Não há aqui nenhum intuito de julgamento. Cabe resgatarmos os princípios éticos e morais da investigação, não adotados pela mídia e pelos órgãos públicos policiais e jurídicos.
A espetaculosidade da imprensa, no caso da morte da menina Isabela Nardoni, demonstra o quanto a sociedade é vulnerável à ação da mídia. Há alguns jornalistas, até bem intencionados, que afirmam: a sociedade faz uma cooperação espontânea e deliberada com os abusos da mídia, principalmente, os órgãos da institucionalidade constituída. Mas esta é uma visão parcial e equívoca. Os meios de comunicação consideram-se acima do bem e do mal. Provocam tragédias ao custo de vidas humanas com o fim de ganhar pontos no IBOP. O veículos de informação estão nas mãos de “meia-dúzia de famílias”. Vendem cidadãos à anunciantes. A receita liberal, em nome da imprensa intocável, coloca a ética e a moral na lata do lixo, ao fazer da vida uma mercadoria notável.
Mas o problema, na sociedade contemporânea, pós-moderna e neoliberal, introspecta com a revolução tecnológica uma nova dinâmica no cotidiano das pessoas. O mundo deixou de ser visto pela TV, jornal ou internet; o mundo passou a ser o que estes meios veiculam. Esses tornaram-se os principais ideólogos da classe dominante mundial (ver globalização). Partidos políticos que eram a fonte de formação de opinião descaracterizam-se e recorrem ao marketing midiático. À mídia dá a "corruptos escolhidos" aparência de homens de bem, converte vítimas em bandidos e criminalizam a pobreza. Os fatos cotidianos apresentam os atores ideais para terem seu minuto de glória e fama, ao sabor da coisa produzida, tipo Big Brother Brasil, o “reality show”-, no afã do acontecimento. No caso especifico Isabela Nardoni: delegados, inspetores, juízes, promotores e autoridades afins apresentam dentro desse cenário, um enredo detalhado ao roteiro imposto pela mídia, fornecendo acesso a dados investigativos e periciais, completos ou incompletos, explicitando objetos de privacidade processual de forma prematura, irresponsável. Tudo isso pelo “espetáculo-espetacular”.
O meio humano vive na lei que lhes é comum, como a mídia engendrou, na subserviência das forças de interesse, tanto das pessoas envolvidas como das corporações empresariais, midiáticas ou não, instituições públicas constituídas, crime organizado, políticos ideologicamente comprometidos, todos inclusos no status quo: o de ser celebridade do fato, da informação cosmeticamente maquiada e da notícia, a pretexto de entretenimento, a qualquer custo.
O teatro desqualificado e a banalização da vida desembocam sempre no discurso em defesa da democracia. Mas que democracia é essa da realidade encoberta, onde o oportunismo de quem pode explora o fato, ou cria um fato, ou produz outro fato no fato. Essa é a desconstrução da sociedade, do indivíduo, do cidadão; essa é a democracia burguesa, uma estrutura do tipo orwelliana. A mídia é assim, sem caráter-perversa e inescrupulosa. Basta desse Show da morte!
e o que vc diria da familia nardoni?
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