"Uma entrevista de Fidel Castro ao jornalista Jeffrey Goldberg da revista norte-americana The Atlantic obteve imediata e ampla difusão nos EUA e na União Europeia. As declarações do dirigente cubano, deformadas e manipuladas por órgãos de comunicação como 'El Pais' e pelas agências noticiosas internacionais, foram recebidas com surpresa e preocupação por partidos e organizações progressistas solidários com a Revolução Cubana". Artigo do blog O Diário.Info.
Nessa entrevista — somente a primeira parte foi publicada no blog de Goldberg — Fidel emite uma opinião que se prestou a interpretações capciosas ao afirmar que "o modelo já não funciona sequer para nós" quando lhe perguntaram se a experiência cubana era aplicável noutros países.
Fidel, obviamente, não pôs em causa a opção revolucionária e socialista de Cuba, mas ao relacionar o mau desempenho da economia, em consequência do bloqueio, com uma intervenção excessiva do Estado na condução do processo, abriu a porta a uma onda de especulações venenosas nos media anti-comunistas.
O mesmo acorreu por ter assumido uma posição crítica perante o discurso do presidente do Irã sobre o Estado sionista de Israel ao sugerir que "deixe de difamar os judeus".
Como era de esperar essas declarações foram recebidas com agrado de Washington a Berlim e Tóquio, e apareceram com destaque nas primeiras paginas de jornais que sempre demonizaram o líder cubano.
Poucos homens no século 20 contribuíram tanto como Fidel Castro, pela palavra e pela acção, para o avanço das lutas revolucionárias no chamado Terceiro Mundo. A resistência da Revolução Cubana ao cerco e agressão imperialista demonstraram que um pequeno povo, hostilizado pela mais poderosa potência mundial, podia construir o seu próprio futuro seguindo o caminho do socialismo.
Simultaneamente a solidariedade de Cuba com a luta do povo angolano agredido pela África do Sul racista deixou memória como epopeia que apressou o fim do apartheid. Não há precedente também para o nível da cooperação assumida por dezenas de milhares de cubanos (médicos, enfermeiros, agrónomos, professores, engenheiros, etc.) em países da América Latina, da África e da Ásia.
A participação pessoal de Fidel nessa gesta internacionalista é reconhecida pelos seus próprios inimigos.
Foi uma grave doença que levou Fidel Castro a renunciar à Presidência do Conselho de Estado, transferida para seu irmão, o general Raul Castro. Afastado do Governo, continuou, porem, a ser o primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba.
Precisamente por isso, as "Reflexões" que passou a escrever quando o seu estado de saúde melhorou foram sempre amplamente divulgadas em dezenas de países e com frequência alvo de interpretações perversas.
Nas últimas semanas, sublinhando estar plenamente recuperado, apareceu em público, escreveu muitos artigos e concedeu entrevistas sobre temas de atualidade.
Expôs-se excessivamente e a ambiguidade de algumas das polêmicas posições que assumiu não está a favorecer a imagem da Revolução Cubana.
Fidel Castro ganhou um lugar definitivo na Historia como herói da humanidade. Mas está, como qualquer ser humano, condicionado pela lei da vida. Mais de uma vez lembrou que as grandes revoluções somente se cumprem quando a transição das gerações se processa harmoniosamente.
Os milhões de amigos da Revolução Cubana, mundo afora, com ela solidários, esperam que a nova geração possa na Ilha dar continuidade à saga dos revolucionários de Moncada e do "Granma", liderada por Fidel.
Está anunciado para data próxima, a fixar, o VI Congresso – o V realizou-se há 13 anos - do Partido Comunista de Cuba. A ele cabe abrir as alamedas do futuro para defesa e continuidade da Revolução.
A homenagem que prestará ao continuador de Martí e Bolívar dará força de evidência à certeza de que nos partidos comunistas é o grande colectivo dos militantes que, transcendendo a grandeza dos dirigentes, seres mortais, assegura a permanência do projecto revolucionário e dos seus princípios e valores.
*Jeffrey Goldberg, um fiel propagandista do sionismo, é um dos jornalistas que contribuiu para o embuste das “armas de destruição em massa” no Iraque.
Fonte: O Diário.Info
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