Aquele
que se diz militante, até quem se diz revolucionário e apoia
movimentos apartidários está totalmente equivocado, não sabe o que
é ser militante e muito menos revolucionário.
Os
movimentos apartidários têm um caráter pequeno burguês e uma
capacidade de se extinguir rapidamente pela dispersão dos propósitos
e inconsistência política, como forma de não alterar as relações
de poder e, somente, se mobiliza para reforçar interesses
individuais, particularizados e de grupos, geralmente é oriundo da
classe média, que porventura é atingida em determinado momento por
algum episódio pontual que a desagrade. Estes movimentos fazem de
tudo para que os “fatos motivadores” não se politizem, e não
ultrapassem os limites da ideologia dominante. Tem como
característica o reforço da alienação do senso comum e o
descompromisso com os contextos políticos fundamentais. São
movimentos sem unidade política, filosófica e sociológica. Se
constituem em dinâmicas neoliberais, vulneráveis e submetidos a
diversos interesses privados e “mercadológicos”. É comum que as
lideranças sejam pessoas que buscam aparecer publicamente e adquirir
destaque pessoal, atuam de forma “moderada e/ou deslumbrada”
conciliando áreas de interesses contraditórios e influenciadas de
diversos matizes elitizantes, sempre em consonância com a ordem.
Desde o empresariado até o poder público, e ao buscarem acesso as
instâncias Estatais se ligam as siglas partidárias por puro
oportunismo.
Para
estas lideranças os partidos políticos servem como trampolim de
acesso aos governos municipais, estaduais e federal, como forma de
conseguir todo o tipo barganhas, tirar proveito - favores e
privilégios. Mas a luta “contra os partidos” nunca foi uma
bandeira do próprio movimento, e sim da direita. Por trás destes
movimentos estão os tubarões dos partidos de direita, as
autoridades influentes, empresários ligados a entidades como Lions
Club, Rotary Club, pessoas que lidam com cultura, por exemplo, que dependem do dinheiro público
para manter suas ONG's, entidades similares e OSCIP's, que colaboram
com o poder público e da iniciativa privada no apaziguamento das
massas e não se arriscam a terem posição política explicita, para
não contrariar a “gregos e troianos” quando se revezam nas
instâncias do parlamento e de governos.
No
Brasil, foi a ditadura militar quem mais utilizou o discurso
“apartidário” para combater o movimento estudantil. Os militares
acusavam os ativistas de “partidarizar os DAs” e exigiam medidas
concretas dos reitores contra a atuação dos partidos nas
universidades. Na tentativa de desarticular o movimento, a ditadura
perseguia os estudantes filiados a partidos. Somente esse fato
bastaria para se entender o enorme desserviço prestado ao movimento
pelos defensores do “apartidarismo”, cujo discurso é igual
àqueles pronunciados por generais e reitores durante os piores anos
de nossa História.
Os
apartidários ou apolíticos querem passar a ideia de neutralidade,
uma falsa imagem para a população em geral. Esta postura tem a
intenção de recalcar no povo a negação das classes sociais e
principalmente da luta de classes, de que não há classes sociais
mas uma sociedade plural, e que todos devem respeito as diferenças
(discriminação - desigualdade social), porque a sociedade é assim
mesmo e sempre será. Esta é a ideia que querem inculcar!. Uma forma
da ideologia dominante, a da burguesia, preservar sua hegemonia de
classe sobre as demais classes da sociedade capitalista. Isto
chama-se ditadura burguesa, isto é: significa a supremacia dos
interesses da classe burguesa, que está no poder, sobre as outras
classes, principalmente sobre a classe trabalhadora.
Em
1905, Lenin, no decurso das movimentações de classe que culminaram
na Revolução de 1917, escrevia: “como já mostramos, o
apartidarismo é um produto ou, se quiserem, uma expressão do
caráter burguês da nossa revolução. A burguesia não pode deixar
de tender para o apartidarismo, pois a ausência de partidos entre os
combatentes pela liberdade da sociedade burguesa significa a ausência
de uma nova luta contra esta própria sociedade burguesa. Quem trava
uma luta «sem partido» pela liberdade ou não tem consciência do
caráter burguês da liberdade, ou santifica este regime burguês, ou
adia a luta contra ele, o seu «aperfeiçoamento», para as calendas
gregas. E, inversamente, quem consciente ou inconscientemente está
ao lado da ordem burguesa não pode deixar de sentir atração pela
ideia do apartidarismo”. Assumindo um papel destacado à frente
desta ramificação do apartidarismo encontramos lado a lado
anarquistas e extrema-direita alardeando nas manifestações a máxima
“o povo unido não precisa de partido”, uma deturpação velhaca
da famosa frase que proclama “o povo unido jamais será vencido”.
Um texto gostoso, agradável e provocador!
ResponderExcluirEu só reafirmaria minha posição, porém: apartidarismo não é necessariamente apoliticismo, podemos fazer política de muitas outras maneiras que não a pregada pelo leninismo :=)
P.S. 1: Texto claro em fundo escuro é PÉSSIMO pra ler! ^^
P.S. 2: "Antonio" Gramsci, sem acento; é o mesmo que dizer "Carlos Marx" e "Frederico Engels", como fazem algumas edições hispanófonas antigas ;=)
Caro Erick!
ExcluirConcordo contigo que o apartidarismo não é necessariamente apoliticismo. Porém, o que quis dizer que ambas têm as mesmas repercussões. Os efeitos nas massas é de desacreditar na luta organizada e na luta de classes, se manterem fincadas nos ditames da ordem. Lutando apenas por questões pontuais como descumprimento da lei burguesa, por exemplo. Tenho a convicção que as outras formas de fazer política, desvinculadas de partido só favorecem a ordem burguesa.
OBs.: vou dar uma remodelada no blog, radica. Preciso de um tempo para isto. já tinha notado o problema das cores. Valeu, continue sugerindo e criticando. Pretendo migrar para o wordpress, também. Ah! tem alguns links que já não respondem mais.
OBS1.: Antônio Gramsci esta somente na fotografia que ilustra a postagem e está com acento.
Grande abraço,
Boa tarde. Sou leitor assíduo deste blog. Gostaria que você fizesse uma análise crítica desta nova HQ www.revoltahq.blogspot.com.br/p/capitulo-5.html, que tem como tema principal a reação de um grupo de amigos à situação política brasileira atual. São abordados (declaradamente o de modo subliminar) temas como corrupção, armamento, sexismo/machismo, poder, assassinato, drogas etc. Através desta publicação, percebe-se claramente um conservadorismo latente nos nossos jovens e a obediência cega à mídia (a "revolta" proposta no título foi bastante incentivada pela mídia de direita, especialmente contra os acusados no caso do mensalão). Esta é a minha sugestão para mais um post interessante. Obrigado.
ResponderExcluirPrezado Leitor!
ExcluirEstaremos avaliando o blog sugerido e responder a vossa solicitação. Obrigado pela leitura do nosso blog e um gradne abraço,
Raoul José Pinto
Editor do Zurdo-Zurdo (Paisagens Rebeldes)