O documento foi alterado na citação de K. Marx e F. Engels. A tradução do livro "Ideologia Alemã", da qual a retirei era péssima. Com relação ao conteúdo do texto, não pretendo fazer maiores alterações, pois não corresponde a nenhum equívoco, desvio ou intuito de desqualificar, acusar o marxismo de dogmático ou reivindicar sua revisão. Quanto aos partidos, como se já não fossem mais instrumentos adequados para a luta política etc. Cabe a ressalva que os partidos, não, por sua incompetência ou erros perderam os espaço para a mídia, o problema é como resgatá-los. Em nada, no artigo, atinge a concepção de luta de classes, somente devemos avaliar o tempo e espaço da luta social e nos inserirmos nela, compreendermos com clareza que estamos participando de uma ruptura histórica sem precedentes. Devemos inaugurar uma nova forma de fazer política sem conciliação, neutralidade e pragmatismo, que é peculiar dos reformistas e do oportunismo.
Espero receber mais críticas. Parafraseando, meu querido amigo Geraldo Gasparim: o exercício da desconstrução, reconstrução e construção (o artigo tem esta busca) das nossas ações teórico-práticas vivenciando uma humilde e profunda autocrítica. Assim devemos ser com nossos textos, submetê-los a crítica mais enérgica.
Um abraço fraterno a todos,
Runildo Pinto
"Pátria ou Morte!"-> "Venceremos!"-> "Até a Vitória!"
, por Runildo Pinto
“Até o presente os homens sempre fizeram falsas representações sobre si mesmos, sobre o que são ou deveriam ser. Organizaram suas relações em função de representações que faziam de Deus, do homem normal etc. Os produtos de sua cabeça acabaram por se impor à sua própria cabeça. Eles, os criadores, renderam-se às suas próprias criações. Libertemo-los, pois, das quimeras, das idéias, dos dogmas, dos seres imaginários, sob o jugo dos quais definham. Revoltemo-nos contra este predomínio dos pensamentos. Ensinemos os homens a substituir estas fantasias por pensamentos que correspondem à essência do homem, diz um, a comportar-se criticamente para com elas, diz o outro; a expurgá-las do cérebro, diz um terceiro – e a realidade existente cairá por terra.” (in a Ideologia Alemã – K. Marx e F. Engels, do Prefácio. Sexta Edição – Editora HUCITEC - São Paulo, 1987)
Quando o sociólogo Octavio Ianni afirmou que a globalização tinha transformado cada indivíduo em cidadão do mundo, a esquerda incorporou um sentimento de indignação. Mas o professor deixou claro que esta característica do globalismo, não é uma questão de enxergar o lado bom das coisas. O aspecto a ser verificado é que em cada modelo aplicado à sociedade pelo capitalismo vem embutido a sua contradição, a sua antítese. É uma realidade fascinante que impulsionou uma dinâmica fantástica. O problema é que as relações transnacionais vieram de cima para baixo, e a luta das populações deve ser numa perspectiva de inverter este processo.
No tempo e espaço contemporâneos, permeia um processo amplo e de diversificação nunca visto antes na história. A revolução técnico-científica alavancou o neoliberalismo e desmembrou o quadro do habitat humano, antes desdobrado em conceitos totalizantes, passando a ter aspectos particularizados, seja na tecnologia, na antropologia, na economia, na cultura, na política; em todo o campo de ação da vida no planeta. A pulverização propiciou a perda de referências nitidamente estabelecidas, como a do nacionalismo, alterando as relações inter-humanas e, mais uma vez, dividindo a mão-de-obra trabalhadora com tecnologia e capital especulativo, num ambiente cultural e socialmente de caráter pós-moderno.
A ciência não é controlada pelo estado e muito menos existe uma comunidade científica autônoma. Quem domina o conhecimento são as grandes corporações empresariais, em qualquer área. A perspectiva humana e a reprodução da vida no planeta tornam-se limitadíssimas. Os gens, dna de todos os seres vivos do planeta são de propriedade das grandes empresas. Visando atrair lucros cada vez maiores, injetam e/ou alteram elementos químicos e seres vivos em proporções altamente destrutivas à vida humana. Para isso, utilizam-se do poder, operando mídias e dobrando governos, satisfazendo, assim, os seus interesses.
Os paradigmas, sejam individuais ou coletivos da sociedade, são reciclados através da visão de mercado das grandes empresas, utilizando os meios de comunicações mais sofisticados, recriando hegemonias de acordo com os interesses do momento. Maquiavel, projetando no Príncipe a figura do estadista quando talentosa, reunia virtuo e fortuna, e em torno destes formava opinião no seio da sociedade. Gramsci elaborou o moderno Príncipe: o partido político combinado com o caráter do estadista, desvendando as opiniões dos cidadãos. Hoje, esse lugar foi ocupado pelo Príncipe Eletrônico. O contemporâneo novo Príncipe, nem foi imaginado por Maquiavel ou Gramsci, que faz e desfaz a sociedade. O Príncipe midiático consegue manipular o conteúdo do pensamento humano, com audácia e sutileza “...misturando informação e interpretação a pretexto de entretenimento". Isto quer dizer que a mídia, ao apresentar seus programas e notícias, trás implícita "...o contrabando da interpretação". E as corporações definem o que deve ser divulgado ou não. As informações não são apresentadas em sua riqueza. Os meios divulgam certas informações, porém outras também importantes ou mais, não são veiculadas.
As pessoas estão no mundo vivendo e sofrendo as conseqüências dessa "razão mercadológica". Temos esperança pois nem mesmo o cárcere conseguiu tirar a liberdade e a criatividade de Antônio Gramsci. A humanidade tem o seu desafio em sua labuta diária, dando sinais de resistência, enxergando as frestas deixadas pelo sistema. Como em Seatle, Gênova, o recente conflito na Alemanha contra a reunião do G8. Mais concretamente em governos como de Hugo Chavez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Mahmood Ahmadi-Najad no Iran, a persistente ilha de Cuba e a oportuna criação da ALBA( Alternativa Bolivariana para as Américas). A realidade revela que determinadas organizações e movimentos dos de baixo devem ser reciclados ou reinventados como: Sindicatos, Associações de Moradores de Bairro e Vilas, Sem Teto, Sem Emprego. Movimentos novos surgirão, assim como os Círculos Bolivarianos. Há os que já tem uma dinâmica própria como Movimentos dos Sem Terra-Via Campesina e movimentos guerrilheiros como as FARC-EP na Colômbia, EZLN no México e a resistência do povo Iraquiano e Palestino. Alinhados em unidade, com a proposta de criar uma coordenação única para cada frente em seus respectivos estados, países e continentes. A luta no espaço temporal abrangente deve adquirir proporções mundiais, em geral por fora das instituições governamentais, de forma autônoma-programática, com práticas específicas para cada situação geopolítica. Seria necessário, também, desenvolver mídias alternativas como internet, rádios e tv's comunitárias para melhor fazer frente às necessidades globais de luta contra o capital hegemônico.
Referências Bibliográficas:
Ianni, Octavio – Príncipe Eletrônico.
______________Enigmas da Modernidade.
Gramsci, Antônio – Maquiavel, a política e o Estado moderno .
________________Cartas do Cárcere.
Porto Alegre, 11 de julho do ano 2007
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