O tratamento para com os trabalhadores rurais sem terra não mudou desde então, os conflitos continuam e a concentração de terras aumenta nas mãos de latifundiários e empresas do agronegócio, que devastam o meio ambiente e colocam trabalhadores rurais sem condições de trabalho e de uma vida digna. O governo continua a prometer mas nada tem sido feito para a realização da reforma agrária. A gestão de Fernando Henrique Cardoso foi a que mais fez aumentar os conflitos, porém, o governo Lula também não tem se preocupado muito com a questão, priorizando agronegocio. 13 grandes grupos receberam, do Banco do Brasil, cerca de 7 bilhões de dólares. Em 2006, só a Aracruz Celulose recebeu um financiamento de R$ 297 milhões do BNDES para projeto no ES, BA e RS. Tal financiamento equivale a 64% do total dos investimentos. O projeto consiste na implantação, reforma e manutenção das florestas de eucaliptos (chamados desertos verdes)1. A companhia também recebe incentivos fiscais do governo. Em seu site a empresa afirma “A Aracruz não exerce atividades político-partidárias, mas apóia partidos e/ou candidatos cujas idéias e propostas sejam consistentes com seus princípios de negócios”2. E quais são os princípios? A ganância pelo lucro nem que tenha que causar danos ao meio ambiente e doenças às populações, contribuir com a corrupção e tirar terras de pessoas humildes. As empresas poluidoras fazem grandes doações para continuarem seu serviço sujo sem que o poder público interfira, como vem ocorrendo no Espírito Santo.
Devido a todos esses acontecimentos, tanto o caso Eldorado dos Carajás quanto a impunidade de latifundiários e do agronegócio, o MST avança em sua Jornada pela Reforma Agrária, questionando a falta de investimento público na agricultura familiar, a lentidão no processo de reforma agrária, a devastação do meio ambiente pelas empresas do agronegócio, ocupando, até ontem (16/04) 16 estados, fazendo protestos e manifestações em áreas consideradas improdutivas, em sedes de bancos públicos, secretarias e órgãos de governos federal e estadual.
Apesar de estarem lutando pelos seus direitos previstos na Constituição Federal, os trabalhadores rurais são sempre tachados como vagabundos, arruaceiros, vândalos, terroristas e baderneiros (exatamente com essas palavras) pelos grandes veículos de comunicação. Mesmo assim o MST continua firme e forte em sua luta contra a miséria e o crime no campo, contra o desrespeito com os trabalhadores rurais, contra a degradação do meio ambiente e todo esse sistema político-econômico que permite tais absurdos, deixando milhares de pessoas na pobreza.
No site do MST3 há uma nota sobre todas as ocupações até o momento e as reivindicações pela qual o movimento luta, para que a sociedade entenda a sua causa, já que a mídia vem fazendo grandes esforços para desmoralizar os movimentos sociais. Nosso dever é solidarizar com a luta daqueles que sofrem no campo devido ao descaso do poder público em combater latifundiários, grileiros, o agronegócio poluidor, políticos corruptos etc. Essa causa não é apenas dos trabalhadores rurais, ela também é nossa. Assim, presto minha homenagem e solidariedade aos 19 trabalhadores assassinados no dia 17 de abril de 1996 e a todos que ainda hoje lutam pelo direito à terra.
Um forte abraço a todos!
Vinni Corrêa
17 de abril de 2008
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