, por Gregório Grisa*
Sou um privilegiado, tenho boas condições de moradia, me alimento e me visto bem, frequento lugares legais e convivo com pessoas com essas mesmas condições. Estou saindo da juventude. Com quase 25 anos, algumas preocupações começam a nos atormentar, mas não são todos que passam por esse processo. Esses dias, me fiz uma pergunta que me inquietou: sobre o que os jovens/adultos como eu conversam? Quais os temas dos papos dos bem de vida?
Tenho algumas hipóteses advindas das minhas experiências, do meu convívio e algumas suposições. Se fizermos uma banca de apostas, futebol e mulher seriam os assuntos escolhidos pela maioria para dar seus lances, no entanto, esse chavão vem enfraquecendo em minha opinião. No passado, essa aposta seria certeira, hoje, nem tanto. Drogas! Esse é o principal tema, ou melhor, é o tema desencadeador das conversas, das risadas, das histórias.
Vários dos meus contemporâneos vão pensar; "tá e daí? Que caretice". Pode ser, mas vou tentar me explicar. Meu problema não é somente com as drogas (seus males à saúde e os perigos do seu excesso), mas com a cultura rasteira que ela produz. Sabe quem mais se destaca na sua turma hoje na burguesia? Sabe quem mais tem a palavra? Quem é o mais engraçado e serve de modelo? É aquele que mais coisas absurdas faz, aquele que extrapola o limite do nexo, da educação, é aquele que sob o efeito químico tem a história mais arriscada, mais violenta, mais escatológica, enfim, aquele que não é diferente pelo que é como pessoa ou pelo que produz como ser humano, e sim, pelas bizarrices capaz de cometer no momento mais distante de si mesmo, ou seja, alterado.
Portanto, o que existe é uma disputa para ser o sujeito descrito acima e como se chega a esse objetivo? Distanciando-se, significativamente, de tudo que pode ser "normal" ou "certo", já que ser comum é não ser visto. A juventude abastada que pouco se interessa (salvo exceções) por problemas de outros grupos sociais, que pouco lê, que não se deixa levar por outras curiosidades a não ser a de "experimentar", achou uma maneira de fuga muito prazerosa e nela fica girando em si mesma.
Todas essas características não são passíveis de generalizações, mas são evidências da cultura da droga cara a qual me referi. Futebol e mulher continuam sendo assunto, conversas regadas a inúmeros produtos que, por sua vez, produzirão efeitos e esses serão responsáveis pelas peripécias, e essas se tornaram histórias que serão contadas, e as risadas serão dadas, e os exemplos de pessoa constituídos. Como se a virtude de tais histórias fosse fruto do seu ser, quando, na verdade, é fruto do que essa cultura da fuga e da droga o tornou. Refinaram-se, também, os valores e, infelizmente, para pior.
Não quero esse mundo para o meu mundo e não são as "qualidades" já referidas que irão melhorar ou mudar alguma coisa, o vício orgânico, a dependência mesmo não é cabível de julgamento, entretanto, os efeitos históricos de toda essa cultura nos grupos e nas personalidades das pessoas são passíveis de análise crítica sim.
*Mestrando em Educação - UFRGS
Para vcs,no caso aqueles que lutam a favor das camadas sociais mais pobres atraves do estudos,eu tem apenas uma frase:
ResponderExcluirNão é necessario usar droga para refletir sobre a crise e o bem estar de sentir feliz ....saudações...