Em entrevista exclusiva, Mészáros ataca capital financeiro e governos, e enfatiza papel da educação rumo ao socialismo
Igor Felippe Santos e Miguel Enrique Stedile
A articulação do capital financeiro com os países mais poderosos de toda a história da civilização ocidental ameaça o futuro da humanidade pelo nível de exploração da natureza. O motor do desenvolvimento que sustentava a superioridade do capitalismo sobre os outros modos de produção, o conceito de “destruição produtiva” criado pelos economistas neoliberais, sofreu uma mudança estrutural que o deixou do avesso. Atualmente, o sistema capitalista avança por meio de uma “produção destrutiva”.
“A maneira como o sistema capitalista opera hoje, sob o domínio do capital financeiro destrutivo e com apoio de poderosos governos, está nos levando à destruição. Temos que nos opor fundamentalmente a isso”, defende o pensador húngaro István Mészáros, professor emérito da universidade de Sussex, na Inglaterra, designado o principal intelectual marxista da atualidade.
Nascido em Budapeste, em 1930, o autor de “A teoria da alienação em Marx” (1970), “O poder da ideologia” (1989) e de “Para além do capital - Rumo a uma teoria da transição” (1995), publicados no Brasil pela editora Boitempo, visitou a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), na cidade de Guararema (SP), em novembro.
Mészáros recebeu uma homenagem do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) pela importância da sua obra para a compreensão da sociedade contemporânea e pela contribuição na luta socialista. Na escola, ele plantou uma árvore de mogno para deixar a marca da sua visita.
“Considero o Movimento Sem Terra muito importante para o futuro por uma característica particular. Eu escrevo muito sobre a necessidade de uma aliança substantiva, não formal, e o movimento é uma manifestação muito clara e importante dessa aliança, que é o futuro”, declarou o pensador na cerimônia. Depois da atividade,
A seguir, trechos do depoimento do pensador. Leia a versão integral da entrevista exclusiva de István Mészáros na Revista Sem Terra.
CAPITAL E GOVERNOS
O capital financeiro tem o poder de governos e os governos poderosos apóiam o grande capital. Se você olhar ao redor do mundo, todos os governos neoliberais estão do lado do grande capital. A única saída é resistir por meio de um modelo que garanta o futuro, preserve o meio ambiente e a terra, em vez da destruição do planeta onde vivemos. Temos que nos opor fundamentalmente a isso. O MST é diferente disso, não causa destruição e está construindo. Não envenena a terra e respeita o ciclo de produção natural.
AGRICULTURA
“O grande capital domina o agronegócio e produz destruição, porque a sua única razão é o lucro. Destrói florestas e tantas outras coisas, inclusive com o uso de venenos químicos que se coloca na terra. O futuro e a sobrevivência humana dependem da resistência ao poder financeiro do grande capital nesse campo”
CIRCULO VICIOSO
“Nunca houve um sistema de produção na história da terra que possa remotamente ser comparado ao desperdício da economia capitalista. Não há futuro nisso, que só pode durar por um curto período”
MOVIMENTO DE MASSA
“Precisamos de um grande movimento de massa. Não pequenos movimentos e movimentos que brigam entre si, por pequenas divisões sectárias que não conseguem nada. É preciso um grande movimento de massa, educação e modelo viável de produção, uma forma de vida sustentável”
ISBN: 1516-0629-41
Número de páginas: 62
Preço: R$ 7,00
Publicamos nesta edição uma entrevista exclusiva com o pensador húngaro István Mészáros, professor emérito da universidade de Sussex, na Inglaterra, designado o principal intelectual marxista da atualidade, que analisa como a articulação do capital financeiro com os países mais poderosos de toda a história da civilização ocidental ameaça o futuro da humanidade pelo nível de exploração da natureza.
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Revista Sem Terra* - número 43 Jan-Fev/ 2008
Foto de capa: Sem Terrinha durante ato ecumênico em Santa Tereza do Oeste (PR), em memória a Valmir Mota de Oliveira, o Keno, morto por pistoleiros em outubro de 2007 num acampamento da Via Campesina montado na sede da Syngenta
ÍNDICE
Editorial - Viva os impostos!
ENTREVISTA
Roberto Baggio, da Direção Nacional do MST, faz balanço da Reforma Agrária e do cenário político - Por Beatriz Pasqualino e Gisele Barbieri
POLÍTICA
O aquecimento global como um grande negócio - por Patrícia Benvenuti
Governo inicia privatização da Amazônia - Por Juliano Domingues
Nunca estivemos tão participativos - Por Ermínia Maricato
INTERNACIONAL
Em entrevista, István Mészáros diz que capitalismo ameaça futuro da humanidade - Por Igor Felippe Santos e Miguel Enrique Stedile
MST
Pequenos produtores esfriam o planeta - Por Via Campesina
CULTURA
O legado de Mestre Pastinha na capoeira angola - Por Paulo Andrade Magalhães Filho
Jongo: mais que uma dança - Por Rebecca de Luna Guidi
Crônica do trabalhador: O campo e a cidade - Por Wladyr Nader
RESENHA
Que tipo de República? - Por Heloísa Fernandes
EM PAUTAEm entrevista, ex-craque Zé Maria fala sobre esporte e inclusão social - Por Régis Nascimento
ESTUDO
Golpes e contragolpes na Venezuela - Por Marta Harnecker
ENTRELINHAS
MUNDO
Em 2008, sorrir lutando e lutar sorrindo – Por Pietro Lora Alarcón
MOVIMENTOS SOCIAIS: Trabalhadoras domésticas em luta por políticas públicas – Por Creuza Oliveira
CULTURA: Pela Educação, Pedagogia e Cultura - Por Augusto Boal
BALAIO
HUMOR
Ohi
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