segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Capitalismo ou Socialismo – Outra sociedade?

, por Runildo Pinto

Depois que o “Socialismo Real” na URSS, especificamente na Rússia de hoje, ruiu, ficou a impressão de que o socialismo morreu. Há aqueles que apresentam o argumento de que tanto o capitalismo como o socialismo não deram certo. Afirmam que precisamos de um modelo alternativo para construir uma sociedade mais justa e igualitária.

Toda sociedade, por mais controlada e monolítica que seja, não impede que o metabolismo social venha a prevalecer. Muitas vezes, sociedades de tradições patriarcais desenvolvem um outro modelo, oriundo de uma ebulição social, consolidando uma transformação legitimamente viável, ainda assim predominam, na nova sociedade, comportamentos e hábitos culturais e institucionalizados, vivenciados por toda a história de um determinado país. O aperfeiçoamento e a substituição destes hábitos da antiga sociedade dependem das mudanças nas relações desta população com os meios de produção e, quanto maior for a participação da sociedade em seus rumos, maior é o aumento da energia cinética social-humana e, por conseguinte, alcança uma elevação no grau de instrução desta população, tanto institucionais, como culturais com mecanismos criados pelas reais necessidades da dinâmica participativa.

Não há um modelo capitalista ou socialista pronto para cada sociedade ou país, como se fosse uma receita de bolo. Cada uma tem suas características próprias: geopolíticas, histórica, costumes, desenvolvimento dos meios de produção diferenciados etc. No caso do capitalismo, que ganhou proporções mundiais e uma capacidade de se recriar espantosa, este sistema pode ser substituído por outro. Há contradições que podem provocar, em determinadas condições, aqui, ali ou acolá, revoltas e convulsões sociais que alterem os rumos e o modelo vigente, dependendo das classes sociais envolvidas. Estas mudanças podem alterar radicalmente as estruturas políticas e econômicas, ecológicas etc. Quanto ao socialismo, segue a mesma dinâmica. Pode haver retrocessos ou avanços, ambos sofrem a influência da capacidade hegemônica mundial vigente, sendo uma conjuntura com potenciais latentes de antagonismos e congruências.

Cientificamente, o ser-humano desde que se conhece homo sapiens, evoluiu de acordo com os avanços e retrocessos dos meios de produção. A sociedade caminha ao livre-arbítrio das classes historicamente em disputa. Ingênua e sem base teórico-prática é a idéia de que existe uma sociedade alternativa à capitalista e à socialista. O que há são matizes características a cada país geopoliticamente inserido. A história da ciência apontou este caminho, pois a visão empírica da realidade tende a cunhar seu um ponto de vista individual, pessoal, embarcando numa aventura através do contexto social complexo baseado na experiência. O que é insuficiente para apontar outros rumos. Essa visão geralmente é extraída de influências religiosas ou crenças esotéricas, como: tarô, numerologia, quiromancia ou espiritismo e da astrologia e seus desdobramentos metafísicos e pós-modernos, como o holismo, o ecletismo e a entropia da sociedade (“vale tudo” que banaliza a vida).

Portanto, é um ponto de vista fatalista e ingênuo, dado por uma concepção empírica e niilista da história. O maniqueísmo filosófico que divide o mundo entre Bem, ou Deus, e Mal, ou o Diabo, fundamenta tais possibilidades sem a reflexão necessária e o rigor da dialética, por isso sem métodos, sem historicidade e sem sustentabilidade científica. Configura-se uma concepção mecânica do meio humano de vida no planeta. A reprodução da vida na terra é uma condição materialista de relações que existem tanto na natureza como na história e no pensamento, implica movimento e transformação. O movimento das coisas constitui o elemento primário e as contradições geradas que se produzem nas idéias são apenas o reflexo do movimento real.

Porto Alegre, 30/08/2007


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Por que Zurdo?

O nome do blog foi inspirado no filme Zurdo de Carlos Salcés, uma película mexicana extraordinária.


Zurdo em espanhol que dizer: esquerda, mão esquerda.
E este blog significa uma postura alternativa as oficiais, as institucionais. Aqui postaremos diversos assuntos como política, cultura, história, filosofia, humor... relacionadas a realidades sem tergiversações como é costume na mídia tradicional.
Teremos uma postura radical diante dos fatos procurando estimular o pensamento crítico. Além da opinião, elabora-se a realidade desvendando os verdadeiros interesses que estão em disputa na sociedade.

Vos abraço com todo o fervor revolucionário

Raoul José Pinto



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