Por Partido Comunista Brasileiro - Alegrete/RS
“Politicamente, os homens foram sempre as vítimas ingênuas dos outros e deles próprios e serão sempre enquanto não tiverem aprendido a discernir por trás das frases, das declarações e das promessas morais, religiosas, políticas e sociais, os interesses desta ou daquela classe”. Lênin
Eleições 2008 - A arena está montada, os atores estão em cena, tem peça para todos os gostos. Aqui trazemos uma breve avaliação das forças em disputa na cidade de Alegrete.
O PP, partido de históricos defensores da ditadura militar, apresenta Leoni Caldeira/Bolsson. Há tempos (des)governa o município na lógica do assistencialismo, do clientelismo e do patronalismo político. Exerce um forte controle social sobre as camadas mais pobres, através da economia eleitoral, onde os instrumentos mais utilizados são cestas básicas, bolsa família, mutirões de serviços, utilização de cargos de confiança etc. Seu domínio ideológico se dá pela conservação da cultura tradicional do latifúndio (ruralismo arcaico), do qual é sua representação máxima, ou seja, usa da introjeção cultural nos segmentos alienados da população. Exerce forte cooptação nos meios de comunicação através de troca de favores e de lideranças sindicais e comunitárias, sempre disponíveis no mercado político. Sua continuidade no poder representa a manutenção da estagnação econômica, social e política da nossa pobre cidade.
O PSDB/PDT e seus concordes são os representantes genuínos do Governo Yeda, atolado em corrupção e com uma prática fascista de repressão aos movimentos sociais. Representantes do neoliberalismo, juntam-se ao PPS, partido do ex-governador Antonio Brito e de Busato, responsáveis pela maior privatização que o Estado do Rio Grande do Sul sofreu nos últimos tempos, onde foram passados grandes patrimônios públicos para o setor privado, enriquecendo esses políticos. O PDT local serve como sucursal dos interesses das RBS. O cômico desta aliança é o PV, defensor da ecologia, ao lado das forças que, comprometidamente, estão no governo do RS possibilitando a instalação dos desertos verdes. Representam um setor econômico agrícola que, consorciado com o poder do latifúndio local, é especialista em confundir o público com o privado, haja vista, que suas atividades econômicas são subsidiadas ou anistiadas historicamente pelas diferentes esferas de governo. São muito espertos no uso da máquina pública.
PMDB/PT, apoiados pelo “oportunista” PC do B, pelo DEM de ACM Neto e dos “ultradireitistas” Ônix Lorenzoni e Bolsonaro, têm seu objetivo primordial na busca do poder, não para mudar alguma coisa, mas para permitir que suas bases acessem aos cargos do poder local, pois assim podem manter suas definhadas militâncias, ávidas e sedentas por espaços na economia pública. É a tentativa de construir o novo com o conteúdo velho. Se alterar a questão fundiária é pré-requisito para o desenvolvimento local, é bom não esquecer os conceitos do candidato a prefeito desta aliança sobre a questão agrária e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, sua posição é tão reacionária e autoritária como é a de um grande estancieiro. O PT não possui mais “memória”, esqueceu disso ou concorda? As experiências administrativas tanto do candidato quanto de seu partido não os recomendam à administração pública. Sua representação de classe são os agroboys (nova geração de latifundiários), uma classe média falida, porém arrogante e conservadora. O PT é metamorfose da consciência de classe, de defensor do socialismo nos seus primórdios a um dócil administrador do capitalismo neoliberal, aburguesado, traiu a si mesmo e aqueles que sonhavam com a revolução social.
Uma simples alternância de partidos no poder significa trocar seis por meia dúzia, pois ambos propõem a manutenção da estrutura agrária, econômica e social em favor da elite local. Para o povo, nada de substancial significa. A história tem demonstrado isso, sai um, entra outro e o município, com o passar dos anos, definha social e economicamente. Boa parte da população economicamente ativa padece no desemprego estrutural. O que tem restado, principalmente aos jovens, é pegar a estrada e buscar outros lugares.
Mas Alegrete não é só miséria. Se existe a pobreza de uma ampla maioria, é por que também se produz riqueza, que é abocanhada por poucos, uma espécie de colonialismo interno, onde a distribuição da riqueza produzida aqui vai parar nos bolsos da elite conservadora associada ao capital das grandes redes de negócios, e agora, às multinacionais do agronegócio, juntos investem nosso capital em outras praças (imóveis em capitais, praias, turismo e mandar seus filhos para o exterior). O que sobra para os pobres e negros é a violência física agregada à violência verbal histórica a que estão submetidos, portanto, uma combinação de exploração com racismo, isto é luta de classe. Os meios de comunicação locais: rádios, jornais, etc, comprometidos com um ou outro bloco da elite local, fazem parte da divisão dos recursos públicos.
Recusamo-nos, na ação política, a sermos levados ao sabor do vento, nossa identidade é sermos oposição de esquerda a Lula/Ieda/Pillar e/ou seus representantes, ou seja, aos governos que representam os interesses da burguesia e dos latifundiários. Apesar de sabermos que o poder econômico mercantiliza a política institucional, precisamos de um canal de luta para todos que estão indignados com a mesmice, que desacreditam na institucionalidade burguesa e nos partidos tradicionais, que querem manifestar seu protesto, sua rebeldia.
Mesmo com a não concretização da Frente de Esquerda, pois o PSOL se apresentou de forma premeditada e hegemonista, sedento para se consolidar como representante da esquerda institucional no vácuo deixado pelo PT, o PCB optou por participar nas eleições recomendando um voto crítico no advogado e professor Djalmo Santos, que tem colocado sua experiência profissional a serviço dos movimentos sociais, dos pobres e excluídos de nossa cidade. É o único que pode levantar a problemática da reforma agrária, do desemprego, da falta de saúde, de habitação e de uma educação emancipadora, portanto, traz propostas próximas daquilo que conceituamos como Governança Comunista.
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