(por Runildo Pinto)
"Reportando-se a filosofia
do direito de Hegel, Marx chegou a conclusão de que não era o Estado,
apresentado por Hegel como o 'coroamento da construção' (Krönung des Gebäudes),
mas muito antes a 'sociedade civil', tratada de modo tão madrasto por ele, que
constituía a esfera na qual se deveria procurar a chave para a compreensão do
processo de desenvolvimento histórico da humanidade". (Karl Marx, 1869)
O Estado é constituído pela
relação da base econômica e a superestrutura jurídico-política - o Estado
propriamente dito. O Estado é tutelado por uma classe e esta classe no
capitalismo é a burguesia. Governantes são aqueles que por diversas vias
assumem o papel de administrar politicamente, e assim
como o legislativo compreende a criação de leis que garantam a imposição como
direito da classe dominante como se fosse da vontade geral. O
judiciário, o exército e todo o tipo de polícia servem para salvaguardar a
propriedade privada e o capital da classe no poder. O Estado é a organização
que além de ter o monopólio da violência, garante os interesses da burguesia
que é proprietária dos meios de produção mais importantes e o poder de classe
sobre as demais classes da sociedade, principalmente sobre a classe mais
numerosa que é a classe trabalhadora. Isto se chama, ditadura burguesa, a
supremacia da classe burguesa sobre as demais classes.
A imprensa, hoje, é o cabedal
mais importante que a classe dominante tem para recalcar ideologia e
concretizar uma forte hegemonia sobre a sociedade. Aí está o exercício
coercitivo como forma de manipulação subjetiva com o fim de naturalização do
domínio do capital nas relações pessoais da população, concretizando uma alienação na população, impondo uma vida simplesmente
irrefletidas ao coletivo social que acaba mobilizado por um senso comum, que
apenas consegue formar opiniões, que é uma visão superficial, apenas uma
aparência do real ficando circunscritas no espaço e no tempo que interessa a
classe dominante.
O processo
eleitoral é colocado e apresentado como único caminho admitido e legitimado à
sociedade civil, o voto direto como forma indireta de participação e que
sustenta a democracia burguesa nesse limite. Propiciando o controle das
disputas ilusórias entre os partidos da ordem, apenas por projetos que se
assemelham, no máximo a polarização aceita tem que acontecer entre setores em
“divergências pontuais” da própria burguesia.
Se, for o caso, de uma novidade
realmente “estranha”, de exceção se instalar, uma tática e estratégica
totalmente fora dos parâmetros toleráveis, como é o caso da Venezuela, onde o
Estado toma formatos e contornos contraditórios pela própria constituição
perversa e atrasada da burguesia venezuelana de minoria branca-loirinha que era
gigolô do petróleo, que criou benefícios, extravagâncias glamorosas,
modernização e privilégios sofisticados para a classe dominante, deixando a
maioria do povo venezuelano que é mestiço, na penúria: sem saúde pública,
educação, transporte e sem nenhum direito constitucional à cidadania, nem mesmo
tinham direito a carteira de identidade. Somente quem tinha acesso aos serviços
de saúde e educação plenos era quem podia pagar. Um país que importava toda a produção
agrícola e, podemos dizer que a produção agrícola era muito pequena, ínfima
diante da necessidade da população e setor industrial muito limitado, a
indústria predominante era a relacionada à produção do petróleo, como a
petroquímica.
Nesse caso, o Estado precisava
fazer determinados movimentos para instituir, um sistema de saúde universal,
sistema educacional amplo, de transporte coletivo, incentivar setores da
burguesia a investirem na industrialização e na produção agricultura para
diversificá-las e ampliá-las. Um sistema eleitoral decente que evitasse as
fraudes costumeiras, pois na Venezuela até os mortos votavam, e várias vezes na
mesma eleição. A necessidade foi estabelecer a superestrutura do Estado burguês
que a própria burguesia engessou, negligenciou diante da maioria, em um estado
autoritário movido a petróleo, mantiveram com desdém fascista uma estrutura que
lhe garantissem a prerrogativa única de privilégios como direitos e autoridade,
privando a maioria da população de direitos legítimos à cidadania. Era o Estado
mínimo autoritário da minoria branca.
A burguesia petroleira contraia o
povo em tamanha arbitrariedade de interesses. O advento Chávez foi uma afronta
para a burguesia venezuelana. Um intento radical, que a revolução bolivariana
com Chávez teve o peito de fazer reformas consideradas radicais, vê-se que foi
uma estruturação dentro dos marcos a propriedade privada e do capitalismo,
causou e causa grandes polêmicas e provocou uma reação de caráter terrorista
por parte das elites.
No Brasil é diferente temos um
capitalismo avançado, bem estruturado com instituições fortes que abriga,
também, o poder de criar privilégios (refiro-me a corrupção), pelo Estado
mínimo de Collor, FHC-PSDB e o PT-Lula-Dilma não fez diferente, manteve as instituições
intactas e as privatizações, empresas terceirizadas, a precarização dos
direitos trabalhistas, como forma e a seu jeito, de unir o "útil" ao
agradável, calcado em uma aliança política ampla geral e irrestrita como forma
de agradar os burgueses, a saber, implantou o projeto liberal reformista, bem
diferente do reformismo bolivariano por conta das diferenças do dois Estados
burguês e formação com que cada um se constituiu.
O reformismo do PT se estabeleceu
por uma conciliação de classes reivindicada pela burguesia desde o governo Sarney.
A proposta da burguesia era uma conciliação negociada entre a classe burguesa e
a classe trabalhadora em trono o argumento da necessidade de desenvolvimento
Brasil, no pós-ditadura militar, isto é: uma negociação entre o governo e os
sindicatos, movimentos sociais e não teve acordo, não aconteceu o "PACTO SOCIAL" reivindicado pelos
ricos, só vingou e sem negociação quando o PT aprendeu a ganhar eleições com os
partidos burgueses, através concessão de princípios adquiridos capitulando para
empresários e partidos burgueses como o PMDB e PP, o que concretizou a maior
traição sobre a classe trabalhadora brasileira e suas lutas e conquistas. Ao chegar
no governo, aparelhou, aliciou a maioria dos sindicatos e movimentos sociais,
até mesmo o MST, para os interesses do governo com o objetivo de deixar a
classe trabalhadora na passividade para manter a ordem desejada pela burguesia.
Hoje, depois desse quadro
eleitoral polarizado entre o projeto conservador da burguesia truculenta que
aécio representa e o outro setor da burguesia que é a favor da paz dos
cemitérios apostou no PT, mas esse apoio já não é mais tão forte, a liga está
frágil, se vê pelo boicote, principalmente pela bancada do PMDB - base aliada
do governo, ao tímido projeto de participação social que o governo mandou para
o congresso e que agora vai para o senado. O PT está com a faca no pescoço, a
burguesia não está mais a fim deste reformismo e, esse projeto está fazendo
água desde o primeiro mandato da dilma, a burguesia quer o monopólio da
corrupção, do governo e de todas as instâncias produtivas. Colocar o
capitalismo de rapina a funcionar a todo o vapor, nada de capitalismo com descontinho.
O PT está deixando uma estrutura interessante
para a burguesia, abriu um leque de opções mercadológicas que pode fazer do
Brasil um país de caráter imperialista na América Latina, um sub-imperialismo,
tão sonhado pela burguesia subalterna brasileira, o que deixaria satisfeitos os
norte-americanos dos EUA. O Brasil se tornaria o lugar de onde partiria com
muita força e dinamismo uma conspiração contra os governos bolivarianos e uma
reorganização para tomar posse de recurso naturais importantes, matérias primas
e do petróleo venezuelano, o qual os EUA, não tem mais controle e privilégios,
entra ai o grande manancial hídrico do Brasil e a biodiversidade amazônica e
pré-sal. Diga-se de passagem, esta biodiversidade está rodeada por bases do imperialismo
estadunidense, no países de língua espanhola como a Colômbia. Sem falar na 4ª
frota rondando o pré-sal.
Depois destas considerações, é
importante entender que não há possibilidade de nutrir ilusão de que o PT venha
reagir contra esse processo de rejeição da burguesia, pois necessitaria
organizar o povo com propostas bem radicais e um esforço tremendo na
mobilização e participação do povo trabalhador. O PT vai entregar os pontos,
vai baixar as calças até os calcanhares para alegria da burguesia. O Status Qo
está tramando com energia, percebam que nos EUA, há grande movimentação no
governo Obama e dos donos do capital, um verdadeiro alvoroço a dimensões não
imaginada pela classe trabalhadora do Brasil. Um grande descontentamento e
repúdio se move contra o governo PTista no Estado brasileiro. Para finalizar, o
PT, não sai dessa ileso, lembre-se nesses 12 anos de governo do PT, o principal
destino da burguesia brasileira foi os EUA. O PT fortaleceu o poder da
burguesia, deu uma grande lição, aperfeiçoou a burguesia ao fazer das demandas
políticas dos trabalhadores, mercadoria.
Entre os deputados federais eleitos pelo PT, 8 integram a bancada empresarial, 4 a religiosa e pelo menos 3 a ruralista. Isso evidencia que os governos do PT vão além da simples colaboração de classes, mas que são já parte integrante do regime. Não enfrentarão a burguesia não por falta de coragem mas porque isso significaria enfrentar os interesses dos próprios companheiros catapultados a empresários, consultores, gestores de fundos de pensão, logo, burgueses, especuladores e sócios da grande burguesia nacional e internacional (os fundos de pensão participam dos consórcios das privatizações). O próprio Guilherme Boulos, do MTST, tem denunciado que alguns companheiros estão ganhando com a gestão da especulação imobiliária no país. Em suma, o PT é um partido da ordem como qualquer outro e é dessa forma que deve ser encarado e combatido por aqueles que buscam transformações sociais profundas.
ResponderExcluirMuito boa a tua analise Jorginho. Postei no facebook. Falando nisso: tens Facebook?
ExcluirSensacional
ResponderExcluirMUITO BOM!
ResponderExcluir