sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Sobras de indigência

, por Marcelo da Silva Duarte - blog La Vieja Bruja


"Quando alguém disser dos negócios do Estado: Que me importa? - pode-se estar certo de que o Estado está perdido".

(Jean-Jacques Rousseau. Do Contrato Social, livro III, capítulo XIV)


Seguramente uma das maiores estultices já publicadas pelo jornaleco da Azenha veio a lume nesse último sábado, 05. La Vieja confessa ter ficado poucas vezes tão chocada com tamanha estupidez.
Sob o título de capa "Revoluções que sacudiram a década de 60", a reportagem "1968: O que sobrou 40 anos depois", de Gabriel Brust, publicada naquilo que a Zero Hora chama de caderno de "Cultura", caderno que, nunca é demais lembrar, já propôs a relevante discussão sobre o caráter de um sujeito alcunhado Alemão, vencedor de uma das edições do programa global "Big Brother", de modo algum está à altura de suas pretensões intelectuais. Depois de uma só rápida leitura o que sobra, na melhor das hipóteses, é um verniz assombrosamente caricatural e de uma selvageria especulativa raramente vista no jornalismo brasileiro.

A tese central de Gabriel Brust é, pasmais-vos, a de que "Indiscutíveis como fenômenos, as manifestações que agitaram o mundo no final dos anos 1960 fundaram as bases do individualismo moderno" (O grifo é meu).

Sim, La Vieja não se enganou e vossos olhos não estão vos pregando peças. E, como se tal tese já não fosse por si só suficientemente absurdamente estulta, Brust evoca para corroborá-la o pensamento de ninguém mais ninguém menos que... Caetano Veloso.

Bem, passemos à tese de Brust, seja lá o que ele precisamente tenha querido dizer com individualismo moderno.
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La Vieja chegou a pensar que com tal expressão o intelectual da Azenha tenha querido significar um comportamento mais ou menos harmonicamente coletivo verificado sobretudo a partir do início dos anos 1980 em nível mais ou menos mundial, marcado por uma certa tendência a um isolamento e a um distanciamento do sujeito da esfera do debate político público diretamente proporcional a uma aproximação deste mesmo sujeito de uma certa forma de condução de vida social e econômica deliberada e marcadamente individualista. Assim, grosso modo e à guisa de exemplificação, antes de se preocupar com o debate político público acerca da segurança pública em sua comunidade, o centro das preocupações de tal sujeito seria sua segurança privada, raciocínio que encontraria sua correspondência mundana nas empresas de segurança contratadas por determinado número de moradores de uma determinada rua em um determinado bairro de classe média-alta.

Não faríamos triste figura em uma mesa de bar se afirmássemos que tal comportamento individualista moderno, em última instância, foi gestado por ocasião tanto da reação liberal capitaneada pela Escola Austríaca, que nos apontava O Caminho da Servidão mesmo antes da fundação da Sociedade de Mont Pèlerin, à implementação do New Deal e do estado de bem estar social europeu, quanto por ocasião do triunfo, no último quarto do século XX, do filho dileto de tal reação, aquilo que se convencionou chamar de neoliberalismo, que para perpetuar a espécie e honrar a tradição liberal da sobrevivência do mais apto nos legou o chamado Consenso de Washington.

Comportamentos individualistas modernos à la self-made man, então, assim bem psicologia social rasteira ao melhor estilo Caderno de Cultura Zero Hora, seriam um mero reflexo de tal ordenamento econômico da vida privada moderna, marcada sobretudo pelo farol do receituário individualista liberal clássico e sua prole não menos determinista. Afinal, se o Estado é incompetente para gerir a coisa pública e, por conseguinte, oferecer condições razoáveis de qualidade de vida à vida privada, então nada mais sensato do que dele se desfazer ou, na melhor das hipóteses, mantê-lo como um Estado Mínimo, deixando aos homens de bem a tão sonhada harmonia social, conseqüência imediata da busca individual pelo melhor para si. O aspecto nefasto de tal panacéia, como se tentou mostrar, seria o individualismo moderno.

Assim, o pano de fundo do raciocínio da coletividade de tais sujeitos individualistas pareceria ser o recauchutado mantra utilitarista liberal clássico segundo o qual a busca pelo melhor para si necessariamente implica na conquista do melhor para a coletividade. Tal mantra, se corretamente recitado, imediatamente conduziria o sujeito ao sucesso financeiro, panacéia sob a qual repousariam todas as outras realizações e fins humanos, fossem eles sociais, políticos, sentimentais, psicológicos, fraternais, amorosos ou familiares.

Mas La Vieja, que sequer ombreia com a intelectualidade que goteja das páginas do caderno de cultura da Zero Hora, bem como do corpo editorial da própria ZH, evidentemente estava errada.

Então La Vieja chegou a pensar que Brust, em um acesso de sanidade mui raro para os lados da Azenha, teria querido significar com a expressão individualismo moderno, grosso modo, o comportamento que naturalmente se seguiria ao modo como a sociedade moderna organiza sua existência social. As (i) forças produtivas do modo de produção capitalista, a saber, o capital e o trabalho, representado esse último pelo proletário, que vende seu trabalho, e aquele primeiro pelo burguês, que o compra por ser o dono dos meios de produção, e as (ii) relações de produção estabelecidas em tal modo de organização da existência social, a saber, a dominação e a exploração, essa última viabilizada pela mais-valia e aquela primeira pela ideologia, constituindo-se ambas na infraestrutura de tal modo de produção, determinariam o modo como a consciência de todo e qualquer sujeito submetido a tal modo de organização da produção comportar-se-ia. A superestrutura do capitalismo, formada pelo conjunto de crenças e valores caros à tal sistema e pelas instituições encarregadas de mantê-los, tais como a igreja, as escolas e o aparato repressor do Estado, então, seria um reflexo da maneira como tais homens organizam sua existência social na infraestrutura de tal modo de produção. Ou, conforme os dizeres mais autorizados de Marx, não seria a consciência dos homens que determinaria sua existência, mas sim sua existência social que determinaria sua consciência.

O comportamento individualista do sujeito moderno, nesse sentido, seria tão somente uma conseqüência natural do modo como tal sujeito organiza a produção no sistema capitalista. A (i) propriedade privada do capital e, por conseguinte, dos meios de produção pelo burguês, que necessariamente anulam a força das diversas propriedades privadas do trabalho pelos proletários, o (ii) estímulo à competição individual entre burgueses e mesmo entre proletários em linhas de montagem, a (iii) desigualdade social como inerente e como condição de manutenção do modo de produção capitalista, bem como a (iv) ênfase na sobrevivência do mais apto e na superioridade do self-made man, elementos do culto rendido ao laissez-faire, constituintes naturais e necessários do modo de produção capitalista, naturalmente implicariam um sujeito cuja consciência, já determinada pelo culto ao individualismo dominante no modo de organização de sua existência social e sua própria condição, seria um mero reflexo de tal ordenamento essencialmente individualista. Todo este conjunto de crenças e valores individualistas, por fim, constante e diariamente reforçado pelas instituições encarregadas de mantê-lo, também tornar-se-ia condição para que o sistema continuasse operando harmonicamente e não entrasse em colapso, o que garantiria que aparentemente essa história não tivesse fim.

Mas também não foi bem isso que fundou as bases e conduziu o homem moderno àquilo que Brust entendo como individualismo moderno. Nada de alienação pelo trabalho, de fetichismo da mercadoria e de dominação pela ideologia na definição de Brust do que seria o propalado individualismo moderno. Sequer um resquício do conceito de exploração e do natural estímulo à competição individual inerente ao modo de produção capitalista, bem como da desigualdade social como uma sua condição de sobrevivência, por detrás da explicação brustiana para o surgimento do individualismo moderno. Nem uma nesga de interdeterminação entre infra e superestrutura no modo de produção capitalista na gênese de tal lisa expressão. O individualismo moderno, portanto, que já não era uma conseqüência da ideologia liberal clássica e nem de suas variantes contemporâneas, também não é uma conseqüência da maneira de organização da existência social no modo de produção capitalista.
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Na verdade, nada do que foi dito acima se aproxima daquilo que entende Brust pela expressão individualismo moderno.

Ocorre que tal expressão é equívoca e Brust não sabe disso, o que compromete completamente sua exposição, que carece de raciocínios claros e de argumentos rigorosos. Se Brust pretendia lançar e defender conceitos no debate público, deveria antes de tudo apresentar argumentos qualificados e esquecer que em geral escreve para seu blog e debate com figuras de peso como seu colega Walter Valdevino, junto a Caetano Veloso um dos intelectuais aos quais recorreu Brust a fim de canhestramente tentar justificar sua contaminada interpretação das conseqüências dos movimentos de 1960. Como se verá, tudo que cheira à esquerda ou a demandas historicamente abraçadas pela esquerda é posto em um mesmo saco e ou ridicularizado, ou desqualificado, pelos intelectuais da nova corja.

A expressão individualismo moderno designa tanto a busca já do sujeito renascentista antropocêntrico pela singularidade, pela auto-responsabilidade e pela liberdade, por sua autonomia e autodeterminação, em outras palavras, quanto a busca pela liberdade, a defesa da propriedade privada e a limitação do poder do então Estado típicas do liberalismo clássico, demandas que justa e legitimamente tentavam demarcar a afirmação do indivíduo moderno perante a sociedade e o próprio Estado. Em outras palavras, a afirmação e a primazia do individualismo estão na base do surgimento do próprio Estado moderno ocidental, e quase como uma sua condição suficiente. Desdobramentos de tal conceito, portanto, como poderia ser considerada a luta contemporânea pelas condições de desenvolvimento e de afirmação de características intrínsecas à própria personalidade individual, como parecem ser a luta homoafetiva e feminista, na melhor das hipóteses seriam herdeiros de tal individualismo moderno. E se há algum paradoxo ele existe exatamente em função das promessas não cumpridas pela democracia liberal burguesa, que ficaram pelo longo e árduo caminho da história.

Mas tal expressão, para o intelectual da Azenha, designa toda demanda pública coletiva posterior ao período histórico denominado por Brust como o das "Revoluções que sacudiram a década de 60". Assim, a reivindicação pelos direitos das mulheres e das minorias, entre elas as dos homoafetivos, dos indígenas e dos negros, bem como a discussão acerca de questões ambientais e o próprio pacifismo contemporâneo, assim como também a indisposição para com hierarquias, seja lá o que Brust entenda por tal expressão, seriam exemplos de tal individualismo moderno. E tal individualismo, no final das contas, não seria senão "o que restou do pensamento de 68" à humanidade. O principal legado de tal pensamento, para Brust, que teve "Na França, a insurgência dos estudantes e as greves operárias que balançaram De Gaulle; nos EUA, Martin Luther King, os protestos contra a Guerra do Vietnã e o movimento hippie; na China, a revolução cultural; no Brasil, os anos de resistência à ditadura que acabara de se instalar e os festivais que fundaram o que até hoje se considera a melhor música brasileira" é, "paradoxalmente, o da fundação dos valores que estabeleceriam o individualismo moderno. É o tempo de reivindicar os direitos das mulheres, os direitos das minorias e, principalmente, golpear as hierarquias - causas, no fundo, individuais" (Os grifos são meus).

Bem, mas exatamente por qual motivo os movimentos da década de 1960 fundaram os valores que estabeleceriam o que Brust chama de individualismo moderno, quais são esses valores e por que é principalmente esse o legado de 1960? O texto de Brust não responde tais questão, e essa é a primeira promessa não cumprida por seu autor. E por qual motivo tais demandas historicamente reprimidas seriam exemplos de um moderno individualismo? Segundo Brust, por uma razão muito simples: todas elas são "causas, no fundo, individuais". E acaba por aí. Essa é a melhor justificativa apresentada por Brust para seu conceito de individualismo moderno: tal expressão é auto-explicativa, e nada mais. Essa, por conseguinte, é sua segunda promessa não cumprida.

Mas Brust vai mais longe, e La Vieja até agora não entendeu como tal raciocínio sequer pôde ser formulado: "Se hoje a democracia liberal se firma como um regime pouco questionado na Europa, muito se deve àqueles jovens que se diziam trotskistas ou maoistas" (O grifo é meu). A fim de justificar seu raciocínio, recorre à explicação de Zuenir Ventura, a qual, se verá, não explica absolutamente nada daquilo postulado por Brust: "Foi uma linha de manifestações de crença na democracia. A sociedade passa a ter um papel muito mais importante que os partidos e que o próprio Estado. E há uma linha que de certa maneira começa em 68 e vai até o fim da União Soviética, passando pela Revolução dos Cravos, em 1974". Como La Vieja tentará mostrar, só na teoria política de Gabriel Brust aquilo que esse autor considera como uma herança de esquerda, seu propalado individualismo moderno, pode fortalecer a democracia liberal. As demandas sociais do individualismo moderno de Brust, muito pelo contrário, não são senão, em última instância, sinais do desgaste da democracia liberal e de sua absoluta incapacidade de dar respostas coletivas satisfatórias e de cumprir sua promessa de plena realização do bem comum. São tão somente algumas de suas promessas não cumpridas, portanto.
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A tese defendida por Brust tem vários problemas. Um deles é misturar alhos com bugalhos ao colocar no mesmo saco movimentos tão díspares quanto a reacionária revolução cultural maoísta e a mobilização estadunidense contra a invasão do Vietnã, deles tirando a mesma conseqüência, a saber, a "paradoxal" "fundação dos valores que estabeleceriam o individualismo moderno", e outro é o seu próprio conceito de individualismo moderno.

Tal expressão tem dois problemas ululantes, além das confusões conceituais já apontadas acima: um de ordem lógica e outro de ordem prática. Na verdade, no fundo e no raso, apropriando-me aqui do método explicativo do notável intelectual da Azenha, Brust não sabe do que está falando.

Do ponto de vista lógico, Brust reduz toda e qualquer demanda coletiva à uma motivação de fundo individual, o que corrobora e realiza a panacéia liberal da identidade entre aspirações individuais e coletivas, o velho e bom mantra smithiano da procura pelo melhor para si implicando na conquista do melhor para a sociedade. Assim, se a luta pelo direito das mulheres ao pleno gozo de sua sexualidade é uma causa, no fundo, individual, logicamente nada impede que a motivação de Martin Luther King nos anos 1960 fosse uma causa no fundo individual: no fundo, mas no fundo mesmo, era o negro Martin que não gostava de ser tratado como cidadão de terceira classe. Do mesmo modo, eram no fundo individuais as motivações que levaram indivíduos de grupos guerrilheiros clandestinos aos cerrados e selvas brasileiras nos anos de resistência ao golpe militar de 1964. A causa, o fim da ditadura militar, era no fundo individual, e só acidentalmente coletiva. De modo semelhante, a reivindicação de uma rede de saneamento básico pelos moradores da Restinga é uma causa, no fundo, individual. É porque Pedro Pedreiro não quer se contaminar por cloriformes fecais, e somente por isso, que Pedro Pedreiro se mobiliza, e é somente por tal motivação individual, motor da história, que a coletividade é beneficiada. E não foi de outro modo que se fez a independência estadunidense, a revolução russa e a eleição de Olívio Dutra em 1999: a busca pelo melhor para si implicou na conquista do melhor para a coletividade, pois não há causa coletiva que não seja, no fundo, individual.

Ou seja, trata-se do triunfo do voluntarismo do self-made man, da glorificação da sobrevivência do mais apto, o real motor da história. É o fim do sonho socialista e de termos como solidariedade, que, com Brust, esvazia-se e perde qualquer significado.

A conseqüência prática de tal esvaziamento e da perda de significados é que não mais há procura pelo bem comum no espaço público. Na verdade, sequer há espaço público mais, pois toda política agora se reduz à perseguição individual de causas individuais. Se causas como a luta pelos direitos das mulheres, pelos direitos dos negros e dos homoafetivos são, no fundo, individuais, então somente representantes do sexo feminino, negros e homoafetivos poderiam representá-las adeqüadamente no espaço público. Homens, brancos e heterossexuais, por conseguinte, jamais poderiam representá-las, o que decreta o fim da procura pelo bem comum, utopia que deve ser abandonada pelo caminho da história. O que resta é o triunfo da democracia liberal graças ao individualismo moderno de Gabriel Brust, ironicamente, quem diria, alcançado graças aos devaneios e lambanças da esquerda.

O que Brust talvez não tenha se dado conta é que do fato de uma demanda pública ter uma certa motivação individual não se segue que ela seja uma causa, no fundo, essencialmente individual. Por mais que ambientalistas queiram um planeta saudável não se segue que, no fundo, a principal motivação de tal causa seja individual, e que tal causa nela mesma seja individual. De modo semelhante, a luta pelos direitos das mulheres e dos homoafetivos não pode ser reduzida a uma causa meramente individual, seja no fundo ou no raso. Se assim fosse, não faria sentido se falar em direitos futuros e no direito à preservação e restauração da memória, pois que causa no fundo individual nos motivaria a lutar pelo legado de um equilíbrio ambiental às gerações futuras, e que causa no fundo individual nos motivaria a lutar pela preservação da memória de nosso passado escravagista e pela restauração da memória quando fatos históricos são distorcidos propositadamente?

Brust teria feito um papel menos constrangedor se ao menos houvesse rendido homenagens ao trabalho, por exemplo, de um seguramente aos seus olhos insuspeito Norberto Bobbio. Brust teria descoberto que aquilo que entende como individualismo moderno tem sua gênese no conceito bobbiano de sociedade pluralista.

Segundo o pensador italiano (no artigo O Futuro da Democracia, em O Futuro da Democracia - Uma Defesa das Regras do Jogo. Rio de Janeiro, Paz e terra, 1986. 5. ed., tradução de Marco Aurélio Nogueira), a democracia moderna "nasceu de uma concepção individualista da sociedade, isto é, da concepção para a qual - contrariamente à concepção orgânica, dominante na idade antiga e na idade média, segundo a qual o todo precede as partes - a sociedade, qualquer forma de sociedade, e especialmente a sociedade política, é um produto artificial da vontade dos indivíduos". Segundo Bobbio, três eventos que caracterizam a filosofia social da idade moderna concorreram para a dissolução da concepção social organicista e para o surgimento da concepção individualista da sociedade e do Estado: (i) o contratualismo, "que parte da hipótese de que antes da sociedade civil existe o estado de natureza, no qual soberanos são os indivíduos singulares livres e iguais, que entram em acordo entre si para dar vida a um poder comum capaz de cumprir a função de garantir-lhes a vida e a liberdade, bem como a propiedade", (ii) o nascimento da economia política do homo oeconomicus, "o indivíduo singular que, segundo Adam Smith, 'perseguindo o próprio interesse freqüentemente promove aquele da sociedade de modo mais eficaz do que quando pretenda realmente promovê-lo'", e finalmente (iii) a filosofia utilitarista de Bentham e Mill, "para a qual o único critério capaz de fundar uma ética objetivista, e portanto distinguir o bem do mal sem recorrer a conceitos vagos como 'natureza' e outros, é o de partir da consideração de estados essencialmente individuais, como o prazer e a dor, e de resolver o problema tradicional do bem comum na soma dos bens individuais ou, segundo a fórmula benthamiana, na felicidade do maior número" (Os grifos são meus).

Só que tal doutrina democrática moderna havia imaginado pelo menos em tese um modelo de estado onde inexistiriam corpos intermediários, ou conforme as palavras de Bobbio, "uma sociedade política na qual entre o povo soberano composto por tantos indivíduos e os seus representantes" inexistiriam sociedades particulares, mas o que aconteceu na prática dos estados democráticos foi exatamente o contrário: "sujeitos politicamente relevantes tornaram-se sempre mais os grupos, grandes organizações, associações da mais diversa natureza, sindicatos das mais diversas profissões, partidos das mais diversas ideologias, e sempre menos os indivíduos".

E dessa primeira transformação da democracia moderna derivou uma segunda, explica Bobbio, relativa ao conceito liberal de representação: "A democracia moderna, nascida como democracia representativa em contraposição à democracia dos antigos, deveria ser caracterizada pela representação política, isto é, por uma forma de representação na qual o representante, sendo chamado a perseguir os interesses da nação, não pode estar sujeito a um mandato vinculado". Só que mais uma vez, afirma Bobbio, a democracia liberal não cumpriu suas promessas: "Jamais um princípio foi mais desconsiderado que o da representação política".

E qualquer discurso sobre a política na democracia liberal seria insuficiente, ainda afirma Bobbio, "se não levasse em conta as formas de agregação em torno (...) de interesses relativos às condições de desenvolvimento da própria personalidade ou assemelhados (...)". Refere-se o autor aqui "seja a movimentos sociais, como o movimento feminino, os diversos movimentos de jovens, os movimentos de homossexuais, seja a movimentos de opinião que visam a defesa e a promoção de direitos fundamentais, como as várias ligas dos direito do homem e em defesa de minorias lingüísticas ou raciais (...)".

Ou seja, desde sempre os protagonistas da democracia liberal moderna foram os grupos, e desde sempre os mandatos dos representantes foram vinculados aos interesses de tais grupos, o que frustrou tanto a promessa de plena realização do indivíduo liberal moderno quanto a de plena realização do bem comum como uma conseqüência daquela primeira. Sem intermediários entre o povo e a nação seus representantes não vinculariam seus interesses senão aos do povo, perfeita identidade que garantiria tanto a possibilidade de realização plena dos indivíduos quanto sua necessária conseqüência, o bem comum, e esse último tanto pela referida garantia do direito à perseguição individual do melhor para si quanto pela garantia da representação política universal não-vinculada. Na prática, entretanto, como se viu, a teoria foi bem outra.

O diagnóstico de Bobbio acerca de tal estado de coisas, no entanto, é do tipo elite conservadora ou reacionária, porém otimista com o futuro das regras do jogo: "No que se refere à representação dos interesses que está corroendo pouco a pouco o campo que deveria ser reservado exclusivamente à representação política, deve-se dizer que ela é, nada mais nada menos, inclusive para aqueles que a rejeitam, uma forma de democracia alternativa, que tem seu natural terreno de expansão numa sociedade capitalista em que os sujeitos da ação política tornaram-se cada vez mais os grupos organizados, sendo portanto muito diferente daquela prevista pela doutrina democrática, que não estava disposta a reconhecer qualquer ente intermediário entre os indivíduos singulares e a nação no seu todo" ( Os grifos são meus).

La Vieja, entretanto, que sempre inventava novas regras para antigos jogos quando criança e, quando não satisfeita, até novos jogos inventava, ainda que só conseguisse, em função disso, brincar sozinha, não é assim tão otimista quanto Bobbio. O que o pensador italiano entende por transformação La Vieja entende como frustração, e o que Bobbio entende como democracia alternativa La Vieja entende como promessas não cumpridas.

A democracia liberal moderna foi incapaz tanto de garantir a plena realização das características de personalidade e da dignidade do sujeito individual moderno quanto de garantir a plena realização do bem comum, segundo a doutrina liberal condicionada à efetivação daquela primeira. As transformações da democracia liberal apontadas por Bobbio, tanto a emergência dos grupos intermediários de interesse em detrimento do indivíduo e da nação, quanto aquela sua derivada, a representação vinculada e não política e universal, são tapas que a realidade deu no rosto de tal democracia. Nunca o indivíduo, mas desde sempre os grupos, foram os atores da democracia liberal, o que inviabilizou a promessa de plena realização da personalidade do sujeito moderno, gerando a primeira das frustrações liberais, e em função disso nunca o bem comum universal, mas sempre o interesse vinculado, foi o centro das atenções na arena da representação pública liberal moderna, o que tornou o bem comum liberal um devaneio, gerando a segunda das suas frustrações. As demandas sociais de causas minoritárias atuais, portanto, muito antes de serem legados da esquerda ou mesmo instrumentos de fortalecimento da democracia liberal, não são senão ecos de tais frustrações, algumas das tantas promessas não cumpridas por tal democracia, que não alcançou plenamente a sem terras, homoafetivos, negros e mulheres ocidentais, assim como a outros tantos, nem a plena realização da individualidade e nem o propalado bem comum liberal. E desde sempre tal democracia não poderia senão frustrar o indivíduo com suas promessas de realização plena da personalidade individual e do bem comum, e isso por uma razão muito simples.

É que a democracia liberal moderna é indissociável do modo de produção capitalista, para o qual é a desigualdade real entre sujeitos uma condição necessária. Tal desigualdade real, por definição, inviabiliza a realização plena das características de personalidade individual de todo e qualquer sujeito, pois desde já nem todos, e quando se fala em nem todos em democracias liberais ocidentais se fala em sua maior parcela, em função de tal desigualdade ser vista como natural por tal sistema, teriam acesso aos meios de viabilizá-la. Sendo tudo mercadoria em tal sistema, também a efetivação do desenvolvimento pleno da personalidade estaria naturalmente sujeita ao seu fetichismo. O preço pago pelo centralismo de tal desigualdade no sistema capitalista é a absoluta incapacidade de efetivação da realização plena da personalidade individual na democracia liberal, bem como sua mercantilização. Outro aspecto nada desprezível dessa posição central ocupada pela desigualdade no modo de produção capitalista é a sua capacidade de produzir e manter classes, que ocupam um papel central naquilo que Bobbio denominou como segunda transformação da democracia moderna, para La Vieja uma segunda sua frustração.

O triunfo da representação vinculada a interesses sobre a representação política de caráter universal é prova incontestável da luta de classes gestada, mas constantemente negaceada, pelo modo de produção capitalista. E o papel desempenhado por tal conflito de classes no triunfo da representação vinculada fica mais claro quando percebemos que a desigualdade real natural ao capitalismo se refletiu como desigualdade de classes no terreno da representação moderna, no terreno onde se dá o embate político na democracia liberal. Grupos mais aptos, os vencedores, a classe dominante no modo de produção capitalista, os donos dos meios de produção, foram aqueles que historicamente sempre deram as cartas em tal sistema representativo no jogo democrático liberal. Não seria senão uma representação de classe, portanto, a conseqüência natural de um estado em sua gênese de classe. Se em função da desigualdade real inerente ao modo de produção capitalista não se pode falar em desenvolvimento efetivo e pleno da personalidade do sujeito moderno, em função do desequilíbrio no campo político gerado pelos reflexos de tal desigualdade no terreno da representação moderna não se pode falar em bem comum, pois o único bem comum que a democracia liberal conseguiu realizar foi o da classe que a gestou. A luta de minorias, portanto, não é nem um mérito e nem um favor que presta à humanidade a democracia liberal, mas tão só um esforço desesperado para ser ouvido, uma voz ao longe reclamando promessas não cumpridas por tal democracia.
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La Vieja, antes de finalizar, não poderia deixar de comentar os aspectos mais engraçados do texto de Brust. A fim de corroborar seu peculiar conceito de individualismo moderno, paradoxal legado da esquerda que segundo Brust teria fortalecido a democracia liberal, bem como apontar as "armadilhas" nas quais a esquerda se meteu após os anos 60, o autor evoca seu colega de blog Walter Valdevino, que disserta sobre a greve dos estudantes franceses de 1986, mas sem, claro, sequer ter explicado o que foi e as causas de tal movimento, já que sem a devida descontextualização suas afirmações não passariam de distorção pura e simples da história.

Segundo Valdevino, em 1986 "O movimento estudantil parece que se tornou maior em quantidade de manifestantes, mas estava protestando contra uma lei que reformaria a universidade. 20 anos depois, se vê os jovens mobilizados para defender o statu quo. Em 68 havia um individualismo coletivista e, 20 anos depois, surge o individualismo narcisista".

O que Valdevino não explicou foi que a referida greve de 1986 foi uma reação estudantil a um projeto de lei do governo Jacques Chirac, denominado "Projet Devaquet", que pretendia, entre outras coisas, fazer uma seleção prévia dos estudantes universitários franceses e estimular a concorrência entre as universidades. Os estudantes franceses imediatamente reagiram à tal proposta, denunciando, entre outros problemas, que tal seleção prévia não tinha senão como objetivo "fermer la porte à un certaine catégorie d’étudiant réputée moins intéressante, à cause de leurs résultats scolaires, à cause de leurs lycées d’origine ou en raison de problèmes de comportement passés" ("fechar a porta à uma certa categoria de estudantes considerada menos interessante, em função de seus resultados escolares, de seus colégios de origem ou em razão de problemas de comportamento no passado").

Como se vê, a preocupação dos estudantes franceses em 1986 com o acesso universal ao ensino superior não poderia ser considerado uma espécie de "individualismo narcisista", como quer Valdevino. A não ser, claro, aos olhos de quem quer empurrar goela abaixo um peculiar conceito de individualismo moderno a fim de desqualificar a herança de determinado pensamento de esquerda nos anos 1960 e, desse modo, supostamente fortalecer a democracia liberal.

Valdevino, aliás, deveria ser eternamente grato aos estudantes franceses de 1986, pois só a recusa deles a seleções prévias permitiu que ele pudesse estudar na École Normale Supérieure. O que parece, no final das contas, é que Brust resolveu dar a Valdevino a velha e boa "forcinha ao amigo", só que ele não contava com a hipótese de La Vieja publicamente revelar as relações bloguísticas, se me é permitido o neologismo, entre ambos e já ter passado os olhos sobre a esforçada dissertação de mestrado de Valdevino.

O techo mais engraçado de todo este festival de besteiras, porém, nos foi reservado pela invocação de Brust das palavras do sábio Caetano Veloso a fim de ilustrar "com clareza o espírito conflituoso da época", certamente prenúncio do individualismo moderno de Brust, paradoxal e fortalecedor legado da esquerda dos então anos 1960 à democracia liberal.

"As palavras que abrem a canção, "caminhando, sem lenço", dão destaque à individualidade. O cara está andando e não está compromissado com nada. Mas existe um impulso de mudar o mundo ou uma atração pelas organizações que queriam mudar o mundo, mas um distanciamento individual. Eu me sentia muito isolado individualmente diante de todas as organizações mentais, ideológicas e partidárias", teria dito Caetano Veloso ano passado, acerca de sua música Alegria, Alegria, "durante as comemorações dos 40 anos do jornal carioca Sol, que durante seus poucos anos de vida imprimiu a voz e o pensamento da geração brasileira de 1968", afirma Brust.

Bem, se La Vieja quisesse ombrear intelectualmente com o argumento de Brust, simplesmente diria que a letra de "Prá não dizer que não falei de flores", de Geraldo Vandré, bem ao contrário da canção de Caetano, não dá destaque à individualidade. Isso, por conseguinte, de acordo com a peculiar lógica da escolha de pontos de vista convenientes de Brust, ilustraria com clareza que não havia nenhum espírito conflituoso à época: "Caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não...".

De resto, fica aqui o registro do desaforo de Brust para com a memória do período de resistência à ditadura militar no Brasil. Como se não bastasse ter invocado, a fim de justificar suas esdrúxulas teses, a peculiar percepção individual acerca de tal período de um dos menores representantes de tal resistência, que se se sentiu isolado das organizações partidárias que queriam mudar o mundo assim se sentiu por não ter feito nada além de letras de músicas, o que em seu devido contexto teve sua particular importância à resistência, Brust distorceu e ignorou o legado extremamente relevante politicamente à reconstrução da democracia brasileira dos grupos guerrilheiros clandestinos, das comunidades eclesiais de base, do novo sindicalismo do ABC paulista e da verdadeira intelectualidade do período de resistência, seus efetivos protagonistas.
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Gabriel Brust tentou transmitir a falsa idéia de que movimentos supostamente em tudo semelhantes e de esquerda ocorridos nos anos 60 do século passado teriam deixado como único legado aquilo que esse autor e seu colega Valdevino entendem como individualismo moderno, o que simultaneamente traria água para o moinho da por isso então fortalecida democracia liberal e por extensão desqualificaria, por contradição ou pelo pecado do paradoxo, como prefere o autor, o referido pensamento de esquerda, mas o caso é que o propalado individualismo moderno defendido pelos intelectuais da Azenha, muito pelo contrário, bem antes de servir aos propósitos de classe dos dois referidos intelectuais orgânicos, não é senão tão só mais uma das promessas não cumpridas pela mesma democracia liberal que ambos tentaram toscamente incensar ao canhestramente apontar supostos paradoxos da esquerda, que a despeito de todos seus esforços teria tido seu melhor desempenho ao parir um instrumento de fortalecimento da democracia liberal, a saber, o propalado individualismo moderno. O que tem feito e historicamente fez aquilo que mal ou bem ainda pode ser chamado de esquerda foi dar voz a tais frustrações sociais, nada além disso. O paradoxo de Brust, portanto, está no seio da democracia liberal, e não no da esquerda. O tiro, portanto, foi dado no próprio pé, ou bem por pura ignorância, ou bem por pura má-fé intelectual.

A indigência teórica de Brust só é comparável à pobreza das explicações de mundo liberais. Talvez ela seja um seu resto, no final das contas.

Pelo visto não é somente a moderna democracia representativa liberal burguesa que dá sinais de esgotamento. Para La Vieja, já foi mais difícil se divertir às custas de seus ardorosos defensores.

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Por que Zurdo?

O nome do blog foi inspirado no filme Zurdo de Carlos Salcés, uma película mexicana extraordinária.


Zurdo em espanhol que dizer: esquerda, mão esquerda.
E este blog significa uma postura alternativa as oficiais, as institucionais. Aqui postaremos diversos assuntos como política, cultura, história, filosofia, humor... relacionadas a realidades sem tergiversações como é costume na mídia tradicional.
Teremos uma postura radical diante dos fatos procurando estimular o pensamento crítico. Além da opinião, elabora-se a realidade desvendando os verdadeiros interesses que estão em disputa na sociedade.

Vos abraço com todo o fervor revolucionário

Raoul José Pinto



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  • A Condição Pós-Moderna - Jean-François Lyotard
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  • Antonio Gramsci – vida e obra de um comunista revolucionário
  • Apuntes Criticos A La Economia Politica - Ernesto Che Guevara
  • As armas de ontem, por Max Marambio,
  • BOLÍVIA jakaskiwa - Mariléia M. Leal Caruso e Raimundo C. Caruso
  • Cultura de Consumo e Pós-Modernismo - Mike Featherstone
  • Dissidentes ou mercenários? Objetivo: liquidar a Revolução Cubana - Hernando Calvo Ospina e Katlijn Declercq
  • Ensaios sobre consciência e emancipação - Mauro Iasi
  • Esquerdas e Esquerdismo - Da Primeira Internacional a Porto Alegre - Octavio Rodríguez Araujo
  • Fenomenologia do Espírito. Autor:. Georg Wilhelm Friedrich Hegel
  • Fidel Castro: biografia a duas vozes - Ignacio Ramonet
  • Haciendo posible lo imposible — La Izquierda en el umbral del siglo XXI - Marta Harnecker
  • Hegemonias e Emancipações no século XXI - Emir Sader Ana Esther Ceceña Jaime Caycedo Jaime Estay Berenice Ramírez Armando Bartra Raúl Ornelas José María Gómez Edgardo Lande
  • HISTÓRIA COMO HISTÓRIA DA LIBERDADE - Benedetto Croce
  • Individualismo e Cultura - Gilberto Velho
  • Lênin e a Revolução, por Jean Salem
  • O Anti-Édipo — Capitalismo e Esquizofrenia Gilles Deleuze Félix Guattari
  • O Demônio da Teoria: Literatura e Senso Comum - Antoine Compagnon
  • O Marxismo de Che e o Socialismo no Século XXI - Carlos Tablada
  • O MST e a Constituição. Um sujeito histórico na luta pela reforma agrária no Brasil - Delze dos Santos Laureano
  • Os 10 Dias Que Abalaram o Mundo - JOHN REED
  • Para Ler O Pato Donald - Ariel Dorfman - Armand Mattelart.
  • Pós-Modernismo - A Lógica Cultural do Capitalismo Tardio - Frederic Jameson
  • Questões territoriais na América Latina - Amalia Inés Geraiges de Lemos, Mónica Arroyo e María Laura Silveira
  • Simulacro e Poder - uma análise da mídia, de Marilena Chauí (Editora Perseu Abramo, 142 páginas)
  • Soberania e autodeterminação – a luta na ONU. Discursos históricos - Che, Allende, Arafat e Chávez
  • Um homem, um povo - Marta Harnecker

zz - Estudar Sempre/CLÁSSICOS DA HISTÓRIA, FILOSOFIA E ECONOMIA POLÍTICA

  • A Doença Infantil do Esquerdismo no Comunismo - Lênin
  • A História me absolverá - Fidel Castro Ruz
  • A ideologia alemã - Karl Marx e Friedrich Engels
  • A República 'Comunista' Cristã dos Guaranis (1610-1768) - Clóvis Lugon
  • A Revolução antes da Revolução. As guerras camponesas na Alemanha. Revolução e contra-revolução na Alemanha - Friedrich Engels
  • A Revolução antes da Revolução. As lutas de classes na França - de 1848 a 1850. O 18 Brumário de Luis Bonaparte. A Guerra Civil na França - Karl Marx
  • A Revolução Burguesa no Brasil - Florestan Fernandes
  • A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky - Lênin
  • A sagrada família - Karl Marx e Friedrich Engels
  • Antígona, de Sófocles
  • As tarefas revolucionárias da juventude - Lenin, Fidel e Frei Betto
  • As três fontes - V. I. Lenin
  • CASA-GRANDE & senzala - Gilberto Freyre
  • Crítica Eurocomunismo - Ernest Mandel
  • Dialética do Concreto - KOSIK, Karel
  • Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico - Friedrich Engels
  • Do sonho às coisas - José Carlos Mariátegui
  • Ensaios Sobre a Revolução Chilena - Manuel Castells, Ruy Mauro Marini e/ou Carlos altamiro
  • Estratégia Operária e Neocapitalismo - André Gorz
  • Eurocomunismo e Estado - Santiago Carrillo
  • Fenomenologia da Percepção - MERLEAU-PONTY, Maurice
  • História do socialismo e das lutas sociais - Max Beer
  • Manifesto do Partido Comunista - Karl Marx e Friedrich Engels
  • MANUAL DE ESTRATÉGIA SUBVERSIVA - Vo Nguyen Giap
  • MANUAL DE MARXISMO-LENINISMO - OTTO KUUSINEN
  • Manuscritos econômico filosóficos - MARX, Karl
  • Mensagem do Comitê Central à Liga dosComunistas - Karl Marx e Friedrich Engels
  • Minima Moralia - Theodor Wiesengrund Adorno
  • O Ano I da Revolução Russa - Victor Serge
  • O Caminho do Poder - Karl Kautsky
  • O Marxismo e o Estado - Norberto Bobbio e outros
  • O Que Todo Revolucionário Deve Saber Sobre a Repressão - Victo Serge
  • Orestéia, de Ésquilo
  • Os irredutíveis - Daniel Bensaïd
  • Que Fazer? - Lênin
  • Raízes do Brasil - Sérgio Buarque de Holanda
  • Reforma ou Revolução - Rosa Luxemburgo
  • Revolução Mexicana - antecedentes, desenvolvimento, conseqüências - Rodolfo Bórquez Bustos, Rafael Alarcón Medina, Marco Antonio Basilio Loza
  • Revolução Russa - L. Trotsky
  • Sete ensaios de interpretação da realidade peruana - José Carlos Mariátegui/ Editora Expressão Popular
  • Sobre a Ditadura do Proletariado - Étienne Balibar
  • Sobre a evolução do conceito de campesinato - Eduardo Sevilla Guzmán e Manuel González de Molina

ZZ - Estudar Sempre/LITERATURA

  • 1984 - George Orwell
  • A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende
  • A Espera dos Bárbaros - J.M. Coetzee
  • A hora da estrela - Clarice Lispector
  • A Leste do Éden - John Steinbeck,
  • A Mãe, MÁXIMO GORKI
  • A Peste - Albert Camus
  • A Revolução do Bichos - George Orwell
  • Admirável Mundo Novo - ALDOUS HUXLEY
  • Ainda é Tempo de Viver - Roger Garaud
  • Aleph - Jorge Luis Borges
  • As cartas do Pe. Antônio Veira
  • As Minhas Universidades, MÁXIMO GORKI
  • Assim foi temperado o aço - Nikolai Ostrovski
  • Cem anos de solidão - Gabriel García Márquez
  • Contos - Jack London
  • Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski
  • Desonra, de John Maxwell Coetzee
  • Desça Moisés ( WILLIAM FAULKNER)
  • Don Quixote de la Mancha - Miguel de Cervantes
  • Dona flor e seus dois maridos, de Jorge Amado
  • Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago
  • Ensaio sobre a lucidez, de José Saramago
  • Fausto - JOHANN WOLFGANG GOETHE
  • Ficções - Jorge Luis Borges
  • Guerra e Paz - LEON TOLSTOI
  • Incidente em Antares, de Érico Veríssimo
  • Memórias do Cárcere - Graciliano Ramos
  • O Alienista - Machado de Assis
  • O amor nos tempos do cólera - Gabriel García Márquez
  • O Contrato de Casamento, de Honoré de Balzac
  • O Estrangeiro - Albert Camus
  • O homem revoltado - Albert Camus
  • O jogo da Amarelinha – Júlio Cortazar
  • O livro de Areia – Jorge Luis Borges
  • O mercador de Veneza, de William Shakespeare
  • O mito de Sísifo, de Albert Camus
  • O Nome da Rosa - Umberto Eco
  • O Processo - Franz Kafka
  • O Príncipe de Nicolau Maquiavel
  • O Senhor das Moscas, WILLIAM GOLDING
  • O Som e a Fúria (WILLIAM FAULKNER)
  • O ULTIMO LEITOR - PIGLIA, RICARDO
  • Oliver Twist, de Charles Dickens
  • Os Invencidos, WILLIAM FAULKNER
  • Os Miseravéis - Victor Hugo
  • Os Prêmios – Júlio Cortazar
  • OS TRABALHADORES DO MAR - Vitor Hugo
  • Por Quem os Sinos Dobram - ERNEST HEMINGWAY
  • São Bernardo - Graciliano Ramos
  • Vidas secas - Graciliano Ramos
  • VINHAS DA IRA, (JOHN STEINBECK)

ZZ - Estudar Sempre/LITERATURA GUERRILHEIRA

  • A Guerra de Guerrilhas - Comandante Che Guevara
  • A montanha é algo mais que uma imensa estepe verde - Omar Cabezas
  • Da guerrilha ao socialismo – a Revolução Cubana - Florestan Fernandes
  • EZLN – Passos de uma rebeldia - Emilio Gennari
  • Imagens da revolução – documentos políticos das organizações clandestinas de esquerda dos anos 1961-1971; Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá
  • O Diário do Che na Bolívia
  • PODER E CONTRAPODER NA AMÉRICA LATINA Autor: FLORESTAN FERNANDES
  • Rebelde – testemunho de um combatente - Fernando Vecino Alegret

ZZ- Estudar Sempre /GEOGRAFIA EM MOVIMENTO

  • Abordagens e concepções de território - Marcos Aurélio Saquet
  • Campesinato e territórios em disputa - Eliane Tomiasi Paulino, João Edmilson Fabrini (organizadores)
  • Cidade e Campo - relações e contradições entre urbano e rural - Maria Encarnação Beltrão Sposito e Arthur Magon Whitacker (orgs)
  • Cidades Médias - produção do espaço urbano e regional - Eliseu Savério Sposito, M. Encarnação Beltrão Sposito, Oscar Sobarzo (orgs)
  • Cidades Médias: espaços em transição - Maria Encarnação Beltrão Spósito (org.)
  • Geografia Agrária - teoria e poder - Bernardo Mançano Fernandes, Marta Inez Medeiros Marques, Júlio César Suzuki (orgs.)
  • Geomorfologia - aplicações e metodologias - João Osvaldo Rodrigues Nunes e Paulo César Rocha
  • Indústria, ordenamento do território e transportes - a contribuição de André Fischer. Organizadores: Olga Lúcia Castreghini de Freitas Firkowski e Eliseu Savério Spósito
  • Questões territoriais na América Latina - Amalia Inés Geraiges de Lemos, Mónica Arroyo e María Laura Silveira