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Manifestantes afirmam que a universidade não apresentou uma contraproposta “concreta” à pauta de quase 20 pontos reivindicada pelo protesto
07/04/2008
da Redação
Já são 1.300 os estudantes que ocupam todo o prédio da reitoria da Universidade de Brasília (UnB). A Polícia Federal havia dado um prazo para os manifestantes deixarem o local, até as 15 horas desta segunda-feira (7). Mas, em vez de abandonar a reitoria, os estudantes decidiram intensificar a mobilização. No início da ação, quinta-feira (3), eram apenas cerca de 200 estudantes.
Apesar de a Justiça ter concedido a reintegração de posse do edifício, a Polícia Federal preferiu cortar o fornecimento de energia e água a entrar no prédio. Entre as reivindicações dos estudantes está a saída do reitor, Timothy Mulholland – envolvido no uso de um cartão corporativo para “aparelhamento” de seu próprio apartamento –, e do vice-reitor, Edgar Mamiya, a dissolução do conselho da Fundação Universidade de Brasília (FUB) e a convocação de novas eleições diretas e paritárias.
Os manifestantes afirmam que a UnB não apresentou uma contraproposta “concreta” à pauta de quase 20 pontos reivindicada. Segundo Carla Gamba, coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), a instituição apresentou apenas um termo de compromisso, que estabelece que o afastamento do reitor e do vice-reitor está “fora de cogitação”, além de propostas como a discussão da paridade nas eleições e o aumento de 20% do auxílio-moradia a partir de maio.
Para o estudante do 8º semestre do curso de serviço social Fábio Félix, decisões tomadas pela administração da UnB, como o corte do fornecimento de água e energia elétrica aos estudantes por um período de 30 horas, dificultaram as negociações. “Em nenhuma ocupação no Brasil as administrações de universidades desligaram água e luz, que são direitos básicos e humanos”.
A União Nacional dos Estudantes (UNE) divulgou nota em apoio à ocupação na UnB, assim como também o fizeram estudantes que participaram da ocupação da USP. Para acompanhar a ocupação em tempor real, os estudantes criaram um blog http://ocupacaounb.blogspot.com/ e uma Rádio Ocupação http://bill.dissonante.org:443/ocupareitoria.m3u (com Agência Brasil).
Leia abaixo a íntegra da nota da UNE:
UNE apóia estudantes da UnB! Os recentes escândalos a respeito da utilização de recursos geridos pela FINATEC, fundação de apoio vinculada à UnB, não constituem fato novo para a Universidade. Há quase 4 anos, no dia 16 de abril de 2004, era manchete do Correio Braziliense: “Relatório critica fundações da UnB: professores analisam informações repassadas pelo Ministério Público e concluem que a FINATEC, a FUBRA e a FETAC fecham contratos que não resultam em conhecimento, pesquisa e dinheiro para a instituição”.
O que são as fundações de apoio
Trata-se de fundações de direto privado que como função captar financiamento, especialmente privado, para a Instituição. O grande problema das fundações está na falta de transparência com que os recursos são geridos, uma vez que eles não têm de ser aprovados pelos Conselhos Universitários, como é o orçamento geral da Universidade. Além disso, parte significativa dos recursos não são repassados à Instituição Universitária, ficando concentrados na mão dos professores que coordenam projetos dentro dessas fundações, enquanto o restante da Universidade sofre com a falta de recursos.
Isso tem feito com que muitos professores, por vezes de dedicação exclusiva, deixem de dar aulas na graduação ou pós, para se dedicarem majoritariamente a cursos pagos e outros eventos nas fundações de apoio. Isso resulta em milhares de alunos tendo metade de suas aulas com mestrandos e não com os professores que deveriam ofertar a disciplina.
Não é à toa que a assembléia dos professores foi contrária ao afastamento do reitor: parte significativa dos docentes dessa universidade tem algum tipo de vinculação com as fundações de apoio!
Democracia já na gestão da universidade! A falta de transparência na gestão é resultado do baixo controle social. Defendemos o afastamento do atual reitor durante o período das investigações, mas entendemos que somente essa medida não é suficiente para resolver um problema que é anterior. É necessário fortalecermos o papel dos Conselhos Universitários, que foram esvaziados durante todo o período das gestões Lauro Morhy/Timothy (o mesmo grupo há 16 anos), reduzidos a meros espaços homologatórios de decisões já acordadas em reuniões fechadas.
É preciso ainda retomar o debate da paridade entre os segmentos universitários. A UnB é atualmente gerida por uma grande corporação de professores: 70% do peso de todas as instâncias de decisão, inclusive as eleições para reitor, são dos professores, ficando os 30% restantes divididos entre os estudantes e funcionários. Isso significa dizer que pouco mais de 2 mil professores tem um peso mais de 5 vezes maior do que o 26 mil estudantes!!! Que democracia é essa? O mecanismo da paridade permitiria que cada segmento tivesse igual peso: 33% para estudantes, funcionários e professores.
Para uma gestão verdadeiramente democrática a UNE defende:
Afastamento do Reitor Timothy Mulholland até o desfecho das investigações!
Paridade em todas as instâncias: Conselhos Universitários e nas Eleições para Reitor!
Transparência na gestão dos recursos: aprovação dos orçamentos das fundações pelos Conselhos Universitários! Além disso, para uma democratização geral da universidade, a UNE defende: Mais verbas para assistência estudantil: pela reforma e ampliação da Casa do Estudante! Pela ampliação, conservação e renovação do acervo da Biblioteca!
Apoiamos a ampliação dos campi da UnB para as outras cidades do DF: pelo diálogo com as comunidades, adequando os novos campi às demandas locais!
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