Tem coisas na mídia corporativa que são intoleráveis. Para além do trivial ramerrão ideológico, eles conseguem chegar ao limiar da vigarice. É muita caradura, meu filho!
Vejam esses dois exemplos que eu passo a relatar. Apenas, dois.
Primeiro: o jornal Zero Hora publicou no dia 29 último uma matéria de capa sobre o biodiesel produzido no RS. Leiam por favor o fac-símile (acima) da referida capa. Um desavisado, um Homer Simpson, qualquer estúpido, irá imaginar que o Estado, através do governo Yeda, está na vanguarda dos combustíveis renováveis e preparado para enfrentar todos os desafios energéticos do corrente século. No texto da matéria (leia aqui) - por sinal, pobremente redigido - o jornal líder da RBS segue na permanente linha do "por que me ufano do meu Rio Grande guasca". Fala nas quatro usinas já instaladas para produção de biodiesel, mas não circunstancia as suas existências. Elas ficam parecendo cogumelos surgidos depois de uma chuva de verão. A Natureza as criou. Ponto.
Ora, por quem? Fazem parte de quê programa? De quê governo? De quê macro-estratégia energética? Quem são seus protagonistas? Seus incentivadores e financiadores? Tudo passa como se fosse a mão de Deus que montou tudo aquilo. Nas entrelinhas, e sobretudo na manchete principal da capa, fica sugerido furtivamente que dona Yedinha é a gloriosa autora desse feito guasca. Uma desonestidade inominável.
Segundo: o jornal Correio do Povo, agora gerido pela Igreja Universal do Reino de Deus, do "bispo" Edir Macedo, na edição de ontem, estampou a seguinte manchete interna: "Inflação salgada marca início de 2008".
No sétimo dia do ano, o clarividente jornal dos jesus-business, já consegue o milagre de apontar o "flavor" da inflação brasileira. I-na-cre-di-tá-vel!
O texto não conseguiria ser pior: confuso, cheio de cacoetes da fala coloquial ("por conta de", "a nível daquilo"), sintaxe de botequim e vocabulário indigente. Já na edição de hoje do mesmo Correinho, com a maior desfaçatez, eles estampam outra manchete que desmente a de ontem: "Mantida a previsão de inflação". O "mantida" no caso não se refere à manchete do dia anterior, mas às projeções das cem instituições financeiras para os principais indicadores econômicos, cujos prognósticos não trouxeram novidades. Ou seja, a manchete de hoje desmente a manchete de ontem, mas tudo fica por isso mesmo. E o leitor que vá se lixar, se quiser entender o jornal que lê. Aleluia, irmãos!
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