Caracas, 15 de out. 2010, Tribuna Popular TP/Editorial Tribuna Popular Nº 180.- É certo que já passou o 26 de setembro. Já passaram as eleições parlamentares. Passou a campanha eleitoral. Passaram os tambores e os pratos. Porém, é certo também que a batalha política, ideológica e de massas continua.
A etapa do processo revolucionário venezuelano, que começou em 1998, está fortemente marcada – com avanços e retrocessos, gostemos ou não – pelos processos eleitorais.
Esta característica não é produto da vontade de ninguém em particular. É produto das condições específicas da Venezuela.
A atual fragilidade da revolução bolivariana está vinculada, justamente, ao marco da democracia liberal burguesa, na qual se desenvolve.
Esta experiência revolucionária em que avança nosso povo, pode perder-se. Não somente por conta de tropas estrangeiras, mas numa eleição regional, parlamentar ou presidencial.
O grave não é a possibilidade de perder uma eleição como essa, porque significaria que a perda se deu a favor da vontade popular. No entanto, esta vontade popular conta com importantes níveis de influência das forças reacionárias e de seus meios de manipulação de massas.
É grave, inclusive, que muito desta vontade popular se perdeu por erros próprios das chamadas forças do processo e por deficientes, burocratas e corruptas gestões governamentais.
É grave, inclusive, que a prostituição dos termos Socialismo e Socialista – mediante seu uso indiscriminado para se referir a um momento político e a ações de governo, que não cabem em tais conceitos – pode levar à decepção, à frustração desta vontade popular, fazendo com que a mesma passe a apoiar caminhos anti-populares.
O problema maior não são as eleições – inclusive, as de tipo liberal burguesa, que continuam acontecendo na Venezuela –, mas sim a estrutura do Estado, que segue sendo burguês.
Na mesma medida em que muda o Estado venezuelano – que é muito mais que o governo –, mudará o sistema eleitoral.
Nesta discussão, é necessário ter clareza de que o sistema eleitoral não é mais ou menos automatizado, não é o mais ou menos passível a uma auditoria, não é mais ou menos fidedigno da vontade popular.
O sistema eleitoral será realmente democrático na mesma medida em que esteja liberto das diversas formas de influência da burguesia, das forças internacionais reacionárias e de seus valores capitalistas.
Por isso, a batalha pelo aprofundamento da revolução deve continuar. Deve avançar organizada, coordenada e coesa nas ações para a liquidação do Estado burguês e pela construção do Estado democrático e popular. Deve substituir a estrutura e as formas de gestão da democracia liberal pelo Poder Popular.
Por isso, é de maior relevância a necessidade da reiterada cobrança expressa pelo PCV – e que o Presidente Chávez interpretou mediante sua proposta do Pólo Patriótico – de avançar na articulação das forças democráticas, progressistas e revolucionárias para constituir um espaço permanente de coordenação de políticas, uma estrutura orgânica não conjuntural nem restrita ao âmbito eleitoral, «com visão estratégica caracterizada por uma dinâmica interna, que estimule a discussão política e ideológica de fundo, e que favoreça a participação equitativa e democrática das forças revolucionárias em seu nível respectivo, respondendo ao princípio da “unidade na diversidade”».
Uma grande frente anti-imperialista e pela construção do novo Estado, estruturado em todos os níveis e frentes sociais.
Em definitivo, a expressão político-organizativa do germe da direção coletiva da Revolução venezuelana.
Ainda dá tempo. Façamos todos os esforços necessários para cumprir o que é uma necessidade histórica e um pedido popular.
Para esta e todas as tarefas por vir, o povo venezuelano e a revolução bolivariana poderão seguir contando com o Partido Comunista.
Fonte: Tribuna Popular Impressa Nº 180
Tradução: Maria Fernanda M. Scelza
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