco de Miranda – foi ele próprio comandante em chefe do exército francês na Bélgica durante a Revolução. Nascido em Caracas, de família aristocrática basca, propôs pela primeira vez que todo o território entre a margem ocidental do Mississípi e o Cabo Horn se tornasse um país independente e unido, governado por um mandatário denominado Inca, em homenagem aos antigos imperadores andinos.
Retornou à então capitania-geral da Venezuela com o objetivo de comandar a revolução libertadora, mas acabou derrotado e preso. Foi sucedido no comando do movimento emancipador por Bolívar – outro membro da aristocracia criolla, também de origem basca, profundamente imbuído de ideais iluministas e românticos – assistiu em Paris à coroação de Napoleão Bonaparte. A guerra de independência durou vários anos e foi especialmente sangrenta, deixando a Venezuela quase despovoada.
O início do bolivarianismo
Depois da consolidação do movimento independentista na Grande Colômbia (Colômbia, Venezuela, Equador e Panamá, então parte da Colômbia), a batalha de Ayacucho (Peru) em 9 de dezembro de 1824 põe fim definitivamente ao domínio espanhol na América (com exceção das Grandes Antilhas). O próximo projeto de Bolívar, mais além da Confederação dos Andes (que reuniria a Grande Colômbia ao Peru e Alto Peru), seria o Congresso Anfictiônico do Panamá, inspirado nas reuniões pan-helênicas da Grécia antiga, e do qual participariam as nações recém-emancipadas da América Latina. A escolha do Panamá decorreu de um desejo de Bolívar de que o “istmo do Panamá fosse para os latino-americanos o que o istmo de Corinto foi para os gregos”.
Foram convidados todos os países livres hispano-americanos mais o Império do Brasil e os Estados Unidos, esse último com direito a participar de apenas determinados debates. Também foram convidados a enviar observadores a Holanda e a Grã-Bretanha. Compareceram ao Congresso representantes do México, América Central, Grande Colômbia, Peru, EUA, Grã-Bretanha e Holanda. Argentina, Bolívia, Brasil e Chile não enviaram delegados.
Entre as decisões do Congresso: a formação de uma liga, união e confederação perpétua entre os países hispano-americanos participantes; a criação de um exército e marinha comuns; a concessão de cidadania comum aos habitantes das nações contratantes; o repúdio ao tráfico de escravos; e a realização de novo congresso alguns meses depois, em Tacubaya (México). O Congresso de Tacubaya não foi realizado, e os tratados firmados não chegaram a entrar em vigor. Com a dissolução da Grande Colômbia, em 1830, o projeto de Bolívar viu-se seriamente abalado. O Libertador morreu de tuberculose e de desgosto no mesmo ano.
Nos anos seguintes, o projeto de Bolívar foi solapado pela crescente divisão e desunião da América Latina, por obra tanto das elites locais sedentas de poder, quanto dos Estados Unidos e das potências européias, fiéis à máxima “dividir para governar”. O México, então o país mais populoso e rico da América Latina, foi invadido pelos EUA, que lhe tomaram metade de seu território; a América Central se fragmentou; o Paraguai foi arrasado pela Tríplice Aliança; o Chile tomou da Bolívia o seu acesso ao mar.
A volta do bolivarianismo
Contudo, a idéia de uma identidade comum da América Latina nunca deixou de ter força, especialmente entre pensadores, escritores e revolucionários, como Martí e Sandino; durante todo esse período, houve várias tentativas de aproximação em nível regional. Porém, a grande retomada dos ideais bolivarianos ocorreu a partir de 1959, com o triunfo da Revolução cubana. Voltou-se a falar em uma maior integração como forma de resistência ao imperialismo; surgiram movimentos guerrilheiros diretamente inspirados no exemplo cubano em quase todos os países latino-americanos.
Em 1998 foi eleito Hugo Chávez na Venezuela, que tem como principal item de sua política exterior a construção de uma União Latino-Americana e que é atualmente o principal divulgador das idéias bolivarianas e integracionistas. O avanço a passos largos da integração na Europa e no Extremo Oriente reforça a urgência por iniciativas desse tipo na América Latina, que ademais é muito mais homogênea que esses 2 grandes blocos e portanto tem condições muito maiores para uma plena integração.
Hoje, o movimento bolivariano tem a característica notável de vir das bases, de movimentos populares como o MST, o MAS da Bolívia, os piqueteiros argentinos, os Círculos Bolivarianos, etc. Como disse Evo Morales do MAS “Ser bolivariano para mim é responder a um movimento latino-americano de libertação, tomando os princípios, os mandamentos de Bolívar e incorporando a luta indígena, o tema da identidade. Recuperar as formas de vivência em coletividade, em comunidade, essas formas de vivência em harmonia com a natureza”.
“Só há porvir na união, só há salvação na união”
Fidel Castro
Ser bolivariano hoje é: lutar pela união da América Latina, contra o imperialismo, pela autodeterminação dos povos, pela solidariedade, pela valorização de nossas raízes indígenas e africanas.
Fonte: www.unidadepopular.org.br
Muito bom! Viva la integración de Latinoamerica!
ResponderExcluirLiberdade de expressão, liberdade de ir e vir, de trabalhar, progredir na vida, nada, né? Quanta baboseira pra "esquentar" ditaduras dos tais Fidel, Chaves, Cristina e outras "joias". A proposito, ha alguma nação "bolivariana" desenvolvida, com renda, saúde e educação dignas, ou são todas uns bando de pobres governados por ditadores ricos como os da companheirada do Lula?
ResponderExcluirbasta um de direita pra expor a falácia comunista. vlw anônimo
ExcluirEsse anônimo veio ao mundo e não entendeu nada do que viu, coitado!
ResponderExcluirAcho a proposta bonitinha, mas na prática o que vemos hj na Venezuela é fome, escassez (alimentos, remédios), violência, enfrentamentos sangrentos entre o governo e o povo, estagnação econômica, sucateamento de tudo. Cuba é um país completamente destruído. Argentina está em recessão. Enfim, quando vamos aprender que riqueza só existe quando se produz? O bolivarianismo é cheio de boas intenções, mas como dizem, o inferno também é.
ResponderExcluirmalditos petralhas, paìs afundado em corrupção, crescimento zero, desgoverno, São Paulo independente JÁ
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