23 a 26 de junho de 2008
PANORAMA – CRIMINALIZAÇÃO DO MST NO RS
O Movimento vem conseguindo enfrentar o discurso reacionário do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Conseguiu polarizar com as declarações de Gilberto Thums, com boas entrevistas de Cedenir de Oliveira e Jacques Távora Alfosin. Foi importante a publicação da denúncia na Folha na quarta-feira, porque transcendeu a cobertura da mídia local e tornou possível a demarcação, na mídia, de dois pontos de vista radicalmente diferentes.
No dia 24, com a matéria publicada por Eduardo Scolese, na Folha, ficou claro o caráter reacionário do MP do Rio Grande do Sul. Scolese pela primeira vez informa na grande mídia nacional do relatório do Conselho Superior do MP que pede a "dissolução" do MST. Explica que o tal documento serviu de base para oito ações judiciais contra os sem-terra. O Movimento tem um bom espaço para atacar a ofensiva jurídica.
Ainda na terça-feira, as páginas do Terra Magazine e Portal Uol entrevistaram o promotor Gilberto Thums, membro do Conselho Superior do MP do RS, que ataca pesadamente o Movimento, que, segundo ele, ataca o Estado Democrático, usa táticas de guerrilha, fere a Constituição, é uma organização criminosa. Ele defende que o MST não luta por terra, mas é um "movimento político". Ele alega ainda que no "Rio Grande do Sul não tem terra para reforma agrária".
Na Agência Estado, do grupo do Estado de S. Paulo, Elder Ogliari, que costuma cobrir a questão agrária, escreve uma boa matéria sobre o tema, com tom de denúncia. Aparece a figura de Mauro Renner, procurador-geral de Justiça, que explica que foi suprimido o trecho que falava em "dissolvência" do MST.
A matéria, no entanto, não foi publicada no jornal impresso, que deu apenas uma nota sobre a audiência da Comissão de Direitos Humanos do Senado em Porto Alegre. Mesmo assim, a nota tem o tom da denúncia do MST contra o MP, não o contrário.
Os portais Terra Magazine e Uol também entrevistam na quarta-feira Cedenir de Oliveira, que rebate os principais argumentos de Thums. O Uol ouve o procurador do Estado aposentado, Jacques Távora Alfosin, que se apresenta como advogado do MST e acusa o MP de ser "tendencioso e preconceituoso".
O Globo não dá sequer uma nota sobre o assunto, mas dedica seu editorial a defender o MP do Rio Grande do Sul. Para o jornal, "já passou da hora de o poder público defender o estado de direito democrático".
Hoje quem fala no assunto é o jornal Valor Econômico, que publica uma matéria sobre o conflito no Ministério Público. De um lado, Thums, que chama o MST de "organização criminosa". De outro, Renner, que classifica o Movimento de "legítimo".
Maria Inês Nassif, editora de opinião do jornal, publica um belo artigo, em que contextualiza toda a questão e critica o Ministério Público e a Justiça gaúcha. O melhor de tudo é que ela deixa claro que o MST pode pagar agora por essa guinada à direita, mas "o país todo também paga no futuro".
O artigo de Maria Inês repercute no blog de Luís Nassif, que chama de "absurda" a iniciativa do MP. Chama a atenção que se espera mais a institucionalização do MST do que sua clandestinidade, porque, aí sim, ele pode se tornar a guerrilha que teme o MP.
Luiz Carlos Azenha, jornalista independente e ex-repórter da Globo, que escreve atualmente na Carta Capital, dá destaque em seu blog ao caso e conclui que "democracia, sim, desde que todos se comportem como carneiro". Ele analisa que a ofensiva contra o MST tem espaço porque "a democracia nunca pegou no Brasil", onde direita e esquerda têm DNA autoritário. Depois, divulga nosso manifesto contra a criminalização no RS.
O site da revista Carta Capital entrevista o professor Aldo Fornazieri, que classifica a ação do MP como um "atentado evidente à Constituição Brasileira".
Em anexo, segue uma coletânea das matérias sobre o tema que saíram dos dias 24 a 26 e análise da cobertura da mídia do Rio Grande do Sul.
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