A BOCA
A BOCA NÃO DISSE
OS OLHOS FECHARAM
E NADA PENSARAM
A LUZ SE APAGOU
ANTES DA HORA
TALVEZ O PERFUME
SEJA VAGA-LUME
A NOITE GRITOU
UM NOME SEM NADA
A LUA NÃO VIU
FOI TUDO VAZIO
O DIA NÃO VEIO
O TEMPO PAROU
NINGUÉM ENTENDEU
POIS A BOCA CALOU
Quem é a poesia que persegue?
Quem é a voz que me cala?
Mesmo que eu negue
Ela vem e me fala
Quem é a poesia que pergunta?
Sem saber o que dizer
Que separa e que junta
E depois não sabe ler
Quem é a poesia que some?
E eu procuro em vão
Não tem tempo nem nome
Só que tem um coração...
Filho da Injustiça
Teu perfume de miséria
Torna a vida vã e séria
Teu olhar de céu cinzento
Me invade o pensamento
Teu calor é tua fome
Posso ouvir tua canção
Tua tristeza, tua ilusão
Filho da sujeira cega
Reage, silencia e nega
Depois morre na esperança
De ter sido uma criança...
RIMA
A RIMA É LOUCA
E O POETA É TRISTE
SE A RIMA É POUCA
ELE NÃO EXISTE
A RIMA É SINA
QUE NÃO SABE SER
QUE TAMBÉM FASCINA
SEM ENTENDER
A RIMA É TUDO
MAS O POETA É TRISTE
MAS O POETA É MUDO
E NEM PODE RIMAR
A RIMA É GOSTO
E O POETA CORRE
ESPERANDO O ROSTO
ESPERANDO AMAR
A RIMA FICA
E O POETA INSISTE
E A RIMA ESTICA
E O POETA MORRE
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